Uma imagem captada pelo Google Maps fez Adherbal Ferreira ver uma imagem inédita para ele da filha. Jennifer, de 22 anos, foi uma das 242 pessoas mortas no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Segundo ele, a jovem estava na loja da família em um dia comum de trabalho.
— Eu entrei por curiosidade no site para ver como a minha loja aparecia quando me deparei com a minha filha. Foi uma surpresa, uma emoção sem tamanho. Com a saudade que eu tenho dela, entendo como uma presença essa imagem
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Jennifer é a garota do meio entre o irmão e um funcionário da loja. Adherbal afirma que lembra exatamente desse dia, abril de 2012, quando todos saíram do estabelecimento para ver o carro do Google que passava.
— Eu me lembro perfeitamente desse dia. Eu vi o carro primeiro e avisei a todos, quando saímos para ver. Era inverno, ela usava um casado, estava linda
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Nessa imagem, a jovem aparece sentada em sua mesa de trabalho. Ela era a gerente financeira da loja do pai e morreu ainda no local do incêndio, no dia 27 de janeiro de 2013
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Adherbal segura nas mãos um cartaz com a foto da filha. Quase um ano e meio após a tragédia, ele diz que a saudade é sem fim e que só a fé em Deus o faz ter forças. Ele levou a filha com mais três amigos até a porta da boate para se divertirem. Ninguém sobreviveu.
— Agora eu luto para os jovens que ficaram e parece que a tragédia está sendo esquecida, que não querem mais falar do assunto. Os acusados de tudo estão soltos e eu temo que não seja feita a devida Justiça por aquele massacre
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A tragédia ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2013 e matou 242 pessoas. A fagulha de um artefato usado em show pirotécnico chegou ao revestimento acústico do teto da boate e provocou um incêndio. A maioria das vítimas morreu asfixiada pela fumaça
enquanto tentava sair da casa lotada e sem portas suficientes para uma
fuga rápida. Os réus do processo são dois proprietários da boate,
Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada
Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, que
respondem por homicídio doloso em liberdade
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Em maio deste ano a Justiça retomou os depoimentos no processo sobre o incêndio. Mais de 70 pessoas serão ouvidas, além dos réus. Ainda não há previsão de quando será dada a sentença
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Na semana passada, familiares de algumas vítimas prestaram queixa à polícia reclamando que um cartaz com as fotos dos mortos exposto na praça da cidade foi queimado por vândalos. Segundo Adherbal, pelos depoimentos, estão quase chegando aos suspeitos.
— Estamos magoados com isso porque nossos filhos morreram queimados e é uma ofensa sem tamanho queimá-los de novo. Estamos quase tendo certeza de quem fez isso e vamos atrás