-
O relatório do IPCC ( Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas ), da ONU, publicado nesta segunda-feira (9), mostra que o aquecimento global está se desenvolvendo mais rápido do que o esperado e que praticamente tudo é consequência das atividades humanas. Veja alguns dos pontos importantes do relatório:
Jonathan NACKSTRAND/AFP - 15/08/2019
-
Sobrecarga do planeta
Espera-se que por volta de 2030 a temperatura média do planeta seja 1,5 ºC ou 1,6 ºC mais quente que a dos níveis da era pré-industrial nos cinco cenários relativos às emissões de gases de efeito estufa. Isto ocorreria uma década antes do que o IPCC previu há apenas três anos. Em meados do século, o limite de aumento de 1,5 ºC na temperatura do planeta terá sido superado em todos os cenários: os mais otimistas indicam que será superado em 0,10 ºC e os mais pessimistas, em 1,0 ºCJonathan NACKSTRAND/AFP - 15/08/2019
-
Consequência da ação dos humanos
O relatório destaca o progresso de uma nova área, a ciência da atribuição, para quantificar até que ponto o aquecimento global provocado pelo ser humano aumenta a intensidade ou a probabilidade de que ocorra um fenômeno meteorológico extremo, como uma onda de calor, um furacão ou um incêndio florestal. Em algumas semanas, por exemplo, os cientistas estabeleceram que a onda de calor que castigou o Canadá em julho, com temperaturas recorde, teria sido "quase impossível" sem a influência das mudanças climáticasANGELOS TZORTZINIS / AFP - 08/08/2021
-
Mais CO2 na atmosfera
Desde 1960, aproximadamente, as florestas, os solos e os oceanos absorveram 56% de todo o CO2 que a humanidade emitiu na atmosfera, apesar destas emissões terem aumentado 50%. Sem a ajuda da natureza, a Terra seria um lugar muito mais quente e inóspito do que é agora. Mas estes aliados - conhecidos como sumidouros de carbono - estão dando indícios de saturação e espera-se que o percentual de CO2 que conseguem absorver será menor com o passar do tempoJoao LAET/AFP - 28/08/2019
-
Gás metano
O relatório inclui mais dados do que nunca sobre o metano (CH4), o segundo gás de efeito estufa mais importante, depois do CO2, e adverte que se não se conseguir diminuir as emissões, não será possível cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris. As emissões produzidas pelo homem se dividem entre os escapes na produção de gás natural, minas de carvão e lixões, por um lado; e o gado e o esterco por outro. O metano permanece menos tempo na atmosfera do que o CO2, mas tem um poder de aquecimento muito maior. Os níveis atuais são os mais altos registrados nos últimos 800 mil anosPixabay
-
Elevação do nível do mar
O nível global dos oceanos aumentou cerca de 20 cm desde 1900, e a taxa de elevação praticamente triplicou na última década. As calotas de gelo que derretem na Antártida e na Groenlândia são agora o principal fator, à frente do degelo dos glaciares. Se as temperaturas globais aumentarem 2 ºC, o nível dos oceanos aumentará cerca de meio metro no século XXI. E continuará aumentando até quase dois metros até 2300, o dobro do que o IPCC previa em 2019.Devido à incerteza somada às calotas de gelo, os cientistas não descartam uma elevação das águas de até dois metros até 2100FRED TANNEAU/AFP - 03/02/2017
-
Diferenças regionais
Embora todas as partes do planeta - dos oceanos às terras, passando pelo ar que respiramos - estejam mais quentes, algumas áreas se aquecem mais rapidamente do que outras. No Ártico, por exemplo, prevê-se que o aumento da temperatura média dos dias mais frios seja três vezes superior à média global do planeta. O nível do mar também aumenta em todos as partes, mas é provável que em várias costas suba 20% acima da médiaIrina Yarinskaya / Zapolyarnaya pravda newspaper / AFP
-
Lições alarmantes do passado
Avanços importantes em paleoclimatologia, ciência que estuda as características climáticas da Terra ao longo da sua história, fizeram soar alguns alarmes. Por exemplo, a última vez que a atmosfera do planeta estava tão quente como agora foi há cerca de 125 mil anos e o nível do mar era de 5 a 10 metros maior, o que atualmente submergiria a maioria das cidades costeiras. Há três milhões de anos, quando as concentrações de CO2 na atmosfera coincidiam com os níveis atuais e as temperaturas eram entre 2,5ºC e 4ºC mais altas, o nível do mar estava até 25 metros acima do que está hojeAMOS GUMULIRA / AFP