Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Dia 15: a emoção no acolhimento dos poloneses aos refugiados vindos da Ucrânia

Leandro Stoliar e o repórter cinematográfico Luís Felipe Silveira compartilham as dificuldades de quem tenta escapar da guerra

Internacional|Leandro Stoliar, da Record TV

Exaustos, refugiados da Ucrânia enfrentam longo trajeto até a Polônia
Exaustos, refugiados da Ucrânia enfrentam longo trajeto até a Polônia Exaustos, refugiados da Ucrânia enfrentam longo trajeto até a Polônia

Chegamos à Polônia pela manhã. Nós e 200 refugiados ucranianos que passaram a noite dentro do trem ao nosso lado dividindo as dificuldades e a esperança. Posso dizer que ficamos amigos, sim. Situações extremas unem as pessoas. Ouvimos seus relatos e suas dores. Esse é o nosso trabalho: contar histórias de pessoas para pessoas. Gente se identifica com gente.

Descobrir o detalhe de cada uma dessas histórias e saber o que vai aproximar quem assiste à reportagem é um desafio diário. Fomos atrás disso dentro do trem. Ficamos sem comer, sem dormir, economizando água. Nos sentimos parte do que acontecia ali. Mas nada me emocionou tanto do que chegar à primeira estação de trem do lado polonês, perto da fronteira em Chelm.

Tudo aconteceu de repente. O trem para na estação. Dezenas de pessoas se aproximam e batem no vidro. Pedem aos refugiados que abram as janelas e, pela fresta do vidro, entregam presentes... Comida, cadernos, lápis de cera, livros, brinquedos para as crianças, água... Os poloneses do lado de fora acenam fazendo sinais de solidariedade. Dão "tchau", colocam as mãos no peito, choram. Levei um tempo para entender que não era uma ação da prefeitura, do governo ou de alguma ONG local. Eram poloneses comuns, realmente emocionados com o que os ucranianos passavam naquele momento. Foi difícil conter a emoção. Talvez eu estivesse tão envolvido com a situação, depois de passar uma longa noite sem dormir ao lado desse sofrimento, que me senti parte dos refugiados. Senti de perto o carinho e o acolhimento que eles recebiam. Chorei. Foi a primeira vez que não consegui conter a emoção durante uma reportagem, em 22 anos de profissão.

Leandro Stoliar mostra as dificuldades durante a cobertura da guerra na Ucrânia
Leandro Stoliar mostra as dificuldades durante a cobertura da guerra na Ucrânia Leandro Stoliar mostra as dificuldades durante a cobertura da guerra na Ucrânia

Os ucranianos chegam aos milhares à Polônia e a outros países vizinhos. Começava ali a segunda parte da nossa cobertura de guerra: o drama dos refugiados.

Publicidade

Dois dias. Foi o tempo que a família do Abdulah levou para cruzar a fronteira para a Polônia. O rapaz franzino de cabelos escuros e ainda de aparelho dentário diz que fugiu da Ucrânia por causa da guerra e não sabe quanto tempo vai ficar na Polônia.

"Estou aqui porque é seguro", diz ele, emocionado.

Publicidade

Abdulah, a esposa, os pais e irmãos aguardam num centro de triagem de refugiados em Varsóvia, capital polonesa, por um lugar para ficar.

O pai, Guilane, já está acostumado a fugir de guerras no Leste Europeu. Escapou da guerra entre Rússia e Chechênia, depois de Donetsk, no leste ucraniano, e, agora, saiu de Kiev quando os bombardeios começaram. Veio com a família para Varsóvia, sem data de retorno.

Publicidade

"Me pediram para esperar, mas ainda não sei o que vai acontecer."

Guilane é economista e estava preocupado com a família. Enquanto gravávamos a entrevista com ele no sofá do centro de triagem, chegou a notícia: a família conseguiu uma casa para morar nos próximos dias. Mas, enquanto a guerra durar, essa família de refugiados terá um futuro incerto.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.