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Canal recebe mais de 1,4 milhão de denúncias de pornografia infantil na internet em 10 anos

Crime foi o líder de reclamações entre 2006 e 2013, superado atualmente por racismo

Cidades|Ana Ignacio, do R7

Crimes cibernéticos podem ser denunciados de forma anônima
Crimes cibernéticos podem ser denunciados de forma anônima Crimes cibernéticos podem ser denunciados de forma anônima

Um vídeo em que um homem incentiva e defende que os pais iniciem a vida sexual das filhas causou revolta na internet nesta semana. Intitulada “Todo pai tem o direito de tirar a virgindade da filha”, a gravação é apenas uma das que o autor do canal divulga com conteúdo de apologia à pedofilia. No início do ano, o suspeito foi preso pela polícia de São Paulo, mas após pagamento de fiança deixou a cadeia e voltou a produzir o mesmo tipo de material.

Líder de denúncias de crimes cibernéticos por oito anos (entre 2006 e 2013), segundo dados da SaferNet, entidade que atua no combate de crimes contra os direitos humanos na internet, em 2015 foram registradas 43.182 denúncias de pornografia infantil envolvendo 17.433 páginas distintas. De acordo com Juliana Cunha, Coordenadora psicossocial da SaferNet Brasil, esse tipo de perfil — em que o suspeito é preso e depois de solto volta a publicar conteúdos ofensivo — é bastante comum.

— Mesmo punindo e removendo o conteúdo nada impede que eles voltem a agir e a violar os diretos. Além disso, tem um aspecto a se considerar, não sei nesse caso específico, mas muitos vídeos são monetizados e quanto mais acessos melhor. Então essas pessoas fazem [conteúdos polêmicos] intencionalmente. Não sei se ele tem um transtorno ou não, mas há um fenômeno em que as pessoas usam os espaços na internet para chamar atenção.

Segundo ela, como esse tipo de conteúdo desperta revolta nas pessoas e a reação é compartilhar o material para denunciar, os suspeitos ficam ainda mais interessados em fazer essas gravações. 

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— Os vídeos geram muito acesso, viralizam e é isso que eles querem e usam como meio de ganhar dinheiro e monetizar o conteúdo. Entendo que as pessoas queiram denunciar, mas façam isso nos canais apropriados porque, se você compartilha, é exatamente o que ele quer, ser trending topic em uma rede social.

Em 10 anos, a SaferNet Brasil recebeu e processou 1.461.693 denúncias anônimas de Pornografia Infantil envolvendo 294.392 páginas distintas — das quais 104.339 foram removidas.

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Racismo X Pornografia infantil

Entre 2006 e 2013, os casos de pornografia infantil lideraram o ranking de denúncias de crimes cibernéticos (veja evolução ano a ano no gráfico abaixo). Em segundo lugar aparecia o racismo. Em 2013, foram 78.690 denúncias do tipo contra 80.195 de pornografia infantil. Em 2014, no entanto, a posição se inverteu, como explica Juliana.

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— Os casos de pornografia infantil, durante muitos anos foram os primeiros da lista de crimes mais denunciados, mas nos últimos anos os crimes de ódio como racismo e homofobia têm crescido mais.

Em 2014, foram 86.570 denúncias de racismo e 51.553 de pornografia infantil. No ano seguinte, o ranking permaneceu nesta ordem com 55.369 denúncias de racismo — mais de 10 mil a mais do que o registrado de pornografia infantil. Para Juliana, um dos motivos que pode ter ocasionado essa mudança foi o aumento das ações da Polícia Federal para combater a pedofilia.

— Tivemos uma resposta mais efetiva em relação à pornografia infantil e ao fato também, possivelmente, de essas pessoas estarem usando outras camadas da web que não são acessíveis pelas redes sociais.

Denuncie

Juliana explica que, quando um conteúdo criminoso for encontrado na internet, o ideal é não compartilhar o material e procurar entidades para denunciar. Atualmente, qualquer pessoa pode denunciar, de forma anônima, crimes cibernéticos para a SaferNet, Polícia Federal, MPF (Ministério Público Federal) ou usar o disk 100.

Além disso, fazer a denúncia na rede em que o conteúdo foi publicado também costuma funcionar. Neste caso específico citado na matéria, o vídeo ganhou destaque na segunda-feira (12). Na terça-feira, o canal do suspeito já estava fora do ar.

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