O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (27) a nota de política monetária e operações de crédito do sistema financeiro em que aponta um aumento nos juros e a estabilidade da inadimplência.
A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as contratações com recursos livres e direcionados, atingiu 29,3% a.a. em setembro, registrando aumentos de 0,3 p.p. no mês e de 5,5 p.p. em 12 meses.
No crédito livre, o custo médio situou-se em 46,2% a.a. (+0,8 p.p. no mês e 9,4 p.p. em 12 meses). Com essa alta, a taxa volta a ser a maior taxa da série iniciada em março de 2011.
Desde o início do ano, em todos os meses a taxa de juros tem sido recorde e batido a do mês anterior.
Enquanto nas contratações com recursos direcionados recuou para 9,8% a.a. (-0,4 p.p. no mês; + 1,7 p.p. em 12 meses).
Para os consumidores (pessoas físicas), a taxa média subiu 0,4 p.p. no mês e 6,4 p.p. em 12 meses, atingindo 37,4% a.a. Nas contratações das famílias com recursos livres, a taxa média de juros aumentou 1,1 p.p., para 62,3% a.a — também a maior da série histórica —, sobressaindo as elevações em cheque especial (+10,5 p.p.) e cartão de crédito rotativo (+10,8 p.p.). No crédito direcionado, o custo médio declinou 0,1 p.p. no mês, para 9,8% a.a.
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Nos empréstimos às empresas, a taxa média de juros situou-se em 20,4% a.a., mantendo estabilidade no mês e subindo 4 p.p. em 12 meses. Nas operações com recursos livres, a taxa média aumentou 0,6 p.p. no mês, para 29,3% a.a., destacando-se as altas em capital de giro (+0,8 p.p.) e conta garantida (+1,3 p.p.).
Nas contratações com recursos direcionados, a taxa atingiu 9,7% a.a., após redução de 0,8 p.p., determinada principalmente pelos financiamentos para investimentos do BNDES (-1 p.p.).
Inadimplência
A inadimplência das operações de crédito do sistema financeiro, referente a atrasos superiores a noventa dias, permaneceu estável no mês em 3,1%, observando crescimento de 0,2 p.p. em 12 meses.
As taxas de inadimplência também permaneceram estáveis nos créditos às famílias e às empresas (em 3,9% e 2,4%, respectivamente) e nos segmentos livre e direcionado (em 4,9% e 1,2%).
Já o spread bancário (diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga ao captar dinheiro) no crédito total recuou 0,3 p.p. no mês e aumentou 3,1 p.p. em 12 meses, situando-se em 18,5 p.p.
Os indicadores relativos aos segmentos de pessoas físicas e jurídicas alcançaram 26,3 p.p. (-0,2 p.p.) e 9,9 p.p. (-0,6 p.p.), respectivamente. No crédito livre, o spread diminuiu 0,5 p.p., situando-se em 31,5 p.p., enquanto, no direcionado, recuou 0,3 p.p., para 3,4 p.p.
Operações de crédito
O saldo total das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,16 trilhões em setembro, com expansões de 0,8% no mês e 9,1% em 12 meses (comparativamente a 0,8% e 9,7% em agosto, na ordem).
A variação mensal refletiu elevações de 1,2% e 0,4% nas carteiras destinadas a pessoas jurídicas e a pessoas físicas, que somaram R$ 1,676 trilhão e R$ 1,485 trilhão, respectivamente. A relação crédito/PIB atingiu 55%, ante 54,8% em agosto e 53,3% em setembro do ano anterior.
Financiamentos
Os financiamentos com recursos direcionados alcançaram saldo de R$ 1,552 trilhão (+1,1% no mês e +13,8% em 12 meses). As operações com pessoas físicas somaram R$ 689 bilhões (+0,8% no mês), destacando-se o arrefecimento do crédito imobiliário, cujo crescimento em 12 meses recuou para 19,8%.
No segmento corporativo, o saldo registrou expansão mensal de 1,4%, atingindo R$ 863 bilhões, sobressaindo os financiamentos para investimentos com recursos do BNDES, que refletiram o efeito da depreciação cambial, e o crédito rural.
Entre os setores de atividade econômica, os créditos destinados à indústria de transformação, saldo de R$ 463 bilhões, cresceram 1,3% no mês, com ênfase no ramo de petróleo e combustíveis.
Os empréstimos ao comércio registraram recuperação, alcançando saldo de R$ 301 bilhões (+1,7%), enquanto os saldos destinados aos setores de administração pública e transportes totalizaram R$ 117 bilhões (+3,2%) e R$ 167 bilhões (+1,6%), respectivamente.
Consideradas as operações acima de R$ 1.000, o crédito destinado à região Sudeste, alcançou saldo de R$ 1,698 trilhão, com expansão de 1,1% no mês, destacando-se as operações para pessoas jurídicas, que respondem por 60% do crédito na região e cresceram 1,7%.
Nas demais regiões, nas quais predominam os empréstimos para pessoas físicas, o crédito registrou expansões de 0,6% na região Sul (saldo de R$ 548 bilhões), 0,7% no Nordeste (R$ 398 bilhões), 0,7% no Centro-Oeste (R$ 325 bilhões) e 0,7% no Norte (R$ 117 bilhões).