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Medicina do Estilo de Vida: câncer e doenças autoimunes podem ser prevenidas com hábitos saudáveis

Câncer e doenças crônicas não transmissíveis são a causa de 72,6% de mortes no Brasil

Saúde|Do R7

Médicos defendem que hábitos saudáveis podem reverter doenças
Médicos defendem que hábitos saudáveis podem reverter doenças Médicos defendem que hábitos saudáveis podem reverter doenças

Hoje em dia, há medicamentos para quase tudo. Acostumamos a recorrer a remedinhos para aliviar dores do dia a dia, como dor de cabeça, estômago, garganta etc., e somos bombardeados de receitas médicas ao procurarmos um profissional de saúde quando temos algo mais grave. Só que isso está começando a mudar: uma parcela da classe médica defende que alimentação balanceada e exercícios físicos são capazes de reverter diversos problemas de saúde e até doenças mais graves, como as cardiovasculares e autoimunes, tomando menos remédios. Essa é a chamada Medicina do Estilo de Vida.

Esta “nova medicina” defende a prevenção como melhor forma de tratamento e reversão de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, autoimunes e demências, que são a causa de aproximadamente 72,6% de mortes no Brasil, informou o cardiologista e presidente fundador da Abrasfev (Associação Brasileira de Saúde Funcional e Estilo de Vida), Fábio dos Santos.

— O atual estilo de vida da população é inadequado. As pessoas não se alimentam bem, não praticam atividade física, não dormem direito e vivem estressadas. O mundo também está problemático, principalmente do ponto de vista ambiental. Tomas Edison [inventor da lâmpada] já dizia que o médico do futuro não daria tantos remédios, mas [trabalharia] mais com dieta e exercícios físicos. Isso em 1890, 1900. Estudos mostram que pode ocorrer redução de 80% de doenças, inclusive de câncer, apenas com mudança no estilo de vida.

Durante o congresso LifeStyle Summit Brazil, realizado na semana passada em São Paulo, o especialista citou outro exemplo de um estudo americano (Lifestyle Heart Trial) onde através de um programa de alimentação mais baseada em vegetais, redução do estresse e atividade física reduziu e reverteu até 90% da angina (dor no peito) dos pacientes. Estes pacientes tiveram 300% de melhora no fluxo das coronárias (artérias do coração) do que o grupo que não fez nada ao final de 5 anos de acompanhamento.

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Segundo a endocrinologista e nutróloga Vânia Assaly, a Medicina do Estilo de Vida começa ser mais aceita pela maioria dos médicos e profissionais de saúde, devido seu reconhecimento científico baseado em evidências.

— É muito melhor um modelo que valoriza a Saúde e educa o paciente do que apenas aquele que enxerga a Doença. O papel médico ficou, por muito tempo, mais em cuidar da doença do que preservar a saúde.

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No entanto, Santos ressalta que essa visão não é contra os tratamentos tradicionais, mas acredita que os resultados podem ser potencializados com maior prevenção de doenças.

— Nós não somos contra os tratamentos medicamentosos e cirúrgicos que salvaram e salvam milhões de vidas. O problema é que, muitas vezes, o paciente chega na consulta com o colesterol elevado e o médico apenas prescreve medicamento, sem mudar o estilo de vida dele. Os profissionais têm que ser educadores e entender o todo.

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A endocrinologista explica que, com a correria do dia a dia, as pessoas se preocupam menos com a qualidade do que comem. E isso contribui diretamente com o aparecimento de doenças ao longo da vida, inclusive de autoimunes.

— As pessoas estão malnutridas. Mesmo estando com sobrepeso, elas têm deficiência em nutrientes, que não pagam a conta de tanta pressão. Com o tempo, a gente perde a capacidade de regeneração e a doença vai se concretizando. Por isso, é preciso agir antes de a doença aparecer por completo. Quanto menor a variedade na dieta, maior o número de doenças autoimunes, por exemplo.

Para Vânia, outro ponto importante é o tipo de parto. Dados mostram relação do aumento de doenças autoimunes com as cesáreas.

— O parto normal possibilita um contato maior com flora bacteriana da mãe no canal de parto. Essa flora reconhece a história daquela família e sabe quais nutrientes são bons. Elas contam o nosso passado. Com a cesárea, não há esse reconhecimento e isso aumenta a chance da pessoa desencadear uma doença autoimune, por exemplo.

Cada indivíduo reage de forma diferente até com coisas do dia a dia, dependendo de sua sensibilidade, disse Santos.

— Uma pessoa coloca um aromatizador em casa para deixar o ambiente mais cheiroso, por exemplo. Essa substância pode não desencadear nada em uma pessoa, mas o contato agudo ou crônico pode desencadear diversas reações diferentes em uma outra pessoa. Isso demonstra um padrão individual de sensibilidade. Assim acontece com medicamentos, alimentos, etc. Precisamos entender o que é mais adequado para cada indivíduo.

Filhos sadios

A Medicina do Estilo de Vida também defende que é possível preparar futuros pais, pelo menos, nove meses antes de uma gestação. Desta forma, os filhos teriam mais chances de serem saudáveis ao longo da vida. A endocrinologista explica que, alguns vícios, como tabagismo, alcoolismo e drogas interferem na qualidade do espermatozoide que vai fecundar o óvulo.

— Não é só o óvulo e o útero que têm a responsabilidade de se encarregar da saúde daquele bebê. O espermatozoide também é um vetor de saúde. Isso é epigenética, que é como o ambiente e a atitude do indivíduo impactam na transcrição genética daquele feto, como se fosse um tricô. Eu vou construir um bom tricô se eu tiver nutrientes essenciais. O espermatozoide pode ser modificado se o homem fizer exercícios físicos e nutrição adequada antes da fecundação.

Ainda segundo o cardiologista, contaminantes ambientais podem ter consequências desastrosas para as pessoas e para o planeta.

— Nas últimas cinco décadas, a qualidade e quantidade de espermatozóides caiu em até 50-65% nas grandes cidades do mundo, segundo estudos. Não só nos homens, mas em várias espécies. Na Flórida (EUA), foi constatada infertilidade e até atrofia de órgão sexual em jacarés por causa da poluição ambiental.

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