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Bebê morre após cesárea na rede pública do DF, e mãe reclama: ‘pura negligência’

Em menos de 60 dias, DF registra a morte de pelo menos quatro crianças que foram atendidas pela rede pública de saúde

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Mãe já tinha comprado berço para a filha
Mãe já tinha comprado berço para a filha (Reprodução/Material cedido ao R7)

O Distrito Federal registrou pela quarta vez em menos de 60 dias a morte de uma criança que recebeu atendimento na rede pública de saúde. A vítima mais recente foi Aurora, que morreu devido a complicações logo após o parto. Ao R7, a mãe da bebê, Isadora Cristina de Souza Saeta, de 27 anos, afirmou que a morte ocorreu por erro médico. “Se ela não está nos meus braços, foi por pura negligência”, reclamou. A Secretaria de Saúde diz que Aurora permaneceu sob “cuidados intensivos” depois do parto.

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Isadora Cristina buscou a emergência do Hospital Regional de Taguatinga no dia 9 deste mês, solicitando internação para o parto. No entanto, a médica plantonista disse para ela ir para casa e voltar a cada dois dias para aferição da pressão. A mãe cumpriu a orientação até o dia 17, quando retornou à emergência do hospital com pressão alta.

No entanto, ela comenta que, mesmo diante do quadro, os médicos tentaram induzir o parto natural de Aurora. A mãe contou que tomou quatro comprimidos de indução e que, durante a internação, não sentiu dores nem dilatação.

Segundo Isadora Cristina, no dia 18, às 19h, após a troca de plantão, outra médica a avaliou e a questionou sobre a pressão alta e falta de estabilidade. A médica pediu um ultrassom, mas estranhou o quadro, porque não conseguia ouvir o coração da bebê.

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A médica, então, pediu uma cesárea de emergência. De acordo com Isadora Cristina, a médica queria que ela tivesse dois acessos na veia, mas só foi aplicado um. Ainda assim, ela foi submetida à cesárea. Isadora Cristina relata que sentiu dor durante todo o procedimento, desde o corte na barriga até a retirada do bebê.

Aurora foi retirada já sem batimentos cardíacos e passou por reanimação por 18 minutos. A bebê foi entubada com adrenalina, mas os médicos avisaram que o estado dela era grave.

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Isadora relata que uma das médicas chegou a pedir perdão pela morte da filha, dizendo: “É tudo culpa nossa, nós somos os responsáveis. Seu bebê é um bebê muito grave, nasceu totalmente sem batimentos, conseguimos reanimar, mas está grave e precisa de UTI com urgência”.

No entanto, após três dias internada, a bebê não resistiu. Isadora conta que já estava com o quarto do bebê pronto para receber Aurora.

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O que diz a Secretaria de Saúde?

A reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre o caso. Veja nota na íntegra:

A Secretaria de Saúde informa que a paciente Isadora Cristina de Souza realizou consultas de pré-natal na Unidade Básica da Rede. A mesma foi internada no Hospital Regional de Taguatinga para realização do parto no dia 17 de maio. A pasta destaca que, durante a internação, foi avaliada a vitalidade sem intercorrências. Foram realizadas escutas seriadas do feto e a mãe permaneceu em observação com indução do trabalho de parto, recebendo todas as orientações necessárias. Por fim a pasta informa, que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência. A pasta esclarece que o bebê nasceu necessitando de reanimação. Após essas manobras de reanimação, foi encaminhado à UTI Neonatal do mesmo hospital, onde permaneceu por dois dias sob cuidados intensivos.

Mortes recorrentes

Desde abril, ao menos outras três crianças morreram após passar pela rede pública de saúde do DF. As vítimas são Anna Julia Galvão, 8 anos; Jasminy Cristina de Paula Santos, 1 ano; e Enzo Gabriel, 1 ano, que ficou cerca de 12 horas na UPA do Recanto das Emas esperando uma ambulância para ser levado a um leito de UTI (unidade de terapia intensiva).

A primeira morte foi a de Jasminy, também na UPA do Recanto das Emas. A família denunciou o caso à Polícia após ver o caso de Enzo Gabriel na mídia e afirma que houve negligência e demora no atendimento à menina. Segundo os pais, ela foi levada nas UPAs do Recanto e de Ceilândia e no Hospital Regional de Ceilândia e Taguatinga antes de morrer.

Os pais também tentaram atendimento pelo Samu, no dia 14 de abril, quando Jasminy estava passando mal, mas não havia ambulância para atender a bebê. Em mais uma tentativa, os pais levaram a criança até a UPA do Recanto das Emas no mesmo dia. Jasminy recebeu classificação laranja, mas a unidade só atendida pacientes com classificação vermelha.

A bebê passou o dia na unidade, mas à noite teve piora no quadro, com febre e baixa saturação. Uma médica chegou a pedir a internação da criança na ala pediátrica, mas Jasminy não resistiu e morreu na unidade. O caso é investigado pela 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas).

Anna Julia

O segundo caso foi registrado em 15 de abril, quando os pais de Anna Julia procuraram atendimento médico para a criança após ela apresentar tosse, dor nas costas, febre e dificuldade para respirar. Segundo a ocorrência registrada na Polícia Civil, a menina chegou por volta das 18h na UBS 7 da Ceilândia, mas foi atendida apenas às 3h da manhã do dia seguinte.

O relato acrescenta que os médicos pediram exames para ela no dia 16, mas Anna Julia teve piora no quadro e voltou novamente para ser atendida, desta vez na UBS 1, também de Ceilândia. Ela foi atendida às 2h da manhã, com pedido de outros exames. No entanto, quando o quadro de Anna Julia piorou e ela foi encaminhada ao HMIB (Hospital Materno Infantil de Brasília).

A ocorrência diz que a criança chegou ao hospital “em estado gravíssimo, quando o médico tentou fazer a sua intubação, ela veio a óbito”. O caso é investigado pela 24ª Delegacia de Polícia (Setor O - Ceilândia).

Enzo Gabriel

A última morte foi a de Enzo Gabriel, que morreu após aguardar mais de 12 horas por uma ambulância. Segundo Cícero Alves, pai da criança, a família esperava por uma ambulância da UTI Vida — que possui contrato de prestação de serviços com o Governo do DF — para Enzo Gabriel ser transferido para a UTI do Hospital Materno Infantil de Brasília.

O transporte foi solicitado na noite de 14 de maio, mas a ambulância só chegou às 7h do dia seguinte, quando o menino já estava morto. Enzo Gabriel havia sido diagnosticado com dengue aguda, pneumonia com derrame pleural (acúmulo de líquido entre os tecidos que revestem os pulmões e o tórax) e estava entubado enquanto aguardava a transferência. O caso também é investigado.

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