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Mesmo após resgate, pesadelo vivido por meninas sequestradas na Nigéria pode estar longe de acabar

Autoridades terão que dar assistência médica e psicológica às dezenas de vítimas

Internacional|Do R7

Mais de 200 estudantes foram sequestradas pelo Boko Haram em 14 de abril
Mais de 200 estudantes foram sequestradas pelo Boko Haram em 14 de abril Mais de 200 estudantes foram sequestradas pelo Boko Haram em 14 de abril

O sequestro das mais de 200 meninas nigerianas pode estar perto do fim. Na última segunda-feira (26), o Exército declarou que já localizou o local onde as jovens estão sendo mantidas em cativeiro e que o governo já está trabalhando para trazê-las de volta. No entanto, mesmo após o resgate, o pesadelo dessas meninas pode estar longe de terminar.

Segundo o depoimento de uma menina que conseguiu escapar do cativeiro, as jovens estavam sendo vítimas de até 15 estupros por dia e eram constantemente ameaçadas por membros do Boko Haram, o grupo radial islâmico responsável pelo sequestro, ocorrido há um mês e meio.

Diante dessa dramática situação, as autoridades de saúde da Nigéria terão que se preparar para dar assistência médica de emergência para dezenas de meninas que, caso tenham sofrido de fato violência sexual, podem ter contraído doenças sexualmente transmissíveis ou voltarem grávidas de seus sequestradores.

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O tratamento psicológico também será fundamental para ajudar as vítimas e as famílias a superarem o sentimento de vergonha e o trauma do sequestro e dos abusos, especialmente porque elas vivem em uma região rural onde há regras sociais muito conservadoras, que podem fazer com que as meninas sejam estigmatizadas por terem tido relações sexuais, mesmo se tratando de estupro.

— Cada caso é um caso, é preciso ter um tratamento individual e personalizado dependendo de como cada pessoa reagiu e tratar esse psicológico que com certeza está traumatizado, explica o psiquiatra Guido Palomba.

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De acordo com informações divulgadas pelo próprio Boko Haram, algumas das meninas foram obrigadas a se casar com membros do grupo e, as que eram cristãs, tiveram que se converter ao islamismo.

— Essa é mais uma agressão mental entre tantas outras. Mesmo que elas não tenham tido escolha, a mudança de religião é algo difícil de assimilar, ainda mais em uma cultura onde as práticas religiosas são tão fortes, diz Palomba.

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O retorno à escola também pode ser um momentos difícil para muitas dessas meninas. Para Beruck Nwabasili, ex-presidente da Comunidade Nigeriana em São Paulo, este é um dos principais pontos a serem levados em consideração no tratamento das estudantes.

— O importante é inserir essas meninas novamente na sociedade e estimular que elas voltem à escola, disse Nwabasili ao R7.

— Elas não irão sofrer nenhum tipo de preconceito e isso não vai afetar a vida social delas de forma alguma, elas terão uma vida normal.

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Essa também é a opinião da professora de inglês Angela Apunike, que é nigeriana residente no Brasil.

— No norte da Nigéria a maioria das mulheres é dona de casa, são poucas as que têm estudo e que têm emprego, essas meninas devem ter a oportunidade e a ajuda para voltar a estudar, diz Angela.

— Elas vão precisar levantar a cabeça e ir à luta, seguir insistindo na educação.

O sequestro

No dia 14 de abri, dezenas de membros do Boko Haram invadiram uma escola internato na cidade de Chibok e levaram mais de 200 meninas que estavam dormindo no local. Desde então, algumas estudantes conseguiram escapar ou foram libertadas pelo grupo.

Na língua local, Boko Haram significa “educação ocidental é proibida”. O grupo promove uma interpretação radical da sharia, a lei islâmica, e defendem que as mulheres não devem receber educação e sim se casarem e cuidarem da família.

O governo nigeriano, com ajuda internacional, já conseguiu localizar onde as meninas estão sendo mantidas em cativeiro. Agora, o mundo aguarda o resgate e a volta delas às suas famílias.

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