Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Uma pessoa deixa residência a cada segundo por desastre natural, diz estudo

Internacional|Do R7

Marta Hurtado. Genebra, 20 jul (EFE).- Nos últimos sete anos, a cada segundo uma pessoa teve que abandonar sua residência devido a um desastre natural, segundo o Observatório sobre Situações de Deslocamento (IDMC), que alertou nesta segunda-feira que estamos diante de uma crise mundial. O IDMC, que pertence ao Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC), apresentou um relatório que revela que só em 2014, 19,3 milhões de pessoas se tornaram deslocados internos após sofrerem as consequências de um desastre natural. Deste total, 17,5 milhões foram forçados a abandonar seus lares após desastres relacionados com o clima, como tempestades, inundações ou secas, e outro 1,7 milhão por causa de terremotos. Cerca de 22,5 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas residências anualmente nos últimos sete anos, o que representa 62 mil por dia. "Estamos diante de um fenômeno global, que afeta uma escala nunca vista. Estamos diante de uma crise mundial", afirmou em entrevista coletiva Alfredo Zamudio, diretor do IDMC. O relatório aponta fatores humanos que contribuem para a tendência de alta dos deslocamentos por desastres, como o rápido desenvolvimento econômico, a urbanização e o crescimento da população em áreas não adaptadas. Em relação a regiões, a mais afetada é a Ásia, onde mais de 16,7 milhões de pessoas se tornaram deslocadas em 2014. Na América Latina e no Caribe, mais de 2,5 milhões foram deslocadas por desastres em 2014, um número alto em termos absolutos, mas baixo se comparado com a Ásia. No entanto, em termos relativos, para cada milhão de habitantes, houve mais de 4 mil deslocados, "um número muito elevado e que é comparado com os níveis da Ásia, e que mostra que o impacto dos desastres nos deslocamentos da região é muito alto", declarou Michelle Yonetani, autora do relatório e que lembrou que parte do problema se deve às más condições de vida. "As inundações não matam por si, mas sim viver em imóveis precários e em lugares inapropriados", explicou ela. Já Yonetani pediu aos governos não só para se prepararem para desastres, mas também para resolver as causas originárias do subdesenvolvimento "que fazem com que essas pessoas estejam excluídas, sejam invisíveis e as primeiras vítimas dos desastres". Na América Latina, Zamudio citou dois casos de "boas práticas", um no Chile e outro em Cuba. "O Chile começou nos anos 60 a construir edifícios pensando nos terremotos. Isso fez com que, apesar de ocorrerem tremores de alta magnitude, as consequências em perdas humanas e materiais sejam muito menores do que em outros lugares, porque estão preparados. Foi feita uma lei e aplicada", declarou. "Outra 'história de sucesso' é a de Cuba, que está extremamente bem preparada para desastres naturais, seja em alerta antecipado, em evacuação, em estabelecimento de refúgios ou em um sistema de educação pública que prepara para reação (a tragédias)", afirmou o diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), William Lacy Swing, também presente na entrevista coletiva. "E outro grande aspecto de Cuba é que ajudou outros países a se preparar", acrescentou ele. O texto também adverte que a mudança climática vai exacerbar a situação no futuro, já que os eventos extremos vão ocorrer mais frequentemente, em lugares onde nunca ocorriam, e de forma mais intensa. O relatório revela exemplos tanto em países em desenvolvimento como nas nações ricas de pessoas que ainda são deslocadas anos depois de um desastre ocorrer. Alguns exemplos são dos Estados Unidos, onde mais de 56 mil pessoas ainda precisam de ajuda para encontrar um lar após a passagem do furacão Sandy em 2012; ou no Japão, onde 230 mil pessoas não conseguiram se restabelecer após o terremoto e o tsunami de 2011. O relatório mostra 34 casos onde mais de 715 mil pessoas vivem há anos deslocadas e não conseguiram voltar a suas casas. Hoje em dia, segundo o estudo, a possibilidade de se tornar um deslocado por um desastre é 60% maior do que há quatro décadas. EFE mh/id

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.