Saiba como age a vacina contra a dengue
Imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan tem eficácia de 90% contra casos graves da doença, segundo estudo
JR 24H|Do R7
Um novo estudo publicado pela revista Lancet, uma das mais respeitadas do mundo, concluiu que a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan tem eficácia de 90% contra casos graves da doença. Os pesquisadores utilizaram o vírus vivo da própria dengue para os testes. A terceira fase dos testes teve resultados publicados na renomada revista.
Ao contrário dos imunizantes já disponíveis no país, que necessitam da aplicação de duas doses, a vacina brasileira requer apenas uma dose para imunização. O Instituto Butantan ainda precisa submeter documentação à Anvisa para aprovação antes da distribuição pela rede pública de saúde, prevista para ocorrer até o final do ano.
Outra vacina contra a dengue já está em uso no Brasil. A Qdenga foi desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, fornece proteção contra os quatro sorotipos e pode ser aplicada em quem ainda não teve a doença.
Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incorporou o imunizante ao Sistema Único de Saúde (SUS), liberado para indivíduos de 4 a 60 anos. Contudo, atualmente, as doses estão disponíveis apenas para as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos no sistema público. O esquema vacinal inclui duas doses subcutâneas com intervalo de três meses entre elas. A proteção contra a doença deve ter duração de até cinco anos.
Eficácia
A aprovação da Qdenga pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos) serviu como base para a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em março de 2023.
Ao órgão europeu, a Takeda apresentou dados de 19 estudos científicos que envolveram mais de 28 mil crianças e adultos.
O ensaio clínico final demonstrou que o imunizante foi capaz de prevenir 80,2% dos casos sintomáticos de dengue 12 meses após a vacinação.
Além disso, evitou em 90,4% as hospitalizações em casos de dengue 18 meses após as injeções.
Após 4,5 anos da vacinação, a eficácia para casos sintomáticos caiu para 61%, mas a prevenção de internações hospitalares se manteve alta, em 84%.
Como funciona
A Qdenga é baseada no vírus vivo e atenuado do sorotipo 2 da dengue. Segundo o fabricante, é ele que fornece a "espinha dorsal" genética para haver a proteção contra os demais sorotipos.
Na prática, esse vírus não é capaz de causar doença nas pessoas que recebem a vacina.
Ainda assim, existem contraindicações. Segundo o laboratório, os seguintes grupos não devem receber a Qdenga:
• Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo terapias imunossupressoras, como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides sistêmicos nas quatro semanas anteriores à vacinação;
• Indivíduos com infecção sintomática pelo HIV ou com infecção assintomática pelo HIV quando acompanhados de evidência de comprometimento da função imunológica; e
• Grávidas e lactantes.
Efeitos colaterais
Os estudos apontaram uma série de possíveis efeitos colaterais após a vacinação.
Os mais comuns (afetaram mais de uma em dez pessoas) foram:
• dor no local da injeção;
• dor de cabeça;
• dores musculares;
• vermelhidão no local da injeção;
• mal-estar;
• fraqueza;
• infecções no nariz ou garganta;
• febre.
Os efeitos adversos considerados comuns (afetaram até uma em cada dez pessoas) foram:
• inchaço no local da injeção;
• dor ou inflamação no nariz, ou garganta;
• coceira no local da injeção;
• inflamação da garganta e amígdalas;
• dor nas articulações;
• sintomas gripais.
Outros sintomas mais incomuns, como diarreia, coceira e erupções na pele, também foram identificados nos estudos.