O desejo de uma cidade se tornar sede dos Jogos Olímpicos passa pela expectativa de uma grande transformação urbana, com melhorias na infraestrutura e revitalização das áreas mais pobres. Apenas isso já é suficiente para iniciar um ciclo de valorização dos imóveis, assim que a cidade é oficialmente escolhida.
Com o Rio de Janeiro não foi diferente. De outubro de 2009, com a indicação para ser sede, até o início de 2015, a cidade experimentou uma valorização expressiva no preço dos imóveis e aluguéis.
Alguns bairros como Gamboa e Estácio acumularam valorização de 365,7% e 232%, respectivamente, até maio de 2016, de acordo com dados do indicador FipeZap.
No geral, o preço dos imóveis se valorizaram bem acima da média nacional, conforme demonstra o gráfico ao lado feito com base nos dados da FipeZap.
Mas o que proprietários e inquilinos querem saber é se esse patamar se manterá ou se teremos uma forte reversão logo após o evento.
Um estudo publicado pela Capital University of Economics de Beijing na China, de autoria de Tiansheng Xu pode nos ajudar a responder esta pergunta.
Ao analisar o que ocorreu nas últimas cidades-sede desde 1988, o pesquisador identificou um padrão. Nos anteriores ao evento ocorre uma significativa valorização dos imóveis e aluguéis, seguida de uma queda logo após o evento e que em alguns casos foi de grande intensidade, principalmente nas áreas próximas as instalações olímpicas.
Nem mesmo Barcelona 1992, considerada a mais bem-sucedida Olímpiadas de todos os tempos escapou deste padrão. De acordo com as estatísticas, os imóveis se valorizaram cerca de 300% durante os 6 anos anteriores ao evento, mas caíram bruscamente já em 1993. A única exceção ao padrão foi Atlanta 1996 que não apresentou grandes valorizações nem antes e nem depois do evento.
Com um ciclo de queda nos imóveis em curso em todo país desde 2014 — conforme já apresentado no R7 — e o efeito olímpico, a expectativa é de quedas mais expressivas no preço dos imóveis e aluguéis no Rio de Janeiro, principalmente nos bairros próximos ao centro olímpico e suas instalações.
O lado bom destas quedas é reverter o processo de exclusão da população de média e baixa renda, que nos últimos anos foi forçada a se mudar para áreas mais distantes, em que os aluguéis e o custo de vida eram mais compatíveis com seus rendimentos.
De 2010 a meados de 2014, os alugueis na cidade subiram mais de 90%, enquanto a inflação oficial (IPCA) no mesmo período foi de apenas 31,18%, o que retrata bem, o lado negativo do efeito olímpico.