Com tempos iguais na propaganda eleitoral, que recomeçou na noite desta quinta-feira (9), Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) adotaram estratégias diferentes no primeiro programa do segundo turno. A campanha petista destacou problemas do governo de Fernando Henrique Cardoso e atacou o ex-presidente. O tucano usou imagens do avô, Tancredo Neves e comparou a gestão dele em Minas Gerais com a da adversária na Presidência.
Dilma começou destacando a vitória dela e do governador eleito Fernando Pimentel (PT), no primeiro turno, em Minas Gerais, terra de Aécio. Ao dizer que não faz “ataques pessoais ao candidato adversário”, Dilma elencou críticas ao governo FHC.
— Ele [Aécio] representa um governo que quebrou o País três vezes, que abafou todos os escândalos de corrupção, que privatizou patrimônio público a preço de banana, que causou desemprego altíssimo, arrocho salarial e recessão, que se curvou ao FMI [Fundo Monetário Internacional] e esqueceu os mais pobres, que não investiu nem na área social, nem na infraestrutura.
Um narrador do programa petista enfatizou os ataques ao ex-presidente.
— Quando era presidente, ele chegou a chamar os aposentados de 'vagabundos'. Agora, ao comentar o primeiro turno dessa eleição, FHC disse literalmente: ‘não é porque são mais pobres que votam no PT, mas porque são menos informados’. Ou seja, para FHC, os 43.267.668 eleitores de Dilma são ignorantes.
A presidente ressaltou avanços da gestão petista, mas admitiu problemas.
— Não quer dizer que eu ache que tudo está perfeito. Não está não. Estamos enfrentando dificuldades momentâneas na economia. A qualidade da saúde, da segurança e da educação ainda deixa muito a desejar.
Dilma ainda exibiu governadores eleitos no primeiro turno que são do partido dela ou da base aliada dela, como Rui Costa, da Bahia; Renan Filho, de Alagoas; Raimundo Colombo, de Santa Catarina; Marcelo Miranda (TO) e Wellington Dias (PI).
Aécio Neves
O programa de Aécio, exibido em seguida, começou falando de Tancredo Neves, avó do candidato.
— Há 30 anos, quando o Brasil sofria uma cruel ditadura e pedia por mudanças, um mineiro chegou e disse que se os brasileiros deixassem as diferenças de lado e se unissem sob uma mesma bandeira, nada poderia detê-los. [...] Tancredo Neves mostrou que nada é impossível quando o povo está unido. E hoje, 30 anos depois, justo quando o País mais precisa, aparece outro mineiro, neto de Tancredo, para denunciar o que está errado e fazer a grande mudança que o Brasil precisa.
Foram exibidos vídeos e fotos antigas, dos dois. Aécio agradeceu os votos recebidos e voltou a defender mudança. Ele não criticou diretamente Dilma, mas atores fizeram uma comparação.
— Dilma pegou um País que ia bem e que quatro anos depois está em recessão, parado. Aécio pegou um Estado [Minas Gerais] que ia mal e dois anos depois voltou a crescer. Dilma aumentou o número de ministérios e cargos políticos. Aécio cortou o número de secretarias e de cargos políticos.
A propaganda tucana encerrou mostrando os apoios recentes à candidatura de Aécio: dos candidatos derrotados na disputa presidencial, Eduardo Jorge (PV) e Pastor Everaldo (PSC); de Roberto Freire, presidente do PPS; e do PSB, partido de Marina Silva. Aécio também voltou a falar de Eduardo Campos ao ressaltar que o Brasil precisa de mudanças.
Ibope e Datafolha mostram empate técnico entre Dilma e Aécio