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Quase mil colombianos são deportados da Venezuela após crise na fronteira

Internacional|

Gonzalo Domínguez Loeda. Cúcuta (Colômbia), 24 ago (EFE).- Nascer na Colômbia: esse foi o único critério usado pelas autoridades da Venezuela para deportar quase mil pessoas nos últimos três dias à cidade de Cúcuta, na fronteira entre os dois países, sem considerar a situação legal ou o fato de muitos serem separados de suas famílias. "Só nos disseram que estávamos sendo deportados por sermos colombianos. Perguntavam: venezuelanos ou colombianos? Então, ande", afirmou nesta segunda-feira à Agência Efe Rocío Angarita, sobre a expulsão do país no qual viveu os últimos 13 anos. No caso de Angarita e de muitos outros, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) bateu na porta da casa dos colombianos à meia-noite. E obrigou que eles saíssem a empurrões na cidade de San Antonio, situada no estado fronteiriço de Táchira. O presidente Nicolás Maduro decretou estado de exceção há três dias na região. Desde então, foram deportados 751 colombianos, dos quais 139 são crianças, segundo os dados divulgados na manhã de hoje pelas autoridades colombianas. No entanto, as deportações continuaram ao longo do dia, o que obrigou a Cruz Vermelha a estabelecer um corredor humanitário para transportar pacientes que necessitem de atendimento médico nas cidades venezuelanas da fronteira até centros médicos de Cúcuta, na capital do departamento de Norte Santander. O trabalho da organização tem se multiplicado em Cúcuta, uma cidade de clima árido e com temperaturas que superam os 35 graus. Os deportados estão amontoados em ginásios onde as autoridades montaram barracas para atender os que foram forçados a deixar a Venezuela. "Só nos deixaram colocar os sapatos nas crianças. Nosso cachorro ficou para trás", revelou Angarita sobre a noite de sua expulsão. Os últimos 13 anos de sua vida agora estão no passado. Sua casa, assim como a da maioria dos colombianos, tinha sido marcada pelos soldados venezuelanos com uma letra "D", uma sentença de demolição do imóvel e da destruição de suas propriedades. "As marcaram, puseram o 'D' para derrubá-las", contou Abel Antonio Pacheco, outro dos deportados, sobre as casas dos colombianos que moravam em San Antonio, cidade ligada a Cúcuta pela ponte internacional Símon Bolívar, fechada desde a última quinta-feira por ordem de Maduro. Pacheco disse que não pôde levar nem mesmo a mamadeira de sua filha pequena. Por isso, ela ficou sem se alimentar até chegar ao Coliseu Municipa de Cúcuta, um ginásio poliesportivo que está tomado por barracas dos deportados e voluntários da Cruz Vermelha. Entre os forçados a deixar a Venezuela está Gustavo Sanjuan, acompanhado da mulher e seus oito filhos, com idades entre 1 e 17 anos, também deportados pelas autoridades do país vizinho. Duas das filhas de Sanjuan nasceram na Venezuela, fato compartilhado por muitos colombianos que vivem no outro lado da fronteira. Mas, o que poderia significar o salvo-conduto, só acabou trazendo mais problemas. "No momento em que disse que tenho duas meninas venezuelanas, eles disseram que iam me tirá-las", comentou. Pelo temor de ficarem longe dos filhos, muitos colombianos mentiram sobre o lugar de nascimento das crianças. Vários denunciaram que as deportações não respeitaram a unidade das famílias. O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia exigiu que, antes de deportar os cidadãos do país, as autoridades da Venezuela analise a situação caso a caso para garantir que pais não sejam separados de seus filhos. A crise humanitária começou após ataques de supostos contrabandistas contra militares venezuelanos. Três soldados e um civil ficaram feridos, o que fez com que Maduro fechasse a fronteira, inicialmente por 72 horas. Posteriormente, o presidente decidiu declarar estado de exceção. O governo venezuelano justificou a medida devido à suposta ação de paramilitares colombianos em ambos os lados da fronteira. No sábado, as autoridades disseram que oito integrantes desses grupos tinham sido detidos em Táchira. A acusação é negada pelos colombianos que chegam a Cúcuta deportados. "Dizem que nós colombianos somos paramilitares, narcotraficantes, criminosos, mas não é assim. Somos pessoas honradas", disse à Efe Sandra Milena Angarita, mulher de Rocío. EFE gdl/lvl (foto)(vídeo)

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