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Brasileiro conta como é viver em um dos países mais fechados do mundo

Consultor brasileiro que se mudou para a Arábia Saudita há dez dias relata o choque de viver em um país com costumes completamente diferentes

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Riad, capital da Arábia Saudita, vem buscando a modernização
Riad, capital da Arábia Saudita, vem buscando a modernização Riad, capital da Arábia Saudita, vem buscando a modernização

A Arábia Saudita é um dos países mais fechados do mundo, uma monarquia absolutista sem eleições de nenhum tipo, governada pela mesma família há mais de um século. Nos últimos anos, no entanto, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman vem criando medidas para modernizar o país e sua economia, tentando diminuir a dependência do petróleo.

Com isso, muitos estrangeiros estão sendo trazidos para ajudar nas mudanças. O brasileiro Vinícius Intrieri, 41, foi contratado para fazer a consultoria de estratégia em recursos humanos de uma grande empresa saudita. Morando em Riad, capital do país, há cerca de dez dias, ele ainda está se adaptando aos costumes e rotina completamente diferentes.

O R7 pediu que Intrieri fizesse um relato sobre as primeiras impressões da Arábia Saudita, como um diário, um retrato da rotina de um país onde até os dias úteis são diferentes do Brasil.

Semana 'diferente'

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De cara, um detalhe que deixou Intrieri confuso são os dias das semanas em que os sauditas trabalham. Os dias úteis não são de segunda a sexta-feira, mas de domingo a quinta-feira. "Parece só um detalhe, mas a semana se confunde toda na minha cabeça, especialmente quando falo com alguém no Brasil", afirma.

Prédios modernos em Riad
Prédios modernos em Riad Prédios modernos em Riad

Além disso, o brasileiro chegou ao país no meio do Ramadã, quando os muçulmanos jejuam durante o dia e só podem comer à noite. Com isso, já pegou uma rotina diferente da que estava acostumado no Brasil.

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"Nessa época o pessoal trabalha menos, é um tempo mais de reflexão, ajuda ao próximo, essas coisas. E também porque eles dormem menos e ficar sem comer o dia todo dá uma moleza. Além do jejum, muitas coisas mudam de acordo. Por exemplo, as lojas dos shoppings ficam abertas das 21h às 2 ou 3 da manhã. Outro dia saí do shopping às 22h30 e estava todo mundo chegando", conta ele.

Ambiente de trabalho

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Na empresa onde o consultor está implementando o projeto há vários estrangeiros. Os homens trabalham de terno e as mulheres precisam colocar uma espécie de vestido preto por cima da roupa. Já entre os sauditas, os homens usam túnicas brancas e o lenço na cabeça e as mulheres vestem a abaya, que é um tecido preto que cobre todo o corpo, até o rosto.

"Tive uma reunião com uma moça outro dia e não faço ideia da cara dela, ficam só os olhos de fora. Já vi estatísticas dizendo que de 15 a 20% das mulheres trabalham fora, mas não sei avaliar. Na empresa, não são muitas, e não vi nenhuma em cargo de liderança. Já me disseram que há uns 5 anos, se me vissem andando na rua com uma das mulheres do projeto, por exemplo, poderia dar encrenca. Hoje é bem mais raro, especialmente na capital", relata.

Nos horários de orações, os funcionários se dirigem para uma mesquita que fica dentro da própria empresa, segundo o brasileiro: "eles rezam por meia hora e depois voltam. Tem uma outra oração que é às duas da manhã e as mesquitas transmitem por alto falante de madrugada mesmo."

Sem álcool

Por obedecer integralmente à lei islâmica, a Arábia Saudita proíbe totalmente a venda e consumo de bebidas alcoólicas. Com isso, as opções para quem quer se refrescar depois do expediente são cervejas sem álcool com sabores variados e os chamados "mocktails", coquetéis sem álcool, mas com muita especiaria.

Cerveja sem álcool vendida em Riad
Cerveja sem álcool vendida em Riad Cerveja sem álcool vendida em Riad

"Já tomei cervejas sem álcool, feitas nos Emirados Árabes, com sabor de limão, morango e maçã, que parecem refrigerantes. Eles fazem 'mocktails', os temperos locais ajudam, tomei sucos muito bons com gengibre, menta, etc", lista o brasileiro.

A comida, por outro lado, é farta e saborosa. "Tem até bastante coisa em comum com a comida árabe do Brasil. Não vi esfiha ainda, mas kibe, hommus, babaganuch, fatayer, tabule, tudo isso tem. E muita coisa à base de cordeiro. O pessoal gosta de caprichar e comer bem", diz.

Brasil e futebol

Nos contatos com funcionários e prestadores de serviço, sempre que se apresenta como brasileiro, Intrieri diz que a primeira referência é sobre o futebol do Brasil e à Copa do Mundo. A Arábia Saudita estreia no Mundial nesta quinta, contra a Rússia.

Not a Dailymotion video URL.

"Não tem um que não fale da Copa quando eu digo que sou do Brasil, ainda mais uma em que eles também vão participar. Os canais esportivos são uma loucura, os locutores gritam até durante o aquecimento. Tem um canal só de críquete, já vi corrida de camelo, muito esporte a motor, muito MMA e luta livre, é bem variado", diz.

Sem selfies

O acesso às redes sociais não é restrito e, com isso, Intrieri consegue se comunicar sem problemas com a família, especialmente as filhas, que estão no Brasil. O que não é muito bem visto pelos sauditas, no entanto, é a selfie.

"Eles não são muito chegados a gente tirando fotos em locais públicos, especialmente quando considerados estratégicos, como aeroporto ou prédios do governo. Então o que tirei de fotos foi de dentro de uber, janela de hotel, essas coisas. Não tirei selfie nenhuma aqui", ressalta.

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