Formado em Direito há sete anos, aprovado de primeira na prova da OAB, um advogado não consegue emprego e vive da venda de bilhetes de loteria no centro de Belo Horizonte.
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Ronaldo da Silveira, 45 anos, já perdeu as contas de quantas vezes as portas do mercado foram fechadas quando descobriram que ele tem cegueira total.
— Eles querem paraplégico que anda, o cego que enxergue 60%. O cego total, o cadeirante, não têm oportunidade. Teve uma empresa que teve a capacidade de falar que não podia me contratar porque lá tinha escada. Eu falei que não era cadeirante, mas cego.
O advogado nasceu em Caratinga, no Vale do Rio Doce, a 310 km de Belo Horizonte. Ele só aprendeu a ler em braile aos 19 anos, quando a família se mudou para BH. Depois do supletivo, voltou para Caratinga para cursar direito.
— O pessoal é que estudava comigo, lia pra mim, ficava o dia inteiro comigo pra eu fazer prova.
Quando me formei, pensei que tinha conseguido entrar na sociedade.
Depois de cinco anos de dedicação na faculdade, Ronaldo da Silveira tenta agora passar em concurso público, para evitar que novas portas sejam fechadas por causa da deficiência.