Um professor de matemática, de 52 anos, é suspeito de assediar uma aluna de 12. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Ariranha, cidade localizada a quase 400 quilômetros de São Paulo. Segundo o inquérito, o caso foi descoberto após o celular da menina ser averiguado pelos pais.
Nas conversas, que aconteciam por meio de um aplicativo de conversa, o professor se declarava para a menina e pedia fotos íntimas.
O delegado do caso, Gilberto César Costa, afirmou que a polícia investiga quando o assédio teria se iniciado. O celular da garota foi apreendido e aguarda autorização judicial para ser periciado. O delegado também investiga se há outras vítimas e outros crimes cometidos pelo mesmo suspeito. "Ela estava inconformada, revoltada", disse o delegado sobre o momento em que a mãe da garota realizou a denúncia.
Conteúdo da conversa
Em um dos áudios, o professor diz saber que "não é certo", mas admite sentir desejo sexual pela garota. "Meu anjinho, você não sabe o tesão que tive hoje, estou ficando meio maluco mesmo, sei que não é certo, mas você está me deixando louco, eu vou fazer o quê? O que eu vou fazer, fala para mim?"
A mensagem faz parte de uma série de áudios que foram entregues pela mãe da garota, Francielli Cezare, à Polícia Civil. Em outro áudio, ele se refere à aluna como "amorzinho" e diz que "não pode dar bandeira".
"Eu sei meu amorzinho. Mas a gente tem que disfarçar um pouquinho, se não vai dar muita bandeira. Você quer ver eu preso? Eu não posso. Não posso, assim. Eu tenho maior vontade, a gente precisa ter cuidado. Não pode vazar essas informações de jeito nenhum. Mas me manda foto, por favor, e eu quero ver pessoalmente, sim, estou louquinho. Beijos", diz o áudio.
Assédio constante
A mãe da menina afirmou que foram mais de 10 áudios e diversas conversas pelo Whatsapp encaminhadas à polícia. "Tinham nível pornográfico", disse. "Depois de todos os áudios, mensagens e todas as provas, gostaria que ele já estivesse preso, mas a gente mora no Brasil e nossa Justiça é lenta. Então, continuamos com a nossa indignação. Esperava a notícia que ele já estivesse preso."
Familiares da vítima afirmam que este não é o primeiro caso que envolve o professor de matemática. "Ele pegou o número dela em um grupo da escola. Primeiro começou a falar que ela era bonita até chegar nas mensagens pedindo fotos dela sem roupas", diz um parente que não quer se identificar.
Segundo o familiar, a menina não quer mais voltar à escola. "Ela está péssima", afirmou a fonte ouvida pela reportagem, que disse ter sido procurado por seis alunos. Ele também confirmou que o professor teria sido agredido por familiares da vítima e por pais de alunos da escola.
Investigação
Em caso de assédio a menores de 12 anos, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê que "aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso" pode levar a uma pena de reclusão de um a três anos e multa.
Caso a vítima tenha mais de 12 anos, ele pode ser punido administrativamente com afastamento e até demissão por ser uma conduta incompatível com a missão e profissão de professor e educador.
"Ele, se for funcionário público, professor de escola pública, pode responder também por improbidade administrativa, por práticas ilegais no cargo e função, em ação própria na vara da infância e juventude, podendo ser condenado a demissão do serviço público e pagamento de multas", explica Ariel de Castro Alves, advogado especialista em direitos da criança e do adolescente.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, responsável pela administração da Escola Estadual Gabriel Hernandes, de Ariranha, onde o professor trabalha, afirmou que a Diretoria Regional de Ensino de Catanduva tomou todas as providências necessárias.
"O professor já foi afastado das atividades em sala de aula e uma apuração preliminar foi aberta. Se comprovada as denúncias, serão aplicadas as penalidades pertinentes. A administração regional está à disposição dos pais e responsáveis pelos alunos e colabora com a polícia", declarou a pasta.