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'Graças a Putin, a Ucrânia se uniu', diz voluntária que atua na linha de frente ao lado de outras mulheres

Grupo arrecada fundos para a compra de remédios, munições, roupas e alimentos que são distribuídos pelo país

Internacional|Letícia Sepúlveda, do R7

Grupo de mulheres voluntárias que ajudam as tropas da linha de frente na Ucrânia
Grupo de mulheres voluntárias que ajudam as tropas da linha de frente na Ucrânia Grupo de mulheres voluntárias que ajudam as tropas da linha de frente na Ucrânia

“Nossas crianças estão morrendo, há fome e mulheres sendo estupradas, famílias inteiras estão morrendo… Além da dor, eu sinto ódio. Eu entendo o que é a guerra com a Rússia, ela começou muito antes e eu sei claramente quem é o nosso inimigo.” O depoimento de Viktoriia Stoianovska, de 21 anos, ocorre em meio ao seu trabalho em um grupo voluntário formado por 11 mulheres.

“Em 24 de fevereiro, por volta das 5 da manhã, o Exército russo, com o apoio de Belarus, começou uma guerra em grande escala contra a minha pátria. Eu estava em casa e acordei com as palavras da minha mãe: ‘A guerra começou’”, lembra a ucraniana.

Em 2019, Viktoriia foi uma das fundadoras da comunidade de voluntários Vatra. Quando houve a invasão da Rússia, ela e suas colegas se organizaram para ajudar quem luta contra o avanço das tropas inimigas. O grupo atua em várias regiões do país e arrecada fundos para a compra de remédios, munições, alimentos, roupas e até combustível. 

O marido de Viktoriia é membro das Forças Armadas e aos 29 anos enfrenta sua segunda guerra. Na primeira vez, ele lutou contra o grupo de separatistas pró-Rússia no Donbass. Ao lado do casal e de seus companheiros do Exército, milhares de civis se voluntariaram para defender o território ucraniano. Atualmente, basta estar entre 18 e 60 anos e ter o passaporte ucraniano para servir.

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“Há falta de munição, kits militares de primeiros socorros e equipamentos especiais para os soldados, mas todos estão ajudando. Alguns ajudam com armas nas mãos, outros alimentam nossos defensores, apagam incêndios e continuam resgatando e tratando as pessoas que estão nos hospitais”, diz a voluntária.

“Graças a Putin a Ucrânia se uniu e vamos vencer. Somos apoiados por todo o mundo civilizado, não queremos fazer parte da Rússia nem voltar à União Soviética. A Ucrânia é um estado democrático e livre”, diz Viktoriia.

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Viktoriia Stoianovska, membro do grupo de voluntárias Vatra
Viktoriia Stoianovska, membro do grupo de voluntárias Vatra Viktoriia Stoianovska, membro do grupo de voluntárias Vatra

Para ela, a pior parte do conflito são as mortes e as consequências humanitárias. De acordo com a Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), o conflito já soma mais de 3,1 milhões de refugiados. Entre eles, mais de 100 mil deixaram a Ucrânia em um período de 24 horas, entre a quarta-feira (16) e a quinta-feira (17).

A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, informou que726 civis morreram nos 20 primeiros dias de guerra, entre eles 52 crianças. O presidente ucraniano Volodmir Zelenski, por outro lado, disse ao Parlamento do Canadá, na última terça-feira (15), que 97 crianças ucranianas foram mortas na guerra.

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Enfrentando a guerra na linha de frente, Viktoriia teme o que chama de “genocídio do povo ucraniano”. “Os soldados russos estão matando nosso povo. Eles atiram em áreas residenciais, fazem ataques aéreos em escolas e maternidades.” Segundo ela, um voluntário foi morto na região de Kiev, capital do país.

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A voluntária relata que a ajuda humanitária enfrenta dificuldades para chegar a algumas regiões, assim como a retirada de pessoas por corredores humanitários também não é fácil. “Enfrentamos uma situação muito complicada em Irpin e em Mariupol, onde uma criança morreu de desidratação. Como é possível que isso ocorra no século 21?”

A cidade localizada no leste da Ucrânia está cercada há 17 dias e seus habitantes vivem com falta de água, alimentos e remédios. A prefeitura do município anunciou que cerca de80% das residências foram destruídas pelos ataques russos e 30 mil pessoas conseguiram deixar a cidade. Segundo o conselheiro presidencial Oleksiy Arestovych, mais de 2.500 moradores de Mariupol morreram.

Para Viktoriia, criar uma zona de exclusão aérea na Ucrânia seria um grande apoio ao país. "Essa ação salvaria muitas vidas. Nosso Exército é forte, mas precisamos de ajuda."

O embaixador russo Vassily Nebenzia negou que as tropas do país tenham atacado um teatro e uma maternidade em Mariupol, durante uma declaração ao Conselho de Segurança da ONU. As autoridades da Rússia negam os ataques a civis ucranianos. 

“Nunca vou perdoar Putin, seus soldados, e os russos que ficam em silêncio enquanto nos matam.”

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