O jovem suspeito de realizar um atentado na Maratona de Boston, que se recupera dos ferimentos sofridos durante sua captura, foi transferido nesta sexta-feira do hospital em que estava internado para um centro médico penitenciário, informaram as autoridades judiciais americanas.
Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, foi enviado para o Centro Médico Federal Devens, perto de Boston, informou o porta-voz Drew Wade em um comunicado de apenas uma frase, que não esclareceu a razão da transferência ou detalhes do estado de saúde do suspeito.
Este centro médico está localizado 65 km a noroeste do hospital de Boston, onde Tsaranev se recuperava desde que foi encontrado gravemente ferido em um barco após uma caçada que paralisou a cidade, dias depois do duplo atentado que deixou três mortos e 264 feridos.
O Escritório Federal de Prisões descreveu Devens como um local para infratores do sexo masculino que precisam "de atendimento médico ou mental especializado ou de longo prazo".
O irmão de 26 anos de Dzhokhar, Tamerlan - o outro suspeito do ataque - faleceu em um tiroteio com a polícia na semana passada quando tentava deixar Boston com o irmão em um carro roubado.
O anúncio da transferência foi feito um dia após as autoridades afirmarem que os irmãos planejavam detonar mais explosivos na Times Square, em Nova York, quando eram perseguidos pela polícia.
O chefe da polícia de Nova York, Ray Kelly, disse que os dois tomaram a rápida decisão de ir a Nova York enquanto dirigiam pelos subúrbios de Boston em uma Mercedes preta sequestrada com ao menos seis bombas em sua posse.
Dzhokhar Tsarnaev confessou o plano aos agentes do FBI em seu leito de hospital, informou o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, afirmando: "É um lembrete terrível de que continuamos sendo alvos de terroristas".
A Polícia de Nova York aumentou a segurança na Times Square desde um atentado frustrado com carro-bomba em 2010.
O plano dos irmãos "foi por água abaixo quando eles perceberam que o veículo que eles roubaram tinha pouco combustível e ordenaram que o motorista parasse em um posto de gasolina próximo. O motorista aproveitou a oportunidade para escapar e ligar para a polícia", disse Kelly.
A ligação iniciou uma caçada humana envolvendo milhares de policiais.
O proprietário do carro, um imigrante chinês que se identificou apenas como Danny, de 26, contou que o mais velho dos Tsarnaev sequestrou seu carro três noites depois dos ataques. Os dois bateram na janela de sua Mercedes SUV, entraram no carro com uma arma nas mãos e assumiram a responsabilidade pelo ataque na maratona.
Temendo por sua vida, Danny levou Tsarnaev pelo subúrbio de Boston, seguido de um sedã dirigido por Dzhokhar, que se juntou a eles, posteriormente. Os irmãos colocaram uma bagagem na mala do carro, que, segundo a polícia de Nova York, teria pelo menos seis bombas. Os agentes policiais disseram que o mais novo dos Tsarnaev confessou a posse de bombas no interrogatório.
Aparentemente, os irmãos pretendiam seguir para Nova York, mas o carro estava com pouco combustível. Quando os três chegaram a um posto de gasolina da Shell, Danny conseguiu fugir.
"Eu estava pensando que precisava fazer duas coisas: soltar o cinto do carro e abrir a porta e pular o mais rápido que eu pudesse. Se eu não fizesse isso, ele ia me matar logo depois", contou Danny ao jornal "The Boston Globe".
"E eu fiz isso. Fiz muito rápido, usando a mão esquerda e a direita ao mesmo tempo para abrir a porta, soltar o cinto, pular fora e ir", correndo sem olhar para trás.
A dupla fugiu no Mercedes, com o iPhone de Danny ainda dentro do veículo. O aparelho permitiu que a polícia descobrisse seu paradeiro.
Os dois irmãos tinham uma bomba em uma panela de pressão - semelhante às utilizadas no atentado na maratona - assim como cinco bombas de fabricação caseira e granadas improvisadas quando dirigiam tentando evitar sua captura, disseram autoridades.
A noite terminou com um policial morto e outro gravemente ferido, além de um dos suspeitos morto e o outro ferido.
Mas o presidente republicano do Comitê de Inteligência da Câmara contestou esta afirmação, dizendo que era mais provável que os irmãos Tsarnaev estivessem planejando outro ataque em Boston.
"Não está claro para mim que eles estavam de fato indo detonar esses dispositivos (em Nova York), ainda que estivessem em posse deles", disse Mike Rogers à CNN.
"É mais plausível para mim que eles iam realizar outro ataque na área de Boston e estavam se escondendo em Nova York, (este) era seu plano".
Rogers afirmou que desde que o jovem Tsarnaev, que se recupera de um ferimento de bala na garganta, leu seus direitos de Miranda de consultar um advogado e permanecer em silêncio, "não continuou a cooperar com as autoridades".
E existem outros suspeitos que serão interrogados por este caso, disse Rogers. Entre eles, está Zubeidat Tsarnaev, mãe dos dois jovens. O objetivo é descobrir se ela contribuiu para radicalizar Tamerlan. Após a morte do filho mais velho, Zubeidat fez duras críticas ao governo americano.
"Ela é considerada suspeita para investigarmos se ajudou a radicalizar o filho, ou se teve contato com outras pessoas ou grupos terroristas", disse o congressista democrata Dutch Ruppersberger, do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, aos jornalistas.
Dzhokhar Tsarnaev foi acusado de utilizar armas de destruição em massa e pode ser condenado à pena de morte.
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