O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou na manhã desta terça-feira (24) que o governo ainda não pensa em nenhum nome para a substituição do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, que deixou o cargo nesta segunda-feira (23).
"É um tema que permanece de stand by", disse, destacando que o presidente em exercício Michel Temer saberá o momento de tomar uma atitude. "Não se pensa em nome nenhum a não ser do ministro que está Dyogo Oliveira", afirmou, referindo-se ao secretário-executivo da pasta que assumiu o cargo interinamente.
Jucá deixou o cargo depois do vazamento de conversas sobre "estancar a sangria" da Lava Jato com o ex-presidente da Transpetro e ex-senador pelo PMDB Sérgio Machado.
Padilha disse que Dyogo "cumprirá esse papel" e ficará no Planejamento até Temer decidir pela volta de Jucá, "se for o caso".
Para Padilha, ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Jucá estava fazendo um importante trabalho.
— Era uma dupla, como se diz lá no Sul, que tocava de ouvido, com perfeito entrosamento. Era uma equipe excepcional.
O ministro destacou a importância de Jucá no governo e ponderou que seu retorno no Senado é positivo.
— A equipe perde, mas ganha no Senado aquele que tem se consagrado como relator-geral da República.
Zelotes
Questionado se não causava desconforto a presença de Dyogo Oliveira, já que ele é citado em investigações da Operação Zelotes, Padilha disse que não existe nenhum iniciativa por parte do Ministério Público solicitando que Dyogo venha a ser investigado.
— Foi uma citação que passou. Até agora é o que se tem, não tem nenhum desconforto, pelo contrário, temos satisfação.
Padilha disse ainda que Dyogo é um dos quadros mais expressivos, que fez carreira como servidor público e que "não serve a um governo circunstancialmente". O secretário-executivo também participa da coletiva de ministros da área econômica no Planalto, mas não falou em nenhum momento.
Dyogo é alvo da Operação Zelotes que apurava, inicialmente, o tráfico de influência realizado por conselheiros do Carf, que repassavam informações privilegiadas sobre multas fiscais a serem aplicadas a grandes empresas para escritórios de advocacia que, posteriormente, montavam a defesa dos acusados e conseguiam a anulação ou a diminuição das multas. Em meados do segundo semestre do ano passado, porém, a operação passou a investigar um suposto esquema de compra de medidas provisórias nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O Ministério Público Federal pediu em outubro as quebras dos sigilos bancário e fiscal dele entre 2008 e 2015, o que teria sido autorizado pela Justiça Federal, segundo investigadores. O processo tramita sob sigilo.