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Morte do homem do ‘desafio do balde’ volta a chamar atenção para a ELA

Pat Quinn ajudou a popularizar a brincadeira que arrecadou fundos para a pesquisa sobre a doença em 2014; ele faleceu aos 37 anos de idade

Saúde|Brenda Marques, do R7

Pat Quinn morreu sete anos após saber que tinha ELA
Pat Quinn morreu sete anos após saber que tinha ELA Pat Quinn morreu sete anos após saber que tinha ELA

A morte de Pat Quinn, que ajudou a popularizar o desafio do balde de gelo, despertou de novo a atenção para a esclerose lateral amiotrófica (ELA). O norte-americano faleceu aos 37 anos, no último domingo (22).

Junto com seu amigo, Pete Frates, que também tinha ELA, Quinn contribuiu para viralizar na web a brincadeira que conscientizou e arrecadou milhões de dólares para a pesquisa sobre a doença rara e incurável, que destrói os neurônios motores e, como resultado, gera fraqueza muscular.

"O diagnóstico modifica a vida da pessoa rápida e irreverssivelmente. Trata-se de uma doença progressiva, incurável e fatal", afirma o neurologista Acary Souza Bulle Oliveira, professor da disciplina de neurologia e responsável pelo setor de doenças neuromusculares da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

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De acordo com ele, a primeira descrição da esclerose lateral amiotrófica ocorreu em 1869, mas a doença não recebia grande atenção por causa de sua raridade. 

Demorou mais de um século para a descoberta do primeiro medicamento que conseguiria mudar a história natural da ELA: em 1994, surgiu o riluzol, que é capaz de dar 3 meses a mais de vida para os pacientes.

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"No começo achei bobeira. Mas ele foi catalizador, porque fez com que outros especialistas se envolvessem com a ELA, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos", afirma Oliveira.

O especialista explica que essa mudança aconteceu porque a liberação do riluzou pelo serviço público era concedida somente se hovesse uma equipe multidisciplinar envolvida no tratamento do paciente.

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"Para mim, o que modificou a história da doença foi, mais do que os medicamentos, a multidisciplinaridade. É uma via de mão dupla: você estimula a participação de vários profissonais [na área] e a gente vai se beneficiando dos conhecimentos obtidos por eles", analisa.

Oliveira destaca que a importância da brincadeira que se espalhou pelo mundo em 2014 está justamente em unir milhares de pessoas em torno de pesquisas e avanços no tratamento.

"O balde com gelo trouxe para a sociedade a necessidade de procurarmos respostas mais rápidas, além de muito mais pessoas para trabalhar com a ELA. E também chamou a atenção para quem são as pessoas que têm a doença", pondera.

"Hoje uma pessoa com ELA, no Brasil, teve a expectativa de ampliada de 36 para 48 meses. Alguém pode pensar que é pouco, mas a questão é a qualidade de vida que foi alcançada e permite que a pessoa continue inserida [na sociedade] e se comunicando", acrescenta.

Segundo ele, as investigações que se iniciaram têm o objetivo de verificar quais os fatores que desencadeiam a destruição das células nervosas e, por outro lado, quais os mecanismos que as protegem.

"Como já era sabido, existem fatores genéticos protetores [dos neurônios]. Os serviços começaram a ter mais subsídios financeiros e a pesquisa nessa área genética se intensificou. Assim, podemos descobrir novos tratamentos e testar de forma mais precisa os medicamentos", explica.

Dentre os remédios, Oliveira menciona a edaravona, que retarda a progressão da ELA.. Segundo ele, um estudo com 112 pacientes mostrou que quem estava na fase inicial da doença teve uma evolução 40% menos rápida de seus efeitos.

No entanto, o neurologista faz críticas a essa medicação. "Custa R$ 15 mil por mês, é endovenosa e, portanto, exige que a pessoa vá à clínica por 15 dias seguidos para aplicação. E, realmente, parece que não muda a história da doença", pontua. Entretanto, a medicação continua sendo estudada.

A grande aposta do especialista é na terapia genética. Embora a ciência ainda não consiga explicar qual a causa da ELA, sabe-se que 10% dos pacientes com ela possuem a fórmula familiar da doença, quando diversos genes hereditários estão envolvidos no seu aparecimento.

"Estamos copiando a forma de tratar a atrofia muscular espinhal (AME), que já tem uma marca genética específica. Estamos aprendendo a corrigir genes que causam o problema e o entusiasmo, nesse sentido, é cada vez maior", ressalta.

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