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Crise econômica leva indústria do aço a adiar investimentos de U$$ 3,2 bilhões

Para executivo o cenário para o setor não se mostra positivo

Economia|Nielmar de Oliveira/Agência Brasil

Os impactos da crise econômica que o país atravessa levaram a indústria do aço a adiar, entre janeiro de 2014 e junho de 2016, investimentos da ordem de US$ 3,2 bilhões, período em que foram paralisadas ou desativadas 83 unidades produtivas e mais de 40 mil postos de trabalho fechados.

As informações são do Instituto Aço Brasil, que enfrentou em 2016 a pior crise de sua história, com queda de 9,2% na produção de aço bruto e de 7,7% na de laminados.

Dados divulgados esta semana revelaram que a produção acumulada de aço bruto no país em 2016 totalizou 30,2 milhões de toneladas. Uma queda de 9,2% em comparação a 2015; enquanto a produção de laminados totalizou 20,9 milhões de toneladas no ano passado, que representa queda em relação a 2015 de 7,7%.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente-executivo do instituto, Marco Polo de Mello, disse que em 2016 a crise atingiu a economia como um todo, mas em especial o setor de produção de aço em razão da sobre-oferta do produto no mercado mundial. Hoje, a produção mundial de aço totaliza cerca de 780 milhões de toneladas, das quais mais de 400 milhões na China.

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Na avaliação do executivo do Instituto Aço Brasil, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país começou a piorar já em 2014, apresentando que expressiva tanto em 2015 quanto em 2016.

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— Quando se olha especificamente para o setor de aço, observa-se que os principais setores demandadores da matéria-prima (automotivo, máquinas e equipamentos e construção civil) e que juntos representam 80% do consumo do produto, todos sem exceção tiveram redução drástica em suas atividades.

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Juntos, estes setores fecharam em queda de 11,8%, em média, nos onze meses de 2016, queda esta que chega a 32% quando comparada ao mesmo período de 2013.

Mello ressalta o fato de que a crise por que passa o setor se refletiu diretamente no valor das ações na Bolsa de Valores.

— A posição das empresas do setor com ações em Bolsa despencou. Você pega Gerdau, Usiminas, ou CSN e vê que essas empresas — que valiam em 2008 cerca de R$ 110 bilhões cada — tiveram seu valor despencando para algo em torno dos R$ 12 bilhões a R$ 8 bilhões.

Crise política

O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil atribuiu, em parte, a estagnação da economia e seus reflexos sobre o setor do aço à crise política vivida no país durante boa parte do ano passado

— E eu não estou dizendo que este ou aquele governo é melhor ou pior. Mas o fato é que a crise política vivida até o impeachment levou a uma paralisia do país — até porque a prioridade passou a ser a política. Se você olhar bem, verá que todos os segmentos da economia praticamente estão trabalhando com um grau de ociosidade elevadíssimo. Isso acontece porque o mercado interno desapareceu por conta dos fatores conjunturais, principalmente, mas também em decorrência de fatores estruturais.

Perspectivas

Para Mello, as perspectivas para o setor, ao menos no curto prazo, não são boas.

— As medidas que foram tomadas pelo governo são insuficientes. Os juros caíram e essa é uma tendência fundamentalmente importante, mas no patamar atual em que eles estão, na melhor das hipóteses — com quedas de 0,75%, 0,50% [na taxa selic] — você precisaria aí de, no mínimo seis, sete meses para se chegar a um patamar razoável para fazer a economia voltar a crescer.

Na avaliação do executivo, os programas que poderiam levar ao reaquecimento do mercado interno, principalmente os de infraestruturas, ligados à pasta do ministro Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, precisam de pelo menos dois a três anos para se estruturarem e apresentarem resultados.

— Então no momento, segmentos como o do aço e, por extensão, o automotivo, o químico continuam vivendo uma situação em que a sua capacidade instalada não está sendo utilizada adequadamente.

Exportação

Na avaliação do presidente do Instituto Aço Brasil, a saída para a crise econômica, agravada pela retração do mercado consumidor interno, passa necessariamente pela decisão do governo de incentivar as exportações e dar-lhes competitividade para brigar no mercado externo.

Para isso, no entanto, ele entende que são necessárias decisões que desonerem o setor, dando-lhe competitividade, e que eliminem assimetrias que atrapalham atualmente o setor.

— A saída que nós estamos enxergando são as exportações. Mas cada segmento tem um grau de dificuldade maior, e o do aço é o mais drástico de todos, porque nós temos no mundo um excedente de capacidade de oferta da ordem 780 milhões de toneladas — e a capacidade brasileira é de 50 milhões. Então, a dificuldade na exportação do aço é maior do que em outras setores. É por isso que nós precisamos no mínimo eliminar as assimetrias competitivas — e a principal delas é o resíduo tributário que se tem hoje na exportação por conta do nosso sistema tributário.

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