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Mapa do Ensino Superior aponta aumento na evasão e queda na taxa de escolarização

Levantamento realizado com base nos dados do Censo de 2020 mostra os impactos da pandemia de Covid-19 no setor 

Educação|Karla Dunder, do R7

Número de jovens matriculados no ensino superior não aumenta no país
Número de jovens matriculados no ensino superior não aumenta no país Número de jovens matriculados no ensino superior não aumenta no país

O Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, divulgou nesta terça-feira (14) o Mapa do Ensino Superior, um estudo detalhado do impacto da pandemia na educação superior do país. De 2020 para cá, a crise sanitária influenciou no número de matrículas e na evasão.

De acordo com o levantamento, a EAD (Educação a Distância) registrou crescimento, o que já era uma tendência nos últimos anos. No entanto, o estudo mostra que a modalidade não atinge o público mais jovem, o que resulta na queda da taxa de escolarização no país.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, destaca que o "Mapa do Ensino Superior reúne dados de todo o Brasil e por estado, a partir dos dados do Censo de 2020". 

"O ensino superior teve um crescimento tardio no Brasil. A expansão começa a partir da década de 1990 e, após programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), houve a expectativa da democratização de acesso", afirma Capelato. "Olhando o Mapa, houve um crescimento de matrículas, mas a taxa de escolarização não cresceu. No Brasil, a taxa é muito baixa", avalia. 

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O total de matrículas aumentou apenas 0,9% de 2019 para 2020, uma queda de 50% em comparação ao período anterior, quando as matrículas tinham crescido 1,8%.

"Com a perda de renda e empregos, sem uma política pública efetiva, o número de alunos ingressantes no presencial é inferior porque o custo é mais alto. Considerando que a maioria dos mais jovens prefere o presencial, podemos dizer que houve uma diminuição do número de jovens no ensino superior", ressalta.

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Esse pequeno aumento foi gerado pela modalidade EAD, que registrou um

salto de 26,8% no número de alunos em comparação com 2019. Já as matrículas presenciais caíram 9,4% no mesmo período, um padrão de queda que já vinha acontecendo nos últimos anos. Vale destacar que esse número é relativo ao número de novos alunos.

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Os números do Censo da Educação Superior 2020 também apontam queda no número de jovens que ingressaram no ensino superior, o que afeta diretamente a taxa de escolarização líquida (que mede a proporção de pessoas de 18 a 24 anos que frequentam o ensino superior em relação à população dessa faixa etária). Em 2020, a taxa registrou uma queda de 0,3 ponto percentual e chegou aos 17,8%.

Com o EAD ainda atraindo um público mais velho, entre 29 e 44 anos, que já está inserido no

mercado de trabalho, os mais jovens seguem excluídos da educação superior.

Na prática, sem atrair os jovens para o ensino superior, o país está cada vez mais distante de cumprir a meta do PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece uma taxa de escolarização líquida para o ensino superior de 33% em 2024.

O Mapa do Ensino Superior mostra que tanto a rede pública quanto a particular tiveram estabilidade no número de jovens matriculados até 24 anos, crescendo 0,1 e 0,7 ponto percentual, respectivamente, de 2019 para 2020.

"A taxa de evasão, que corresponde à soma do número de estudantes que trancaram a matrícula e não voltaram, dos que abandonaram o curso e dos que faleceram, cresceu pouco no setor privado, se comparado a 2019, pois muito rapidamente houve a migração para as aulas remotas. Já no setor público aconteceu um aumento bem grande devido ao tempo sem aula", explica o diretor-executivo do Semesp. Em número absolutos, 3,7 milhões de alunos deixaram o ensino superior.

Considerando o primeiro ano da pandemia de Covid-19, as taxas de evasão registraram um aumento um pouco mais acentuado, de 3,3 pontos percentuais na rede pública, mais afetada com a suspensão das aulas presenciais.

O mapa mostra que 78,8% dos estudantes que concluíram um curso presencial em 2020 eram de instituições de ensino privadas. De 2019 para 2020, o número de concluintes de cursos presenciais caiu 6% no total, sendo 0,4% na rede privada e 22,1% na rede pública.

A queda da rede pública foi mais acentuada em virtude de uma demora maior das instituitções públicas a adotar as aulas remotas emergenciais em virtude da pandemia de Covid-19.

Apesar de uma queda de 9% nas matrículas de 2019 para 2020, o curso de direito segue como o presencial com mais alunos da rede privada. Psicologia subiu da quarta para a segunda

colocação no mesmo período, com aumento de 3,1% nas matrículas da rede privada.

Na rede pública, pedagogia e direito se mantêm como os cursos mais procurados, com 4,7% e 4,6% das matrículas, respectivamente.

Pedagogia continua sendo o curso mais procurado na modalidade EAD nas redes privada e pública. Apesar do aumento de 8,6% nas matrículas EAD de pedagogia de 2019 para 2020, o curso perdeu 3,5 pontos percentuais na representatividade da modalidade, caindo de 22,5% para 19,0% no total das matrículas da rede privada.

Os prognósticos são melhores para 2021. Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Semesp comparando o primeiro semestre de 2021 com o primeiro semestre de 2020, a rede privada pode registrar queda de 5,9% na taxa de evasão nos cursos presenciais. Nos cursos EAD, a tendência segue de crescimento, com previsão de aumento de 8,2% na taxa de evasão na modalidade.

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