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Nepaleses tentam arrancar novas vidas de seus escombros

Internacional|

José Luis Paniagua. Sankhu (Nepal), 5 mai (EFE).- Os sons de marteladas em tapumes e marretadas em muros ameaçados de desabar após mais de uma semana de agonia devido ao forte terremoto que abalou o Nepal há pouco mais de uma semana soam com estrondo nas ruas de Sankhu, uma cidade histórica ao norte da capital Katmandu e na qual dezenas de pessoas se esforçam para resgatar seus pertences sob as ruínas para começar uma nova vida. Poucas cidades ficaram tão devastadas no país como Sankhu, hoje um cemitério de tijolos e tábuas de madeira que cresce de tamanho à medida que as horas passam e moradores, militares e policiais munidos com pás terminam de derrubar o que o terremoto destruiu, mas não levou ao chão. Em suas ruas, entre cabos soltos que não ligam mais nada e objetos empilhados sobre escombros que delatam com seu odor um corpo ainda não retirado, homens e mulheres tentam recuperar fotos de parentes, móveis, utensílios de cozinha e cobertores com os quais dormir. No alto de um caminhão, onde amarra tábuas com uma corda desgastada, está Pragaal Shrestha, de 29 anos, que retornou há seis meses da Arábia Saudita, onde tentou a sorte para conseguir um futuro melhor quando voltasse para casa. A casa que sua família tinha em Sankhu ficou na lembrança, e ele agora vive junto com seus parentes em outra casa, de três andares, em Katmandu, que precisa de ajuda imediata. Shrestha optou por fazer um 'transplante de vigas' à casa na capital tirando os materiais de dentro da que foi destruída em Sankhu. "Não sabemos o que vamos fazer com esta casa, está destroçada, como todas as demais, e consertá-la significa também consertar todas ao redor", disse, confirmando a morte clínica do imóvel 'doador'. A poucas ruas dali, Laxman Shresthra, de 35 anos, termina de montar uma barraca de campanha doada pela China a 20 metros de sua casa, uma bela construção de tijolo à qual hoje não se atreve a entrar. "Estou esperando que venham os engenheiros para verificar se está tudo bem, mas sei que não está", afirmou à Agência Efe este agricultor. "Não sei o que fazer, só espero que o governo me ajude", declarou, admitindo imediatamente a pouca convicção em sua esperança. Quem não espera que ninguém lhe resolva nada é Rabin Shakya, um técnico em desenvolvimento, que empilha na rua algumas placas de zinco para construir o telhado de um pequeno refúgio em um beco em frente à casa de seu pai, um pequeno edifício em cuja frente fica uma farmácia veterinária de propriedade da família. "Vamos ter que contratar trabalhadores para que nos ajudem a demolir tudo. Vai levar dois anos, mas não importa, o importante é que toda a família está bem", comentou. Shakya acrescentou que não espera que o governo lhe dê nada. Ele só espera que o banco lhe conceda um crédito para poder começar de novo. Perto dali, o inspetor Jeeban Kaatiwade caminhava à frente de um pequeno pelotão da polícia tirando pessoas de casas sem-teto e de imóveis prestes a ceder totalmente. "Estamos pedindo às pessoas que não entrem nessas casas, estão em muito mau estado", explicou o oficial, que não conseguiu convencer a família de Rogin, que se esforçava para colocar cobertores e roupas no primeiro andar de uma casa muito afetada pelo terremoto de 25 de abril. "É o único lugar no qual podemos colocá-las", disse, detalhando que tem pensado em derrubar os dois andares superiores para reconstruí-los. Estudante de Engenharia, ele afirmou que está triste porque perdeu a casa, mas feliz porque sua família saiu sã e salva da tragédia. "Não sei como me sinto, é estranho, não chega a ser bom nem ruim, é uma sensação nova", descreveu. EFE jlp/rsd/id (foto)(vídeo)

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