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Após fake news, escola em Miami proíbe vacinação de professores

Fundadora do colégio cita notícias falsas de que pessoas imunizadas poderiam contaminar as crianças para basear a ordem

Internacional|Da AFP

Escola particular em Miami proibiu seus professores e funcionários de se vacinar
Escola particular em Miami proibiu seus professores e funcionários de se vacinar Escola particular em Miami proibiu seus professores e funcionários de se vacinar

Uma escola particular de Miami proibiu seus professores e o restante dos funcionários de receberem a vacina contra a covid-19, citando argumentos sem nenhuma evidência, dizendo que o contato com pessoas vacinadas seria nocivo para os alunos.

Leia também: EUA flexibilizam uso de máscara ao ar livre para imunizados

Os críticos afirmam que a medida da Centner Academy é um claro exemplo dos perigos da desinformação e das fake news, em um momento em que os EUA ampliam os esforços para vacinar sua população.

Leila Centner, co-fundadora da escola, escreveu em uma carta aos funcionários que os professores vacinados não teriam permissão de se aproximar das crianças. Aos que não tenham se imunizado, ela exige que só o façam no fim do ano escolar.

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"Surgiram informações de pessoas não-vacinadas que foram afetadas negativamente por interagir com pessoas que foram vacinadas", disse Centner, repercutindo informações falsas que circulam nas redes sociais.

Em uma nota enviada na segunda-feira (26) à AFP, ela afirmou que "parece que os que receberam injeções podem estar transmitindo algo de seus corpos para aqueles com quem eles estejam em contato".

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Essas afirmações têm sido firmemente refutadas por cientistas e diversos verificadores de fatos.

"Não existe nenhuma evidência que sugira que a vacina faça com que uma pessoa emita o vírus SARS-CoV-2", disse Jamie Scott, professora emérita e ex-catedrática em pesquisas sobre imunidade molecular da Universidade Simon Fraser, do Canadá.

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"É impossível, já que todas as vacinas fazem com que as células produzam apenas a proteína spike e nenhum outro componente do vírus", explicou a especialista à AFP Fact Check, a equipe de checagem de fatos da AFP.

Da mesma forma Dasantila Golemi-Kotra, professora de microbiologia da Universidade de York (Reino Unido), disse que "não expulsamos nenhuma proteína quando nos vacinamos, essa é uma ideia distorcida".

A FDA, a agência federal de alimentos e medicamentos dos EUA, autoridades equivalentes de todo o mundo e a Organização Mundial de Saúde aprovaram o uso emergencial de várias vacinas quando elas se demonstraram seguras e efetivas.

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O processo de vacinação na Flórida avança rapidamente, com 6 milhões de pessoas imunizadas, de uma população de 23 milhões.

Alguns pais se mostraram incomodados com a decisão de Centner.

Na escola dizem "meu corpo, minhas escolhas", disse Lídia, uma mãe que não quis se identificar. "E mesmo assim eles estão dizendo aos professores algo totalmente oposto".

"É meu corpo, mas a decisão é dela [Centner]", disse ela ao canal local 6 South Florida, afiliada da NBC.

"Conspiratório e pseudocientífico"

A co-fundadora da Academia Centner vai além e ainda afirma em sua cara que "mulhares" de mulheres afirmaram que seus ciclos menstruais teriam sido afetados pela vacina e que ela também teria provocado um "aumento de 366%" nos abortos espontâneos, número que tampouco tem alguma evidência.

Para essa afirmação, ela se apoia em um artigo publicado em um portal chamado The Daily Expose.

Esse site está na categoria de "conspiratório e pseudocientífico" por publicar "informações sem verificar e sem nenhum apoio em evidências", segundo o portal Media Bias Fact Check, que monitora a seriedade e confiabilidade dos meios de imprensa.

A AFP Fact Check também refutou a afirmação em fevereiro.

"Nenhuma evidência indicou um aumento nos abortos espontâneos depois das vacinas contra covid-19 e não se observou nenhum padrão preocupante de notificações (de abortos espontâneos)", disse um porta-voz dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDCs, na sigla em inglêS).

Mesmo assim, Centner tem seus defensores. "Apoiamos a decisão da escola em 100%", disse um pai que também não quis se identificar à AFP.

O instituto privado, dedicado a ensino fundamental e médio, já tinha uma política duvidosa sobre vacinas desde antes da pandemia.

Em seu site, a Centner Academy informa que não exige que seus alunos estejam vacinados de maneira alguma, porque muitos pais sentem que isso "prejudica a saúde de seus filhos", uma noção desmentida pela comunidade científica há anos.

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