O motorista que invadiu a parada de ônibus e atropelou pedestres na manhã de quarta-feira (6) na Rodoviária do Plano Piloto já foi examinador do Departamento de Trânsito do Distrito Federal em 2010, responsável por avaliar candidatos e motoristas que tiram a habilitação.
Para se tornar examinador, além de ser habilitado na categoria que irá avaliar, é preciso ter sido aprovado no curso específico e ter uma credencial fornecida pelo Detran.
Contudo, em 1997, Ronaldo Soares Costa foi suspenso pelo próprio órgão depois de se envolver em um tumulto na área de exames de direção onde estavam os candidatos.
O acidente
No acidente dessa quarta, testemunhas relataram que viram o veículo onde estavam Soares e a esposa trafegando de modo irregular metros antes de invadir a parada de ônibus. Ele teria sido atingido na traseira por outros veículos, tornando a rota ainda mais instável.
Câmeras de segurança flagraram o momento em que, na altura do Eixinho L, no sentido Asa Norte, o carro desgovernado avançou, atravessou na frente de uma van e atingiu o ponto de ônibus.
Cerca de 20 pessoas estavam no local esperando coletivos. Ao ouvirem o barulho do pneu contra o asfalto, houve gritaria, correria e as pessoas tentaram correr. Cinco pedestres foram atropelados, entre eles Gisele Boaventura, 54 anos. Com o impacto, ela foi arremessada da plataforma e caiu no Eixo Monumental. A vítima morreu na hora.
Mais quatro feridos foram socorridos e levados ao Hospital de Base. Depois da batida, o homem, abalado, foi visto chorando no carro. A esposa, que estava no banco do passageiro, relatou que quando percebeu que o marido havia passado mal, tentou tomar o volante e restabelecer a direção, mas não conseguiu evitar a colisão.
Eles relataram que o homem toma remédios controlados para conter as crises convulsivas, como a que teria sofrido antes do acidente. A 5ª Delegacia de Polícia (Setor de Grandes Áreas Norte) investiga o caso.
Legislação
Pela legislação de trânsito, as pessoas com epilepsia podem dirigir, mas precisam seguir uma série de normas que dispõem sobre aptidões física, mental e psicológica dos condutores. Entre as exigências, não podem ter tido crise no prazo de um ano.
É necessário ainda fornecer informações atestadas pelo médico que o acompanha, indicar se fazem ou não uso de remédios e ter um parecer favorável do profissional de saúde. Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), cerca de 3% da população sofre da doença, e 70% deles têm as crises controladas com o uso de medicação.