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O sonho de consumo de colocar silicone nos seios para muitas mulheres está cada dia mais acessível. Dados da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética) mostram que o Brasil é o segundo país que mais realiza plásticas no mundo, atrás apenas dos EUA, e o implante de silicone é um dos procedimentos mais realizados. O cirurgião plástico e membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) Fernando de Almeida Prado afirma que a cirurgia plástica bem sucedida ajuda a melhorar a autoestima, mas não devem ser vistas como ideal para a vida.
— A cirurgia plástica está aliada à mudança de vida e à filosofia de fazer as coisas diferentes. Mas a pessoa não deve pensar que o procedimento vai mudar todos os problemas. Um bom exemplo são pessoas que fazem lipoaspiração achando que vão emagrecer.
A possibilidade de parcelar o pagamento e até combinar “pacotões” com outros procedimentos estéticos impulsionam o número de cirurgias, o que também aumentam as possibilidades de golpes e erros médicos, que traumatizam diversas pacientes. O especialista recomenda que os pacientes pesquisem o histórico do profissional para evitar futuros desgostos, pois não existe nenhuma norma que proíba a realização de implantes de silicone por médicos não credenciados.
— Se um médico oferece um “pacotão” muito barato, desconfie. A paciente tem que observar o médico, analisar, buscar a carreira dele, procurar informações no CRM (Conselho Regional de Medicina), saber se ele tem processo. Além disso, é preciso sentir segurança e perguntar à vontade. Isso diminui possibilidade de ter problema. A informação é a melhor arma do paciente.
Em meio a tantas notícias de próteses de silicone que dão problemas, surgem questões sobre a segurança da cirurgia e suas possíveis complicações. Veja a seguir mitos e verdades sobre a cirurgia e esclareça suas dúvidas:Montagem/ R7
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Implante de silicone diminui a sensibilidade dos seios. MITO.
De acordo com o cirurgião plástico, o que pode diminuir a sensibilidade das mamas não é o implante de silicone, e sim o tipo de descolamento realizado.
— Normalmente ocorre diminuição ou aumento da sensibilidade das aréolas durante os primeiros seis a oito meses. Algumas pacientes chegam a se incomodar até com o roçar da camiseta. Depois desse período, volta à normalidadeGetty Images
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A prótese atrapalha a mamografia. MITO.
O especialista explica que a mamografia pode ser feita em pacientes que tenham implantes de silicone tanto embaixo da glândula como abaixo do músculo, sem prejudicar a visualização da prótese ou de possíveis lesões na mama. Porém, é importante que o técnico seja informado sobre a existência do silicone para realizar a chamada “manobra de Eklund”, em que traciona a mama para expor ao raio-x apenas o tecido mamário. Outro dado relevante é que implante de silicone não constitui fato de risco para o desenvolvimento de câncer de mamaThinkstock
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Silicone atrapalha a amamentação. DEPENDE.
O cirurgião plástico explica que depende de cada caso. Se o profissional trabalhar bem a pele da paciente e se o implante for colocado pela axila, é possível preservar 100% da capacidade de amamentação. Já se for colocado pela aureola, a diminuição é de 15%.
— Isso depende de várias situações. Se você pega a mama depois de uma paciente de perdeu 50 kg, por exemplo, a mama dela está destruída. Então, fica mais difícil trabalhar essa pele e preservar 100% da amamentação. Mas o normal é amamentar normalmente. Outro ponto importante é que nem todas as mulheres tem predisposição para amamentarGetty Images
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Silicone não tem validade. MAIS OU MENOS.
Embora os implantes não tenham vida útil estipulada, as fabricantes definem atualmente um período médio de dez anos. Muitas mulheres acabam esquecendo as recomendações medicas e só voltam a procurar um especialista quando surge algum problema, sintomas de complicações. O ideal é que, após dez anos, o acompanhamento seja anual e que sejam feitos exames de ressonância magnética a cada dois anos. O procedimento tem boa sensibilidade para detectar rupturasThinkstock
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As próteses podem ser romper e vazar dentro do corpo. MITO.
As próteses utilizadas no Brasil são feitas de gel coesivo (espécie de gelatina consistente). Se cortadas ou rompidas, o conteúdo não escorre. Não há risco, esclarece o cirurgião plásticoReprodução/ Silimed
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Paciente com tendência à queloide não pode fazer cirurgia plástica. MITO.
Pessoas com tendência a formar queloide [cicatriz com relevo] podem fazer cirurgias plásticas, mas devem alertar o profissional para que tenha mais cuidado durante a finalização da cirurgia. Segundo Prado, algumas regiões do corpo, como o externo — região localizada na parte superior do tórax — têm mais chances de formar esse tipo de cicatriz.
— O paciente tem que avisar o médico para que não se forme mais queloides, que é um problema de pele. Cada vez mais é mais difícil formar a cicatriz devido à evolução do fio, que faz melhor sutura. Pode acontecer de ter uma marca maior, mas depois pode ser tratadaThinkStock
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Silicone no bumbum fica artificial. MITO.
Prado afirma que era comum os cirurgiões plásticos colocarem os implantes de silicone nos glúteos por cima do músculo porque não havia plano adequado. Geralmente, o resultado ficava muito aparente e artificial. Mas, hoje em dia, o protocolo mudou. Segundo o especialista, o implante de glúteo foi o tipo de cirurgia que mais cresceu nos últimos anos.
— Atualmente, coloca-se próteses, mesmo maiores, por dentro do músculo e o resultado fica bom. Mas é importante ressaltar que o paciente deve fazer acompanhamento do implante com tomografia. Não existe regra como no implante nas mamas, mas o ideal é fazer exames a cada dois anosReprodução (Izismile)
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Se trocar a próteses, a cicatriz fica maior. MITO.
Uma paciente que quiser trocar a prótese pode refazer a cirurgia pela mesma cicatriz. Mas Prado faz ressalvas quanto ao procedimento.
— Cirurgia plástica não é só beleza, também é saúde. Então, não deve ser feita toda hora porque, em algum momento, vai dar problema. Quanto à cicatriz, é possível usar mesma porque o profissional vai tirar as dobras daquela cicatriz para fazer uma novaThinkstock
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Adolescente pode colocar silicone. VERDADE.
Adolescentes podem fazer cirurgias estéticas, desde que tenham indicação médica ou o crescimento consolidado, explica Prado.
— Geralmente, a partir dos 17 anos. O paciente precisa fazer exame com endocrinologista para saber se cresceu o suficiente. Mas há casos e casos. Uma paciente de 16 anos, por exemplo, com um peito grande e caído e outro pequeno, precisa fazer uma cirurgia porque ela fica complexada. Outra de 13 anos pode ter indicação de ortopedista para diminuir os seios por causa de dor nas costas. Um garoto com uma perna fina e outra normal, pode receber implante na panturrilha e assim por dianteThinkstock
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O mais indicado é colocar prótese pela axila. MITO.
Segundo Prado, a incisão vai depender de vários fatores.
— Os implantes podem ser colocados pela auréola, embaixo da aureola ou intra-mamária, com a colocação de qualquer tamanho de prótese. E independentemente do local da incisão é possível deixar a cicatriz dique bem disfarçada. Já em relação á dor, se o implante for colocado embaixo do músculo a recuperação é mais doloridaThinkstock
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Tem que trocar a prótese a cada 10 anos. MITO.
Não há prazo específico para a troca, segundo o cirurgião plástico. Como as próteses atuais são mais resistentes e seguras, dificilmente se deve trocar antes de 15 anos. É possível usá-las indefinitivamente, pelo tempo em que estiverem integras, mas sempre acompanhando com exames, explica PradoThinkstock
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Brasileira gosta de seios grandes. DEPENDE.
O especialista afirma que o padrão de beleza da mulher brasileira mudou. Hoje, ela quer um seio maior, mas isso não é regra.
— Nos anos 1980, as próteses mais usadas eram de 140 ml e 180 ml. O volume passou para 200 ml na década seguinte. Nos anos 2000, a média era de 300 ml e 350 ml, mas já aumentou. Atualmente, apesar de maiores, os seios têm aspecto mais natural.
Dependente da região do Brasil e até dentro de algumas cidades, o tamanho varia bastante. Levantamento da fabricante de implantes Silimed mostra que, só no Rio de Janeiro, por exemplo, moradoras da zona sul, como Leblon, Ipanema e Copacabana, preferem próteses menores e com aspecto mais natural. Já na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, as mulheres preferem seios mais volumosos e redondosShutterstock/Karramba Production
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É possível reduzir o seio e colocar silicone. VERDADE.
O cirurgião plástico explica que, em alguns casos, a paciente consegue apenas diminuir o seio, sem precisar de implante. Mas, caso a paciente queira ou o tipo de pele da região não for boa, é necessário colocar silicone para melhorar o resultado da cirurgia.
— Se o tecido mamário for de qualidade ruim, é aconselhável colocar implante na mama. As mamas são feitas de glândulas e gordura. Se tiver mais glândula, o tecido tem mais qualidade. E há outros fatores que interferem também, como pele envelhecida, estrias, flacidez etcAP Photo
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Implante de silicone tem mais risco de rejeição. VERDADE.
De acordo com o especialista, os silicones mais modernos têm menos chances de serem reconhecidos como corpos estranhos pelo organismo. Hoje em dia, o risco de formar contração capsular — quando o organismo envolve o corpo estranho, como um envelope, causando dor e desconforto para a paciente —, é menor. Se isso ocorrer, é necessário trocar o implante
Fumantes devem evitar cirurgia de implante mamário. Saiba o que fazer antes de colocar siliconeThinkstock
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Paciente com implante demora para voltara a dirigir. MITO.
No geral, a recomendação é esperar cerca de dez dias para realizar tarefas cotidianas com os braços levantados, informa Prado. Porém, o implante é colocado antes do músculo, a paciente costuma sentir mais dor porque o músculo foi deslocado. Nesses casos, a recuperação é um pouco mais demorada.
— Se dor apenas a colocação de implante, deve-se recomendar pouco mais de uma semana em casa, sempre mexendo muito as pernas. Em caso de implante de silicone nos seios, é raro ter trombose e embolia, mas é importante se mexer para que ocorra tudo bem. Ela pode ir para a faculdade, trabalhar, dirigir, fazer tudo, só que mais devagar. Paciente acamada é péssimo
Veja mais mitos e verdades sobre próteses mamáriasThinkstock