Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Facebook permite PM aposentado compartilhar vídeos de tortura

Pré-candidato a deputado federal no Paraná, sargento Fahur publica conteúdo violento para mais de 3 milhões de usuários no Facebook que o seguem

Cidades|Kaique Dalapola, do R7

Sargento concorre à 2ª eleição para deputado estadual
Sargento concorre à 2ª eleição para deputado estadual Sargento concorre à 2ª eleição para deputado estadual

Briga expondo adolescentes supostamente envolvidas com traficantes e tortura a suspeitos de terem cometido crimes são exemplos de vídeos que o Facebook permite que o sargento aposentado da Polícia Militar do Paraná Gilson Cardoso Fahur, 54 anos, compartilhe com seus milhões de seguidores.

O PM aposentado é pré-candidato a deputado federal no Paraná, e a campanha nas redes sociais é feita com compartilhamento de vídeos exibindo agressões e incitação à violência contra pessoas suspeitas.

Uma das publicações, feita às 16h02 de 6 de abril deste ano, o Facebook colocou um aviso que o vídeo publicado pelo policial "pode mostrar conteúdo violento ou explícito". Quando autorizado a iniciação, a filmagem mostra duas meninas brigando. O PM intitula o vídeo como "mãe tem orgulho da filha namorar traficante".

Leia mais notícias de Cidades

Publicidade
Alerta feita pelo Facebook antes de exibição do vídeo de briga entre garotas
Alerta feita pelo Facebook antes de exibição do vídeo de briga entre garotas Alerta feita pelo Facebook antes de exibição do vídeo de briga entre garotas

Em outras publicações de violência, expondo suspeitos, a rede social não colocou o aviso sobre o conteúdo. Um exemplo é a filmagem intitulada pelo sargento Fahur como "ladrão que roubou carro de taxista numa corrida acaba amarrado em árvore", publicado às 18h53 de 12 de agosto do ano passado. Este vídeo mostra um homem com um pé preso para trás, enquanto outras pessoas o agridem puxando pelo cabelo.

Outros conteúdos violentos são republicados pelo policial diversas vezes meses depois da publicação original. As postagens recebem milhares de curtidas e compartilhamentos e, mesmo assim, seguem sem nenhuma restrição do Facebook.

Publicidade

Os dois vídeos usados como exemplo nesta reportagem foram denunciados pelo R7 na tarde desta quarta-feira (18) à administração da rede social. Um terceiro vídeo, que também mostra agressões a um suspeito de assaltar um ônibus, também foi denunciado pela reportagem ao Facebook. Nesta quinta-feira (19), um dos vídeos foi removido — depois de ter ficado duas semanas no ar, sendo visualizado 260 mil vezes, recebido 1.800 interações e 450 compartilhamentos.

Nos "Padrões da Comunidade" da rede social, o item "violência e conteúdo gráfico" aponta que os usuários do Facebook costumam publicar acontecimentos que chamam atenção e "essas experiências e problemas envolvem violência e imagens gráficas de interesse público, como o abuso dos direitos humanos ou atos de terrorismo".

Publicidade

No mesmo texto, a rede social afirma que "em muitas ocasiões, as pessoas compartilham esse tipo de conteúdo para condená-lo ou para conscientizar os outros", e ressalta que removem "imagens explícitas quando elas são compartilhadas por prazer sádico ou para celebrar e glorificar a violência".

A reportagem indicou para o Facebook três vídeos de agressões publicados pelo sargento. Dois deles continuam no ar, porque segundo o R7 apurou, a rede social acredita que estimulam contribuem para que os casos sejam debatidos. O terceiro, que mostra as adolescentes brigando, foi removido.

O R7 tentou contato com o sargento Fahur pelos meios disponibilizados pelo policial militar aposentado: Facebook, Twitter e Instagram. No Twitter, o policial disse que falaria com a reportagem via rede social e agradeceu o "espaço que você está me dando". No entanto, após o primeiro questionamento, sobre a candidatura, ele não respondeu mais.

Candidatura

Bordão utilizado pelo sargento Fehur, pré-candidato a deputado federal
Bordão utilizado pelo sargento Fehur, pré-candidato a deputado federal Bordão utilizado pelo sargento Fehur, pré-candidato a deputado federal

Com o bordão de que "vagabundo tem que levar cacete no lombo e bala no rabo", o policial concorre à segunda eleição. Na primeira, em 2014, o candidato do PSDC recebeu 50.608 votos e não foi eleito.

"Acredito que vou colocar meu nome para disputar [as eleições]", disse o sargento em uma entrevista que compartilhou em sua página. "Se for projeto de Deus e vontade do povo, nós vamos lá. Se não for, vamos cuidar dos netos sem problema nenhum" completou.

Além do Facebook — com 2,5 milhões de curtidas na página oficial e 590 mil em uma página alternativa —, o PM Fahur interage com seus seguidores no Twitter, rede a qual o policial é seguido por 230 mil contas, e no Instagram, com aproximadamente 200 mil pessoas.

Ele atuou no Batalhão de Polícia Rodoviária do Paraná entre junho de 1983 a setembro de 2017, quando se aposentou. Após deixar o trabalho na Polícia Militar, o pré-candidato passou a aparecer com mais frequência em programas locais e comparecer em eventos de segurança pública do Estado, tanto as policiais Civil e Militar como as guardas civis dos municípios.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.