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Corrupção policial, uma prática com ampla aceitação no México

Internacional|Do R7

Cidade do México, 14 fev (EFE).- Ações de policiais mexicanos, como alugar seus carros de patrulha e seus uniformes para criminosos, são algumas das práticas comuns que, segundo especialistas, refletem que a corrupção tem uma ampla aceitação social no país. "No México, a corrupção, entendida como uso de recursos públicos para o aproveitamento privado, tem uma ampla aceitação social e a polícia também é produto desta sociedade", disse à Agência Efe Ernesto López Portillo, diretor do Instituto para a Segurança e a Democracia (Insyde). Assim, acrescentou, "não é possível entender a corrupção da polícia se não entendermos que a corrupção faz parte da vida e dos códigos culturais aceitos pela sociedade mexicana". Segundo o relatório elaborado pela organização civil Transparência Mexicana, anualmente são realizados no país mais de 22 milhões de atos corruptos, que movimentam mais de 30 bilhões de pesos (cerca de US$ 2,3 bilhões). "Entre a sociedade mexicana, o valor da lei é muito fraco em geral, o cidadão utiliza as oportunidades que possa encontrar para se colocar acima da lei, é um problema cultural, histórico", declarou Portillo. "Quando o cidadão enfrenta a lei, procura um acordo extraoficial com a polícia", portanto eles "são parte do problema", comentou. Portillo se refere aos conhecidos subornos que os cidadãos pagam para evitar que policiais os multem por excesso de velocidade ou para agilizar um trâmite burocrático, uma prática que também envolve diferentes comandos dos corpos policiais. Nos últimos dias, foram detidos dois policiais do município de Naucalpan, depois que supostamente alugaram o carro de patrulha, o uniforme e o armamento a civis que se dedicavam a praticar assaltos. "Um dos policiais estava no carro ao lado de dois delinquentes (também detidos), enquanto o comandante achava que ele iria descansar", explicou à Agência Efe José Manuel Alvarado, delegado de Naucalpan. Na semana passada, também foi detido outro policial que pedia dinheiro a um subordinado para mantê-lo trabalhando em uma área específica. "Muitos maus elementos veem a polícia como um negócio pessoal. Esses policiais corruptos têm compromissos marcados em alguma área determinada e têm medo de mudar de região porque já estão acostumados a adquirir alguns lucros", declarou. Segundo Eduardo Bohórquez, diretor de Transparência Mexicana, os policiais municipais são os que têm uma menor fortaleza institucional e são os que mais comentem atos corruptos. Na opinião de Bohórquez, no México há dois grupos de pessoas, "os que acham que a corrupção ajuda a facilitar a vida cotidiana e que inclusive não veem outra alternativa", e outro que "se adaptaria a outras regras se fossem melhores". Reduzir os trâmites burocráticos e implantar medidas como o pagamento imediato das multas mediante cartão de crédito são algumas das ações que reduzem as possibilidades de corrupção, embora para Portillo um dos principais problemas seja a falta de direitos da própria polícia. "Os policiais não estão protegidos pelo regime constitucional trabalhista, têm direitos muito debilitados, uma grande incerteza, submissão a seus comandantes e isso gera incentivos para a corrupção", disse o diretor da Insyde, que lembrou que no México há mais de duas mil corporações policiais que são regidas sob códigos próprios. "Os cidadãos não exercem controle sobre a polícia, quando o primeiro controle da democracia é o cidadão. Os fiscais também não a controlam. A polícia funciona com um sistema paralelo, com uma rede de comando própria", apontou. Por isso, o principal passo para evitar a corrupção, acrescentou, é fortalecer a polícia oferecendo mais recursos e direitos, e gerar mecanismos de controle que sancionem adequadamente as condutas, como são os controles de confiança que tentam eliminar os elementos corruptos. EFE pem/ff/rsd (foto)

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