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Ex-camelôs faturam cerca de R$ 10 milhões por mês no RS e se tornam sucesso empresarial

Centro de compras em Porto Alegre abriga 800 profissionais que trabalhavam na rua

Economia|Andréa Miramontes, do R7

800 ex-ambulantes se regularizam agora trabalham no centro comercial Pop Center, em Porto Alegre (RS)
800 ex-ambulantes se regularizam agora trabalham no centro comercial Pop Center, em Porto Alegre (RS) 800 ex-ambulantes se regularizam agora trabalham no centro comercial Pop Center, em Porto Alegre (RS)

Maria das Graças Ribeiro, 65 anos, jamais imaginou que um dia sairia daquele perrengue, sem casa e tampouco dinheiro para fechar as contas do mês. Ela trabalhou como camelô por três décadas.

A comerciante conta das dificuldades de enfrentar as ruas, como todos os dias ter que montar a barraca e desmontar correndo, em caso de chuva.

— Estar na rua não é fácil. Chegava limpa e voltava toda suja. Também não tinha nada, as vendas são sofridas e nunca havia conseguido comprar minha casa.

A ex-camelô faz parte de um grupo de 800 ex-ambulantes que se regularizam e entraram para trabalhar em um centro comercial chamado Pop Center, em Porto Alegre (RS). 

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Se antes a realidade dessas pessoas era repleta de condições precárias, hoje, juntos faturam cerca de R$ 10 milhões em vendas ao mês e fazem parte de um case de sucesso em empreendedorismo social, estudado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).

— Estou há oito anos no shopping, pago aluguel, regularizei minha microempresa. Hoje tenho casa, carro e segurança para trabalhar. Só tenho a agradecer.

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A idéia veio de uma administradora de empresas que sabia bem a realidade em que essas pessoas se encontravam. Filha de pai operário de fábrica e mãe humilde, Elaine Deboni, hoje diretora institucional do shopping popular, juntou esforços para que a mudança acontecesse. 

— Meu berço foi um encosto de banco de ônibus da fábrica onde meu pai trabalhava. Quando eu nasci, não tínhamos nada. Na época, meu pai já era pintor na fábrica, onde começou como office boy. Tenho nele um grande exemplo, pois ele começou como pintor na fábrica, foi subindo de cargo até comprar cotas e se tornar sócio-majoritário.

"O começo foi difícil", conta Elaine Deboni
"O começo foi difícil", conta Elaine Deboni "O começo foi difícil", conta Elaine Deboni

Como aumentaram o lucro?

Apesar do sucesso do projeto, no começo, os ambulantes brigaram, não queriam deixar as ruas. Protestos e resistência tentaram afundar a idéia do shopping, como conta Elaine Deboni.

— O começo foi difícil, muitos ex-camelôs foram resistentes a trabalharem dentro do centro comercial. Queriam voltar para as ruas, o que legalmente era impossível pois a prefeitura tinha proibido.

O local surgiu de uma parceria público-privada para abrigar os camelôs de forma mais segura e organizada. A empresária organizou palestras com a Receita Federal, Sebrae e a ADVB (Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing), além de ter trazido aulas do Senac, para ajudar na profissionalização dos profissionais.

De acordo com a ex-ambulante Maria das Graças Ribeiro, o aluguel baixo ajuda a manter o lucro alto, uma vez que a clientela mais que dobrou, depois de sair da rua.

Isso porque o movimento do shopping é de cerca de 40 mil pessoas por dia, com média de 1,2 milhão de clientes por mês. Em 2012 levantou que 70% deles já eram legalizados nessa época Neste ano, estima-se que esse número chegou aos 90%.

Vale a pena ser formal?

Sim. De acordo com Marcela kawauti, economista chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), as chances de sucesso para quem se profissionaliza são maiores. Ela conta das vantagens.

— O microempresário passa a ter acesso ao crédito. Também pode estabelecer contrato com fornecedores com força de lei. Ganha mais clientes, pois muita empresa só contrata serviços dos formais. E quando estão unidos, como no caso acima, podem fazer promoções em conjunto que atraem mais clientes.

A economista ainda ressalta que, como na iniciativa acima, é muito importante o empresário procurar cursos para ajudar na gestão.

— Muita gente domina a atividade final, mas não sabe os meios para gerir, como fazer estoque, precificar, contratar mão-de-obra e até emitir nota fiscal. Procurar instrução é o primeiro passo à formalidade. Sebrae é sempre boa pedida e tem cursos gratuitos para ajudar na gestão do negócio.

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