Uma carta divulgada pelo jornal argentino Clarín nesta quarta-feira (13) expõe os detalhes sobre a assinatura de um memorando entre o governo da Argentina e o Irã na época em que a atual senadora Cristina Kirchner era presidente do país latino-americano. Segundo a imprensa local, o acordo foi uma maneira de Kirchner encobrir extremistas iranianos que teriam atacado a sede da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina) em 1994. A ação deixou 85 mortos e centenas de feridos.
Trechos da carta assinada pelo chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif e reproduzidos pelo Clarín falam em um memorando “fechado em 27 de janeiro de 2013”, no qual em “acordo alcançado entre os dois países para colaborar a nível bilateral, solicitaram a Interpol para colocar um fim às obrigações desta instituição com respeito à causa AMIA”. A missiva foi enviada em farsi e traduzida pelo Clarín.
A carta, de acordo com o jornal argentino, contradiz os argumentos adotados pela defesa de Cristina Kirchner e do ex-chanceler Hector Timerman — que sempre negaram que um dos objetivos do pacto com o Irã tenha sido a suspensão dos mandados de prisão internacionais para os cinco cidadãos iranianos acusados pelo sistema de justiça argentino de participar do ataque à AMIA.
Na semana passada, o juiz federal Claudio Bonadio indiciou e pediu a prisão de Cristina no âmbito da investigação, mas a senadora continua livre por sua imunidade parlamentar.
A polêmica agora, conforme explica o Clarín, reside no fato de que, apesar de o Irã ter concordado em cumprir o acordo, o texto foi declarado inconstitucional na Argentina e Teerã nunca permitiu que os fugitivos iranianos fossem interrogados.
*Texto de Ana Luísa Vieira, do R7.