Campanhas que tentam "ditar regra" são rejeitadas pelos usuários
Divulgação/FacebookSe há algo no Facebook que nunca para é a criação de campanhas. Todos os dias surgem milhares delas, mas poucas ganham destaque e fazem sucesso na rede social. Os motivos das campanhas variam dos mais banais, como as que incentivam o uso dos fones de ouvido no transporte público, aos mais sérios, como as que lutam contra o racismo.
A maior parte das campanhas não viraliza. Muitas vezes, elas são rejeitadas por serem caretas demais ou por tentarem "ditar regra". Para viralizar, as campanhas precisam de repercussão, que é gerada a partir de compartilhamentos, curtidas e comentários. Para isso, elas devem trazer algo que conquiste o público.
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Bom exemplo
A página institucional do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) foi recentemente considerada a mais repercutida no mundo no Facebook. A fanpage ultrapassou páginas nacionais como a do Ministério da Justiça e até internacionais, como a da Casa Branca, The White House.
Foto com frase do Ayrton Senna foi a mais repercutida da fanpage do CNJ em 2013
Reprodução/FacebookA repercussão de uma página no Facebook é determinada pela quantidade de usuários que curtem, comentam e compartilham os posts. O coordenador de comunicação institucional do CNJ, Tarso Rocha, diz que a mensuração dos números da fanpage faz parte da rotina da equipe dos responsáveis pelas mídias sociais da instituição.
O CNJ conta atualmente com mais de 580 mil seguidores repercutindo a página no Facebook. Periodicamente, a equipe de mídias sociais visita as páginas dos principais concorrentes para checar os números de cada fanpage, que são públicos. Além da Casa Branca, a equipe usa os números da Nasa, da Força Aérea Indiana e outros concorrentes.
A página não se limita a postagens de notícias do CNJ. Com o objetivo de melhorar a comunicação do Judiciário com a população, Tarso Rocha explica que a equipe de mídias sociais tem liberdade para publicar assuntos diversos, como direitos do consumidor e campanhas contra a corrupção.
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No último ano, a postagem mais curtida da página foi uma publicação feita no dia 1º de maio com foto e frase de Ayrton Senna, morto em 1994. A data comemorou o dia do trabalhador e 19 anos da morte do piloto.
Segundo Rocha, a página também interage com os usuários. Todas as perguntas enviadas à fanpage do CNJ são respondidas ou encaminhadas à ouvidoria do órgão.
— Outra questão é conseguir perceber a linguagem de quem curte a página. Isso leva tempo, mas com certeza é um passo para atingir cada vez mais e mais pessoas curtindo a fanpage.
Campanhas “do bem”
O coordenador de comunicação institucional conta que os assuntos que geram mais compartilhamentos são a divulgação de serviços públicos e de direitos que o cidadão tem no seu dia a dia. As datas comemorativas, como o dia do advogado, também são bem repercutidas.
Campanha contra o racismo apoiando o jogador Tinga foi a mais repercutida do ano na página do CNJ no Facebook
Reprodução/Facebook— Buscamos sempre um caminho criativo e que fale sobre o dia a dia da população brasileira, as dificuldades que o cidadão enfrenta diariamente e como ele pode buscar seus direitos.
Rosana Hermann observa que campanhas como as que são feitas pelo CNJ funcionam como uma tentativa de organizar conhecimentos. Ela explica que a percepção que se tem na rede é de que temos cada vez mais pessoas opinando sobre tudo e de que ninguém tem conhecimento técnico.
— Partes da nossa sociedade têm o ímpeto de organizar as coisas. Dizendo como se portar, como fazer isso, como não perder seu emprego.
Páginas como a do CNJ, segundo Rosana, tentam instruir e há um sentimento de que conscientizar as pessoas dos seus direitos é bom. Entretanto, campanhas desse tipo podem ser rejeitadas, pois podem ser tachadas de caretas ou vistas como tentativa de controlar a vida alheia.
— O que é chato é quando tentam ditar regras para sua vida pessoal, como as campanhas que falam mal de quem usa Crocs, por exemplo.
* Colaborou Amanda Martins, estagiária do R7