Antes de embarcar para o Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (10), a presidente da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), cobrou que haja uma “investigação profunda” das denúncias de corrupção na Petrobras. Ela ainda disse que se houve participação de integrantes do PT no esquema, que eles sejam responsabilizados.
— Se pessoas do PT erraram, se em qualquer outro partido tiverem pessoas que erraram, elas têm de ser punidas. Aí é o seguinte: é o doa a quem doer. Você não condena uma instituição. No Brasil, você condena pessoas. Então, se alguém errou, tem de pagar, em qualquer partido, não interessa o partido. Aí é o princípio de quem cometeu o crime que pague por ele.
A presidente ainda disse que o vazamento de trechos dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef, beneficiados pela delação premiada, tem interesse eleitoral. Para Dilma, a investigação foi parcialmente divulgada.
— Então, eu acho muito estranho e muito estarrecedor que no meio de uma campanha eleitoral façam esse tipo de divulgação. [...] Eu acredito que no Brasil é muito importante, para que de fato a gente combata a corrupção, que a gente não deixe uma coisa se misturar com a outra, que haja um interesse legítimo, real, concreto de punir corruptos e corruptores. Agora, que não se use isso de forma leviana em períodos eleitorais, e de forma incompleta, porque nós não temos acesso a todas as informações.
O vazamento do áudio dos depoimentos, ontem, surpreendeu o governo e a campanha de Dilma. Youssef e Costa disseram que o esquema de propina envolvendo contratos com diretorias da Petrobras repassava dinheiro para o PT, PP e para o PMDB. Horas depois, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também citado pelos delatores, subiu em um palanque e saiu em defesa do partido.
Ontem, a Direção Nacional do PT chamou as acusações de "caluniosas". Segundo o presidente nacional do partido, Rui Falcão, “todas as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral”. Ele disse ainda que é “estranha a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas”.
A assessoria de imprensa do PP afirmou em nota que "o Partido Progressista desconhece as denúncias, mas está à disposição para colaborar com todas as investigações". Procurado, o PMDB informou que não comentará o caso.