Se normalmente os brasileiros já consideram difícil poupar dinheiro e investir, em meio à atual situação econômica fica ainda mais complicado. Além disso, é preciso ter ainda mais cuidado ao escolher onde colocar a reserva financeira.
Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) em parceria com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostra que a poupança é a modalidade de investimento mais popular entre os brasileiros, citada por 69,5% dos entrevistados.
De acordo com o estudo, a maior motivação por trás do investimento na poupança é a busca pela estabilidade, de modo a evitar ao máximo os riscos envolvidos.
A segurança e o desejo de evitar a possibilidade de perda financeira, portanto, são as razões mais citadas para a opção pela poupança (56,1%), e também para outros investimentos, como os imóveis (59,8%) e a previdência privada (39,2%).
Veja em que aplicar sua grana e ganhar mais do que a poupança
Tesouro Direto rende 29,4% a mais que a caderneta de poupança em um ano de aplicação
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, devido à sua liquidez, a poupança pode ser uma boa opção para quem tem valores baixos a serem investidos ou querem ter ganhos a curto prazo.
— Apesar de tratar-se de uma modalidade de baixo risco, é preciso ponderar que a poupança oferece um retorno menor. No último ano, o rendimento ficou muito abaixo da inflação. Mesmo que a poupança ofereça maior liquidez e mais segurança, perde-se na comparação com outras opções de investimentos.
De acordo com a pesquisa, os consumidores investem pensando em proteger-se contra imprevistos, realizar um sonho ou planejar-se para o futuro. A principal finalidade mencionada corresponde aos imprevistos como doenças ou morte (28,6%), seguida pelo desejo de garantir um futuro melhor para a família (28,0%). Também são citadas a aposentadoria (21,5%), a compra da casa (21,2%) e a reserva para o caso de ficar desempregado (19,5%).
Fundos preferidos
Além da poupança, outras opções de investimento foram pesquisadas pelo SPC Brasil. Cerca de 28,8% dos brasileiros possuem imóveis e 8,9% possuem previdência privada. Em ambos os casos, a segurança é a principal justificativa para a escolha, assim como acontece com a poupança.
Quem opta pelos fundos de investimento afirma que a escolha é motivada, principalmente, pela indicação do gerente do banco (33,8%), sendo que 5,9% dos entrevistados possuem essa opção.
Saques da poupança no primeiro bimestre de 2016 foram os maiores em 21 anos, diz BC
Entre os brasileiros que possuem dólar (5,5%), o objetivo principal é ter maior rentabilidade sem correr riscos (para 22,9% desses entrevistados). Segundo Marcela, a decisão de olhar para a moeda estrangeira como forma de investimento vem da valorização “surpreendente” registrada pela moeda norte-americana no ano passado.
— De R$ 2,66 no final de 2014, a moeda americana terminou o ano passado sendo cotada a R$ 3,95, uma valorização de 48,5% em um ano, como um dos desdobramentos do conturbado contexto político e econômico vivido no Brasil ao longo do ano. Ainda assim, por conta de sua volatilidade, o dólar não pode ser considerado um ativo livre de risco.
De olho nas dívidas
Questionados sobre a frequência com que os brasileiros que têm poupança e outros investimentos realizam depósitos, 32,2% dos entrevistados disseram fazer mensalmente e 36,6% não têm frequência certa para fazê-lo. Na média, são cinco aplicações realizadas ao ano.
Considerando o último mês anterior à pesquisa, a média do valor do depósito feito foi de R$ 418 e 60% dos entrevistados não souberam ou preferiram não responder a esta questão.
Leia mais sobre Economia e ajuste suas contas
Quando recebem uma quantia extra significativa de dinheiro, como o 13º, PLR, entre outros, menos da metade (41,3%) costuma economizar, poupar ou investir este dinheiro e 32,8% usam para pagar dívidas e organizar a vida financeira. Sete em cada dez entrevistados (68,6%) que têm investimentos afirmam ter usado ao menos parte nos últimos 12 meses, principalmente para cobrir gastos mensais e pagar contas em atraso, sobretudo entre as classes C, D e E.
Entre os brasileiros que não possuem qualquer tipo de poupança ou investimento, para 61,9% o principal motivo é o fato de nunca sobrar dinheiro para guardar, 20,7% não têm esperança que com pouco dinheiro juntará um bom valor a longo prazo e 9,9% afirmam não ter disciplina.
Para o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, o brasileiro ainda não incorporou a ação de poupar como um hábito.
— Mesmo nos meses em que o orçamento estiver mais apertado, o ideal é poupar algum valor, ainda que pequeno. Com o passar do tempo e a disciplina dos depósitos frequentes, a tendência é que a reserva cresça e se torne cada vez mais relevante.
De acordo com Vignoli, “poupar é uma questão de foco” e necessita que sejam repensadas as práticas de consumo para tornar o investimento em uma realidade.