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Terror na Europa

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Atentados em Paris: entenda porque o AK-47 é a arma de preferência dos terroristas

Relatório aponta que países onde o fuzil é mais barato têm mais risco de guerra civil

Internacional|Do R7

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Em menos de um ano, a França foi abalada por dois ataques terroristas que chocaram o mundo e deixaram dezenas de mortos: em janeiro, um grupo de militantes invadiu a redação do semanário satírico Charlie Hebdo e fuzilou diversos funcionários do jornal. Já na sexta-feira (13), uma série de atentados em Paris fez com que o país entrasse em estado de alerta
A boate Bataclan foi o local com o maior número concentrado de mortos. Além de os dois ataques terem sido reivindicados pelo Estado Islâmico, há um outro fator comum entre eles: o uso de fuzis Kalashnikov, popularmente conhecidos como AK-47, pelos extremistas
A França proíbe o porte de armas por civis, e é extremamente difícil adquirir legalmente um rifle de alta potência no país. Com isso, fica a pergunta: como os terroristas que atacaram o país em Janeiro e na semana passada conseguiram seus fuzis?
— Esse é o drama dos estudiosos, entender porque filhos e netos se tornaram mais radicais do que os próprios avós
Desde o último domingo (15), a polícia francesa realizou mais de 150 batidas policiais no país inteiro, identificando mais de 50 terroristas em diversas cidades. Um verdadeiro arsenal de guerra, que inclui um lançador de foguetes, coletes à prova de balas, pistolas e um fuzil de assalto Kalashnikov, foi descoberto na casa de um dos presos
Também no domingo, a polícia francesa localizou dois carros que teriam sido usados nos ataques de sexta. Dentro de um dos veículos, foram encontrados três fuzis Kalashnikov
Neste sábado (14), policiais e militares reforçam a segurança nas ruas, estações de trem e metrô e em pontos turísticos de Paris. A Torre Eiffel (foto), cartão postal da cidade, permaneceu fechada no dia seguinte aos atentados
A região engloba países que faziam parte da influência socialista durante a Guerra Fria e passaram por conflitos armados intensos, como as guerras da Bósnia e da Croácia (1991-1995) e do Kosovo (1999),
Ainda de acordo com o relatório, os Bálcãs Ocidentais abrigam entre 3,6 milhões e 6,2 milhões armas de fogo não registradas
De acordo com um relatório da Europol (Serviço Europeu de Polícia), "muitas armas traficadas na Europa provêm dos países dos Balcãs Ocidentais que foram guardadas ilegalmente após conflitos recentes na área"
O comunicado conclui ainda que o fato de um fuzil Kalashnikov ou um lançador de foguetes poder ser adquirido por preços relativamente baixos — que vão de R$ 1.200 (300 Euros) a cerca de R$ 2.800 (700 Euros) em algumas partes da União Europeia aponta a alta disponibilidade de armamento para o crime organizado, gangues ou "grupos que planejam orquestrar ataques de alto perfil" — como é o caso dos atentados na França
Os fuzis Kalashnikov, mais especificamente, o modelo AK-47, se tornaram um ícone da cultura armamentista no mundo inteiro. A arma aparece estampada nas bandeiras de grupos armados como o Hezbollah e da Guarda Revolucionária Iraniana, e até de países oficialmente reconhecidos pela comunidade internacional, como Moçambique
Rebeldes guerrilheiros se concentraram hoje em uma aldeia do Sudão, no alto do Nilo
Esses fuzis se tornaram tão comuns que uma outra pesquisa do Small Arms Survey, publicada em 2006, mapeou os preços do AK-47 no mercado negro mundial e os relacionou com a violência nos respectivos países
O relatório concluiu que os países onde o AK-47 é mais barato têm mais chances de desenvolverem conflitos armados. A pesquisa também mostra que, em nações que vivenciaram guerras civis, os preços dessas armas costumam cair nos primeiros anos após o fim da guerra — por conta da oferta alta — antes de finalmente se estabilizarem
Criada pelo russo Mikhail Kalashnikov em 1947, o AK-47 rapidamente se espalhou pelo mundo, sendo utilizado por exércitos e guerrilhas nos cinco continentes O fuzil foi projetado para ser facilmente manuseado e reparada. Além disso, a arma também é conhecida por dificilmente emperrar durante o uso
Outros fuzis semelhantes ao AK-47 foram desenvolvidos com o passar dos anos, e passaram a ser produzidos por fabricantes de diferentes países, como a China — que é hoje a maior produtora do modelo no mundo — Estados Unidos, dentre outras nações
Por dez anos, Bin Laden conseguiu se esconder da melhor inteligência do mundo. Acredita-se que ele viveu escondido nas montanhas do Paquistão e Afeganistão
Ao contrário do que se imagina — e que foi mostrado no filme Senhor das Armas — o colapso da União Soviética não parece ter tido um impacto significativo nos preços das armas ilegais, já que esses armamentos que eram distribuídos para os aliados políticos das potências durante a Guerra Fria já eram desviadas para mercados secundários antes mesmo do fim do regime comunista
De acordo com a pesquisa do Small Arms Survey, apenas por estar locado no continente africano, região que, nas últimas décadas, vem sofrendo com conflitos armados, guerras civis e genocídios em decorrência de divergências religiosas, políticas, econômicas e étnicas, um fuzil da família Kalashnikov custa, em média, cerca de R$ 750 (U$ 200) menos do que a média mundial
O relatório do Small Arms Survey aponta que o preço médio de um fuzil AK-47 durante a guerra de Angola chegou a ser de apenas R$ 45 (U$ 12), e que, em meados da década de 1990, um armamento do tipo poderia ser trocado por um saco de milho em Moçambique, ou por uma galinha em Uganda
Diretor de pesquisa do Intituto Igarapé, o canadense Robert Muggah foi diretor do Small Arms Survey entre 2000 e 2011, e participou da elaboração do relatório a respeito do preço das armas ilegais. Ele explica que o mercado desses armamentos é flutuante, e depende do país específico, da região em que está localizado, da taxa de violência e da existência ou não de um conflito armado
— No deserto do Quênia, por exemplo, há muitas armas e violência, principalmente entre os grupos tribais, porque há ódio entre as etnias. Há um desejo pelas armas, e a população sente que precisa ter uma para se proteger e também para atacar as outras tribos. Lá, os preços são relativamente baixos, porque você tem a Somália ao lado, que continua instável pela guerra civil, e o Sudão, que fabrica armamentos
Muggah afirma também que, no interior desses países, o custo dos fuzis e armas pesadas costuma ser mais baixo do que nas cidades. Ele explica que é mais difícil que um rebelde ou guerrilheiro saia com um AK-47 nas ruas da capital do Quênia, Nairóbi, onde a polícia e o governo têm mais presença, do que no interior do território
Outro fator destacado na pesquisa do Small Arms Survey é o controle das fronteiras. Segundo o relatório, países com as fronteiras mais fragilizadas tendem a ter armas mais baratas no mercado ilegal, já que a falta de fiscalização faz com que o contrabando seja alto. Deste modo, quanto mais efetivas foram as regulações do país, mais alto será os preços das armas
Para o especialista do Instituto Igarapé, o fato de que a maior parte das leis de controle de armas no continente africano terem sido escritas durante o controle colonial contribui para que a capacidade das autoridades de controlar a fronteira e o fluxo de armas continue baixo
Muggah ressalta ainda que, apesar de grande parte das armas que alimentam conflitos no continente africano virem de fora dos respectivos países, a fabricação interna de armas e munições também contribui para a continuidade da violência
— Quênia, Etiópia, Uganda, Sudão, Nigéria, Angola, todos produzem vários tipos de armas. A produção deles é mais para uso interno, mas chegam a vender para clientes e países parceiros, com que estão alinhados politicamente
Coordenador da área de sistema de justiça e segurança pública do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani compara o mercado ilegal do México, onde fuzis e armas pesadas são baratos se comparados com a média mundial, com a do Brasil. Ele explica que, por conta da proximidade com os Estados Unidos, onde as armas são legalizadas e mais baratas, um fuzil AK-47 é contrabandeado com mais facilidade para o país da América Central do que para cá
O Cartel do Golfo do México é um das mais antigas organizações clandestinas do país, tendo começado seus negócios na década de 1920, com o tráfico de bebidas alcoólicas para os Estados Unidos, que na época havia proibido seu consumo
As imagens foram acompanhadas pela legenda: "Não temos medo de mostrar nossos rostos, nós queremos que você conheça o Cartel do Golfo '
Arma revólver pistola

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Em menos de um ano, a França foi abalada por dois ataques terroristas que chocaram o mundo e deixaram dezenas de mortos: em janeiro, um grupo de militantes invadiu a redação do semanário satírico Charlie Hebdo e fuzilou diversos funcionários do jornal. Já na sexta-feira (13), uma série de atentados em Paris fez com que o país entrasse em estado de alerta
A boate Bataclan foi o local com o maior número concentrado de mortos. Além de os dois ataques terem sido reivindicados pelo Estado Islâmico, há um outro fator comum entre eles: o uso de fuzis Kalashnikov, popularmente conhecidos como AK-47, pelos extremistas
A França proíbe o porte de armas por civis, e é extremamente difícil adquirir legalmente um rifle de alta potência no país. Com isso, fica a pergunta: como os terroristas que atacaram o país em Janeiro e na semana passada conseguiram seus fuzis?
— Esse é o drama dos estudiosos, entender porque filhos e netos se tornaram mais radicais do que os próprios avós
Desde o último domingo (15), a polícia francesa realizou mais de 150 batidas policiais no país inteiro, identificando mais de 50 terroristas em diversas cidades. Um verdadeiro arsenal de guerra, que inclui um lançador de foguetes, coletes à prova de balas, pistolas e um fuzil de assalto Kalashnikov, foi descoberto na casa de um dos presos
Também no domingo, a polícia francesa localizou dois carros que teriam sido usados nos ataques de sexta. Dentro de um dos veículos, foram encontrados três fuzis Kalashnikov
Neste sábado (14), policiais e militares reforçam a segurança nas ruas, estações de trem e metrô e em pontos turísticos de Paris. A Torre Eiffel (foto), cartão postal da cidade, permaneceu fechada no dia seguinte aos atentados
A região engloba países que faziam parte da influência socialista durante a Guerra Fria e passaram por conflitos armados intensos, como as guerras da Bósnia e da Croácia (1991-1995) e do Kosovo (1999),
Ainda de acordo com o relatório, os Bálcãs Ocidentais abrigam entre 3,6 milhões e 6,2 milhões armas de fogo não registradas
De acordo com um relatório da Europol (Serviço Europeu de Polícia), "muitas armas traficadas na Europa provêm dos países dos Balcãs Ocidentais que foram guardadas ilegalmente após conflitos recentes na área"
O comunicado conclui ainda que o fato de um fuzil Kalashnikov ou um lançador de foguetes poder ser adquirido por preços relativamente baixos — que vão de R$ 1.200 (300 Euros) a cerca de R$ 2.800 (700 Euros) em algumas partes da União Europeia aponta a alta disponibilidade de armamento para o crime organizado, gangues ou "grupos que planejam orquestrar ataques de alto perfil" — como é o caso dos atentados na França
Os fuzis Kalashnikov, mais especificamente, o modelo AK-47, se tornaram um ícone da cultura armamentista no mundo inteiro. A arma aparece estampada nas bandeiras de grupos armados como o Hezbollah e da Guarda Revolucionária Iraniana, e até de países oficialmente reconhecidos pela comunidade internacional, como Moçambique
Rebeldes guerrilheiros se concentraram hoje em uma aldeia do Sudão, no alto do Nilo
Esses fuzis se tornaram tão comuns que uma outra pesquisa do Small Arms Survey, publicada em 2006, mapeou os preços do AK-47 no mercado negro mundial e os relacionou com a violência nos respectivos países
O relatório concluiu que os países onde o AK-47 é mais barato têm mais chances de desenvolverem conflitos armados. A pesquisa também mostra que, em nações que vivenciaram guerras civis, os preços dessas armas costumam cair nos primeiros anos após o fim da guerra — por conta da oferta alta — antes de finalmente se estabilizarem
Criada pelo russo Mikhail Kalashnikov em 1947, o AK-47 rapidamente se espalhou pelo mundo, sendo utilizado por exércitos e guerrilhas nos cinco continentes O fuzil foi projetado para ser facilmente manuseado e reparada. Além disso, a arma também é conhecida por dificilmente emperrar durante o uso
Outros fuzis semelhantes ao AK-47 foram desenvolvidos com o passar dos anos, e passaram a ser produzidos por fabricantes de diferentes países, como a China — que é hoje a maior produtora do modelo no mundo — Estados Unidos, dentre outras nações
Por dez anos, Bin Laden conseguiu se esconder da melhor inteligência do mundo. Acredita-se que ele viveu escondido nas montanhas do Paquistão e Afeganistão
Ao contrário do que se imagina — e que foi mostrado no filme Senhor das Armas — o colapso da União Soviética não parece ter tido um impacto significativo nos preços das armas ilegais, já que esses armamentos que eram distribuídos para os aliados políticos das potências durante a Guerra Fria já eram desviadas para mercados secundários antes mesmo do fim do regime comunista
De acordo com a pesquisa do Small Arms Survey, apenas por estar locado no continente africano, região que, nas últimas décadas, vem sofrendo com conflitos armados, guerras civis e genocídios em decorrência de divergências religiosas, políticas, econômicas e étnicas, um fuzil da família Kalashnikov custa, em média, cerca de R$ 750 (U$ 200) menos do que a média mundial
O relatório do Small Arms Survey aponta que o preço médio de um fuzil AK-47 durante a guerra de Angola chegou a ser de apenas R$ 45 (U$ 12), e que, em meados da década de 1990, um armamento do tipo poderia ser trocado por um saco de milho em Moçambique, ou por uma galinha em Uganda
Diretor de pesquisa do Intituto Igarapé, o canadense Robert Muggah foi diretor do Small Arms Survey entre 2000 e 2011, e participou da elaboração do relatório a respeito do preço das armas ilegais. Ele explica que o mercado desses armamentos é flutuante, e depende do país específico, da região em que está localizado, da taxa de violência e da existência ou não de um conflito armado
— No deserto do Quênia, por exemplo, há muitas armas e violência, principalmente entre os grupos tribais, porque há ódio entre as etnias. Há um desejo pelas armas, e a população sente que precisa ter uma para se proteger e também para atacar as outras tribos. Lá, os preços são relativamente baixos, porque você tem a Somália ao lado, que continua instável pela guerra civil, e o Sudão, que fabrica armamentos
Muggah afirma também que, no interior desses países, o custo dos fuzis e armas pesadas costuma ser mais baixo do que nas cidades. Ele explica que é mais difícil que um rebelde ou guerrilheiro saia com um AK-47 nas ruas da capital do Quênia, Nairóbi, onde a polícia e o governo têm mais presença, do que no interior do território
Outro fator destacado na pesquisa do Small Arms Survey é o controle das fronteiras. Segundo o relatório, países com as fronteiras mais fragilizadas tendem a ter armas mais baratas no mercado ilegal, já que a falta de fiscalização faz com que o contrabando seja alto. Deste modo, quanto mais efetivas foram as regulações do país, mais alto será os preços das armas
Para o especialista do Instituto Igarapé, o fato de que a maior parte das leis de controle de armas no continente africano terem sido escritas durante o controle colonial contribui para que a capacidade das autoridades de controlar a fronteira e o fluxo de armas continue baixo
Muggah ressalta ainda que, apesar de grande parte das armas que alimentam conflitos no continente africano virem de fora dos respectivos países, a fabricação interna de armas e munições também contribui para a continuidade da violência
— Quênia, Etiópia, Uganda, Sudão, Nigéria, Angola, todos produzem vários tipos de armas. A produção deles é mais para uso interno, mas chegam a vender para clientes e países parceiros, com que estão alinhados politicamente
Coordenador da área de sistema de justiça e segurança pública do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani compara o mercado ilegal do México, onde fuzis e armas pesadas são baratos se comparados com a média mundial, com a do Brasil. Ele explica que, por conta da proximidade com os Estados Unidos, onde as armas são legalizadas e mais baratas, um fuzil AK-47 é contrabandeado com mais facilidade para o país da América Central do que para cá
O Cartel do Golfo do México é um das mais antigas organizações clandestinas do país, tendo começado seus negócios na década de 1920, com o tráfico de bebidas alcoólicas para os Estados Unidos, que na época havia proibido seu consumo
As imagens foram acompanhadas pela legenda: "Não temos medo de mostrar nossos rostos, nós queremos que você conheça o Cartel do Golfo '
Arma revólver pistola

Em menos de um ano, a França foi abalada por dois ataques terroristas que chocaram o mundo e deixaram dezenas de mortos: em janeiro, um grupo de militantes invadiu a redação do semanário satírico Charlie Hebdo e fuzilou diversos funcionários do jornal. Já na sexta-feira (13), uma série de atentados em Paris fez com que o país entrasse em estado de alerta

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