O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, fechou esta sexta-feira (28) em alta de 0,24% e registrou no segundo trimestre o melhor desempenho percentual dos últimos 10 anos.
O resultado positivo surge após o índice quebrar recordes sucessivamente, guiado pelo cenário de juros menores nas principais economias do mundo, além de expectativas de andamento da pauta de reformas no Brasil.
Na sessão desta sexta, o Ibovespa subiu 0,24%, a 100.967,20 pontos. O volume financeiro somou R$ 14,9 bilhões. Na semana, o índice caiu 1,03%, mas acumulou no mês alta de 4,06% e encerrou o segundo trimestre com valorização de 5,82%.
Há 10 anos, o ganho acumulado do segundo trimestre foi de 25,75%. Em 2019, o ganho alcança 14,88%.
"Após a recente mudança de orientação dos principais bancos centrais, pensamos que uma janela de oportunidade foi criada e deve ser aproveitada por qualquer economia emergente que deseje construir um futuro mais estável para seu povo", destacou o estrategista Ronaldo Patah, do UBS no Brasil.
Durante o mês, tanto o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, como o BCE (Banco Central Europeu) adotaram discursos com tom 'dovish' para os juros dado o cenário e atividade econômica mais lenta em suas regiões, gerando expectativa de potencial fluxo de recursos a emergentes.
Na visão de Patah, do ponto de vista doméstico, a reforma da Previdência será aprovada no país nos próximos dois meses, com um impacto robusto nas despesas do governo nos próximos 10 anos, permitindo que a agenda pública avance, com andamento de outras pautas relevantes à economia brasileira.
Em relatório a clientes no final da quinta-feira, entre outros ajustes em sua alocação de ativos táticos e considerando uma carteira de referência local, ele elevou a recomendação para a bolsa para 'overweight' ante 'neutra'.
Nomes relevantes do Congresso e do governo têm adotado um tom positivo quanto à chance de o texto ser votado pelo plenário da Câmara dos Deputados antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho, mas a matéria ainda precisa ser votada em comissão da Casa, o que está previsto para a próxima semana.
Na segunda etapa da sessão, corroborando a percepção mais favorável sobre o país, o governo brasileiro anunciou conclusão de acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que representará um incremento do PIB brasileiro de 87,5 bilhões de reais em 15 anos.
A bolsa ainda fechou a sexta-feira na expectativa de encontro entre os presidentes dos EUA e da China no sábado, durante cúpula do G20, notadamente sinais de progressos nas relações comerciais entre os dois gigantes econômicos que têm adicionado volatilidade aos mercados nos últimos meses.
Destaques
• PETROBRAS ON fechou em alta de 0,43%, após recuar em todos os pregões da semana na esteira da oferta secundária de papéis da companhia detidos pela Caixa Econômica Federal. A melhora teve endosso em comentários do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, no final da quinta-feira, de que a Petrobras deverá sair dos segmentos de transporte e distribuição de gás no Brasil. PETROBRAS PN subiu 0,66%. No mês, as ONs acumularam elevação de 6,3% e as PNs, de 7,28%.
• VALE subiu 0,23%, em dia de alta dos contratos futuros do minério de ferro na China, que atingiram máximas recordes nesta sexta-feira e registraram seu maior ganho trimestral desde o final de 2016, impulsionados pelas expectativas de que o suprimento da matéria-prima na maior produtora de aço do mundo continuará apertado na segunda metade do ano. Em junho, as ações da Vale apreciaram-se 5,76%.
• ITAÚ UNIBANCO PN fechou com variação positiva de 0,03% e BRADESCO PN cedeu 0,42%, mas encerrando o mês com ganhos de 3,64% e 2,05%, respectivamente. BANCO DO BRASIL, que subiu 0,26% no dia, fechou junho com elevação acumulada de 4,37%.
• CYRELA valorizou-se 3,74%, em sessão com alta de 2,24% do índice do setor imobiliário na B3, tendo de pano de fundo um cenário recente mais favorável ao setor imobiliário, que contempla queda nas taxas de juros futuras, liberação de compulsório e possíveis mudanças em regras de financiamento pela Caixa.
• ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB subiram 3,37% e 2,59%, respectivamente. A elétrica estatal disse na véspera que aprovou a reestruturação societária entre as subsidiárias Eletrosul Centrais Elétricas e CGTEE (Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica), visando a obtenção de sinergia operacional, tributária, econômico-financeira e societária.