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O que é mielite transversa, que pausou teste da vacina de Oxford

Doença causa formigamento e paralisia dos membros, mas é rara como reação adversa de vacinas, sendo mais comum após infecções

Saúde|Aline Chalet, do R7*

Os testes da vacina de Oxford foram interrompidos, pois um dos voluntários teve mielite transversa
Os testes da vacina de Oxford foram interrompidos, pois um dos voluntários teve mielite transversa

Mielite transversa é uma manifestação neurológica que afeta os nervos periféricos da coluna, explica a imunologista Ana Karolina Barreto Marinho, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). A inflamação ocorre devido a uma resposta imunológica exagerada do indivíduo a uma inflamação ou vacina.

“O organismo produz autoanticorpos que atacam os nervos da coluna. É muito mais comum após algumas infecções como gastroenterites ou resfriados, mas pode acontecer com vacinas também.”

O evento é muito raro após vacinas, segundo a imunologista. No caso da vacina contra febre amarela, a incidência de efeitos adversos, incluindo outras doenças, é de uma pessoa a cada 400 mil. Para outras vacinas, a frequência é de 1 efeito adverso a cada 1 milhão de doses.

Um dos pacientes que recebeu a vacina contra covid-19 de Oxford apresentou essa doença e por esse motivo os testes foram interrompidos. A interrupção é um procedimento padrão em ensaios clínicos quando um voluntário apresenta um evento grave após a aplicação da medicação, isso não significa que a vacina causou o evento, explica a infectologista Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).


Os principais sintomas são formigamentos e paralisia das mãos ou pernas, dependendo da região da coluna atingida. Também pode causar incontinência ou retenção urinária e insuficiência respiratória.

Se diagnosticado precocemente, o tratamento tende a ser mais rápido, mas a doença pode persistir por meses e deixar sequelas motoras. O tratamento é feito com corticoides e imunoglobulinas para diminuir a inflamação dos nervos.


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Ana Karolina explica que vacinas que utilizam vírus vivos, normalmente possuem mais chance de apresentarem efeitos adversos, mas não no caso da mielite transversal. “Não é uma infecção causada pelo vírus vacinal, é a própria reação exagerada do organismo.”

A imunologista explica que esse episódio não invalida o estudo. Os dados de segurança e o evento em si vão ser investigados por uma comissão de especialistas independente, ou seja, não serão os pesquisadores do estudo que farão a análise, para que exista uma neutralidade.


Os especialistas vão investigar se o evento foi causado pela vacina, o que ainda não é uma certeza, e vão ponderar o risco-benefício da vacina, se o evento for considerado raro, o estudo pode continuar.

“A suspensão temporária do estudo é um procedimento padrão de todos os estudos clínicos. A empresa mostrou muita seriedade e transparência, é um ponto muito positivo na verdade”, afirma a infectologista.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

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