O consumo de carne bovina na Argentina, um dos países com a maior tradição “carnívora” do mundo, caiu em 2019 para o nível mais baixo da década, consequência não só do aumento dos adeptos de dietas sem carne, mas principalmente pela queda no poder aquisitivo da população, fruto da crise econômica que assola o país desde 2018.
O tradicional “asado”, como é chamado o churrasco por lá, ficou mais magro e econômico, onde a carne bovina já não tem exclusividade e divide a grelha com a carne suína e de aves , tradicionalmente mais baratas e, porque não, com as verduras.
No ano passado, os argentinos consumiram em média 51,3 quilos de carne bovina por pessoa, queda de 9,5% em relação a 2018.
Além das dificuldades econômicas da Argentina, a carne ainda teve uma alta maior do que a própria inflação, chegando a sofrer um aumento de 60% em 2019.
Apesar de não comer o habitual bife em todas as refeições, o consumidor argentino ainda ingere mais do que o dobro da quantidade recomendada de carne vermelha.
Os guias alimentares estatais sugerem porções de 150 gramas três vezes na semana, o que, no decorrer de um ano, somaria 23 quilos.
Com as dificuldades para comprar carne, a população mais pobre tem baseado sua dieta nos carboidratos, o que tem levado a problemas como sobrepeso e obesidade, principalmente entre os jovens.
Apesar da redução no consumo, a produção de carne bovina no país subiu, o que indica um grande aumento nas exportações. Em 2015, cerca de 180 mil toneladas da proteína foram vendidas para outros países, enquanto em 2019 foram 830 mil.