O dólar avançava frente ao real nesta quarta-feira (6), pressionado pelo ambiente político incerto no Brasil conforme investidores reduziam suas apostas sobre eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A decisão do BC (Banco Central) de não anunciar leilão de swap cambial reverso, equivalentes a compra futura de dólares, limitava a alta da moeda norte-americana. Operadores também adotavam cautela antes da divulgação da ata do Fed (Federal Reserve, Banco Central norte-americano), nesta tarde.
Às 10h26, o dólar avançava 0,21%, a R$ 3,6887 na venda, após subir 3,32% nas duas sessões anteriores. A moeda norte-americana atingiu R$ 3,7105 na máxima desta sessão.
"O mercado está em dúvida, pisando com cuidado. É difícil saber o que vai acontecer em relação ao impeachment", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Incertezas sobre se o governo será capaz de angariar o número de votos necessário para sobreviver vêm pressionando os mercados nas últimas sessões. O PP cancelou reunião marcada para esta quarta-feira para decidir se o partido romperia com o governo ou permaneceria como aliado.
O relator do processo de impeachement na comissão que analisa o tema na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (PTB-GO), apresentará nesta quarta-feira seu parecer.
O Palácio do Planalto espera derrota na comissão, mas avalia que o resultado não será tão ruim para o governo quanto o imaginado inicialmente e que a decisão do plenário da Casa, onde tem concentrado seus esforços, será a mais importante, disseram à Reuters duas fontes palacianas.
Apesar das altas recentes, o dólar enfrentava dificuldades para se sustentar acima de R$ 3,70 após o BC deixar de anunciar leilão de swap reverso, depois de fazer diversas operações desse tipo nas últimas semanas, ajudando a tirar o dólar das mínimas em sete meses, na casa de R$ 3,56.
O BC manteve para esta sessão o leilão de até 5.500 swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem no mês que vem.
Investidores também adotavam cautela enquanto aguardavam novas pistas sobre o futuro da política monetária dos EUA com a divulgação da ata do Fed, às 15h (horário de Brasília).
Sinais conflitantes de autoridades do banco central norte-americano vêm alimentando incertezas sobre quando voltará a elevar os juros, manobra que tende a atrair capitais atualmente aplicados em mercados emergentes.
"Embora o motor do mercado no curto prazo seja local, o fator externo também é bastante relevante e pode afetar bastante as cotações", disse o analista de uma corretora internacional.