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Baixa popularidade e pressão dos opositores serão fortes obstáculos para Michel Temer

Ao assumir a presidência, ele terá de reverter com rapidez um quadro de fragilidade política

Brasil|Eugenio Goussinsky, do R7

Governo de Temer será considerado ilegítimo por PT e aliados
Governo de Temer será considerado ilegítimo por PT e aliados Governo de Temer será considerado ilegítimo por PT e aliados

Aos 75 anos, o filho de libaneses Michel Miguel Elias Temer Lulia (não confundir com Lula), caso o Senado aprove a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (11), chegará ao auge de sua carreira política sem nunca ter sido eleito para um cargo do Executivo encabeçando uma chapa.

De Procurador-Geral do Estado de São Paulo, empossado pela primeira vez em 1970, no auge do regime militar, a Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, cargo que exerceu em duas ocasiões, sua trajetória pública é marcada por uma ascensão distante dos olhos da maioria da sociedade.

Este tipo de situação causa desconfianças na população e será um complicador de peso para a sua gestão como presidente do Brasil, assim que ele deixar a vice-presidência da República para assumir durante o afastamento de Dilma, dentro do processo a ser julgado no prazo de 180 dias.

A falta de popularidade de Temer (PMDB) aliada à fortíssima oposição que o PT e seus aliados - com movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e CUT (Central Única dos Trabalhadores) - exercerão sobre seu governo deixam a situação da administração de Temer extremamente delicada. Há alguns dias, Rui Falcão, presidente do PT, já adiantou, ao lado de um ex-presidente Lula indignado, que considerará o governo do peemedebista ilegítimo, já que o mesmo contraria a decisão das urnas que levou Dilma à presidência em 2014.

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— O PT não vai permitir que ele ponha em prática seu programa. Não podemos permitir que depois de anos de avanço venha um cara sem voto, traidor, retirar direitos conquistados com muita luta. Não vamos permitir. É muito mais do que oposição parlamentar só. É dizer para a população, para a sociedade, que com governo ilegítimo não tem paz, não tem estabilidade, tem luta.

O atual cenário de fragilidade política é repleto de incertezas, segundo disse ao R7 a cientista política Maria Teresa Sadeck, da Universidade de São Paulo. Para ela, é impossível saber se a pressão contrária a Temer surtirá efeito ou arrefecerá.

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— É uma situação em que temos de esperar para ver o que vai acontecer. Claro que não é bom um governante começar com baixa popularidade, mas por outro lado há uma situação dada, porque é ele o sucessor natural nesse caso. Não adianta muito a gente querer uma situação ideal porque tal situação está longe de acontecer. Qualquer um que fale algo agora estará chutando.

Rejeitado em pesquisas

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Em pesquisas recentes realizadas pelo Datafolha, o que se destaca é a rejeição popular em relação a Temer. Até os manifestantes pró-impeachment não o querem: 54% deles não gostariam de vê-lo na presidência.

Para os contrários ao impeachment, então, a rejeição sobe para 79%. Destes, 88% consideravam, em abril último, que o futuro ex-vice faria um governo ruim ou péssimo. Também pela Datafolha, em início de abril, em pesquisa sobre os preferidos em caso de eleição presidencial, Temer aparece com apenas 1% ou 2% em todas as combinações de candidatos.

Na carreira de Temer se pode dizer que a história se repete em espiral. Se agora ele assumirá a presidência em substuição a Dilma, que encabeçou a chapa nas eleições de 2010 e 2014, sua entrada na Câmara Federal se deu de maneira similar.

Advogado trabalhista formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP) em 1963, Temer só foi aderir ao PMDB, partido que era a principal alternativa à ditadura, em 1981, um ano após a fundação do PT. Em 1986 foi eleito deputado federal suplente e só assumiu durante o mandato em 1987, tendo participado da Assembleia Constituinte que promulgou a Constituição em 1988.

Também na eleição seguinte amargou a suplência e teve de se contentar com o retorno à Procuradoria-Geral paulista, durante o governo de Luiz Antônio Fleury Filho, inicialmente amigo e depois desafeto de seu antecessor Orestes Quércia.

Enfim eleito

Somente 24 anos depois de ter iniciado na vida pública é que Temer foi eleito diretamente deputado federal em 1994, com 70.969 votos, uma quantidade moderada. Nas eleições seguintes chegou ao "ápice" de sua popularidade, alcançando 206.154 votos em 1998 e 252.229 em 2002. Mas novamente claudicou em 2006, sendo eleito apenas por média (vinculada aos quocientes eleitoral e partidário) com 99.046 votos.

Mas é nessas ocasiões, quando sua popularidade é questionada, que ele, em arroubos de Fênix a renascer das cinzas, chega a patamares mais altos. Justamente no mandato que apontava para uma decadência em termos de voto ele chegou à presidência da Câmara, cargo que ocupou entre 1999 e 2001.

Seu PMDB, do qual é presidente desde 2001, passou a apoiar o governo do PT no segundo mandato de Lula (2007 a 2011). Nascido em Tietê, e tendo passado a infância no interior, Temer sempre foi um adepto da discrição.

Um de seus poemas (ele tem um livro publicado), por exemplo, exalta os antigos "correios elegantes", em que a abordagem entre homens e mulheres em um bar ocorria de maneira anônima, misteriosa e romântica, antes de um eventual encontro. Seu encanto ao falar destes tempos mostra que ele costumava ser bem-sucedido neste jogo de surpresas tão presente no relacionamento humano quanto na política.

Quais são as suspeitas e ameaças que pairam sob Temer

Como foi ao encontrar sua atual esposa, a bela Marcela Temer (32 anos), com quem se casou em 2003 (no seu terceiro casamento). O estilo discreto, a fala instrospectiva, o sorriso tenso no rosto sempre foram aliados de Temer no baralho político. A velha frase "Azar no jogo e sorte no amor", portanto, não lhe cabe. Mais correto seria, "Sorte no jogo e sorte no amor". E, na condição de presidente, ainda melhor seria "Ruim de voto e bom de poder".

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