A Seppir (Secretaria de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial), secretaria com status de ministério no Governo Federal, decidiu, nesta sexta-feira (29), notificar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pelas ofensas racistas sofridas pelo goleiro Aranha, do Santos. Durante partida válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil, nesta quinta-feira (28), na Arena Grêmio em Porto Alegre (RS), torcedores gremistas chamaram o atleta de macaco.
De acordo com a ministra da Seppir, Luiza Bairros, a intenção é propor uma parceria com a CBF para implementar medidas de prevenção que impeçam as manifestações racistas nos estádios de futebol.
A ministra avalia que a confederação precisa tomar uma atitude, especialmente porque essa não é a primeira vez que casos de agressão racista são registrados.
— É preciso que a Confederação Brasileira de Futebol tome uma atitude mais proativa no sentido de evitar que os casos [de racismos] aconteçam. O fato de haver no Estado do Rio Grande do Sul várias ocorrências, também dá para a CBF uma responsabilidade especial. Nós estamos dispostos a ajudar essas instituições para que se possa montar um programa de prevenção ao racismo nos campos de futebol no Brasil.
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A ministra disse ainda que o objetivo da notificação não é pedir a punição nem do clube, nem dos torcedores. Segundo ela, a ideia é que especialistas da Seppir se juntem aos integrantes da CBF para elaborar normas e medidas permanentes de combate ao racismo no futebol.
— Não estou falando de punição. Estou falando de como a nossa experiência pode ajudar essas instituições a trabalharem essa questão do racismo de modo mais permanente para que não fique a cada jogo, a cada caso, uma determinada reação.
Para o ouvidor da Seppir, Carlos Alberto de Souza, não existe mais espaço para essas manifestações em estádios e a atitude dos torcedores deve ser punida.
— O estádio não é um lugar de agressão, de fazer manifestações de ódio. É para isso que servem as federações, para coibir esses tipos de excessos.
Segundo Souza, as imagens registradas pela imprensa durante o jogo vão ajudar na identificação dos torcedores.
— É necessário identificar e responsabilizar esses torcedores. Não podemos permitir um absurdo como aquele. Nós nos solidarizamos com o goleiro Aranha, estamos à disposição dele. Mas também queremos que a federação e o clube tomem as atitudes cabíveis para punir os torcedores.
Racismo no futebol
Em fevereiro deste ano, o jogador Tinga, do Cruzeiro, foi alvo de ofensas racistas durante uma partida da Libertadores da América, no Peru. A torcida do Real Garcilaso imitava sons de macaco toda vez que o atleta pegava na bola.
Daniel Alves também protagonizou situação semelhante em abril. Durante partida entre o Barcelona e o Villareal, torcedores jogaram bananas na direção do lateral direito no momento da cobrança de escanteio. O caso gerou revolta nas redes sociais e desencadeou uma campanha de conscientização chamada “somos todos macacos”.
Alvo do caso mais recente, o jogador Aranha registrou ocorrência na delegacia e o caso deve ser investigado na Justiça comum.