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Médico de SP junta R$ 350 mil em materiais e leva a vítimas de creche

Pai de 2 crianças, Evandro dos Reis diz: 'Chorei tudo o que tinha para chorar'

Minas Gerais|Juliana Moraes, do R7

Médico (esq.) percorreu 1.200 km de SP a MG para doar materiais
Médico (esq.) percorreu 1.200 km de SP a MG para doar materiais Médico (esq.) percorreu 1.200 km de SP a MG para doar materiais

Dono de uma clínica especializada no atendimento de pacientes portadores de feridas agudas e crônicas, o médico Evandro Pereira dos Reis resolveu ajudar as vítimas do ataque à creche Gente Inocente de Janaúba (MG).

Até agora, o atentado deixou nove vítimas fatais — oito crianças e a professora Heley de Abreu Silva Batista —, além do autor do atentado. Outras 24 pessoas ainda estão internadas em hospitais de Belo Horizonte e Montes Claros.

Em entrevista ao R7, o médico contou que conseguiu arrecadar cerca de R$ 350 mil em produtos que vão fazer a diferença no tratamento das vítimas.

"Conseguimos arrecadar materiais de primeira linha. Sei exatamente o que precisava trazer. Gaze, atadura e soro fisiológico, por exemplo, faz pouca diferença porque isso eles já têm e é barato. Fizemos um cálculo e já recebemos, pelo menos, R$ 250 mil em produtos", afirmou.

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Além dos R$ 250 mil já conquistados em produtos médicos, Reis afirmou que ainda tem mais empresas e pessoas físicas querendo ajudar. "Temos mais ainda uns R$ 100 mil em produto para receber. Tem muita gente querendo ajudar. Agora já sei os trâmites e fica mais fácil", disse.

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Sem doação em dinheiro

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O médico declarou que só aceitou as doações dos produtos específicos para o tratamento de queimaduras. "Não aceitamos doações em dinheiro, apenas em produtos. Além disso, todas as doações foram emitidas com nota fiscal em nome dos hospitais, nenhuma está em nosso nome", explicou.

Reis conseguiu as doações por meio dos fornecedores que já conhecia, além de outras empresas que se solidarizaram. O médico ficou responsável por reunir as doações e criar a logística para a entrega.

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"Alguns produtos chegaram ao consultório a tempo. Outros tivemos que buscas nas empresas no interior de São Paulo e foi muito difícil essa logística. Usei meu motoboy para pegar alguns produtos. Em outros casos, peguei o carro da empresa e fui com o meu técnico de enfermagem buscar. Não coube tudo no carro e minha enfermeira complementou vindo de ônibus. Somando tudo, andamos mais de 1.200 quilômetros", detalha.

Além de usar sua equipe para ajudar na boa ação, o médico desmarcou consultas, uma palestra e custeou os gastos da viagem.

"Tinha o consultório cheio nesse dia, mas remarcamos os pacientes. Todos entenderam essa situação", lembrou. "Teríamos um curso em Brasília, que também desmarquei. Fizemos contato pessoa por pessoa explicando e todas entenderam, o que deixou a gente mais positivo. Era a nossa preocupação. Todas as pessoas ajudaram e ninguém reclamou do cancelamento", completou.

Para a doação, Dr. Reis contou que os hospitais abriram uma exceção. "Eles foram muito gentis. Fizemos toda a documentação hoje mesmo, em um domingo, porque eu não tinha como esperar até segunda-feira. Fiz uma carta de doação, fizemos isso de uma forma bem legal", explicou.

"Chorei tudo o que tinha para chorar"

Pai de duas crianças com idades parecidas com a das vítimas, Dr. Reis declarou que, após as doações, percebeu que ainda tem muito trabalho beneficente pela frente.

"Tenho dois filhos, foi muito triste chegar nos hospitais e ver esse cenário. Meus filhos têm a idade dos que estão na creche, queria que fizessem o mesmo por eles. Já chorei tudo o que tinha para chorar. Tenho muito a fazer, não quero parar por aqui. Minha área de atuação é isso. Essa ação surtiu muito efeito, estamos muito felizes", disse.

O médico também está preocupado com os próximos cuidados com as vítimas: "Estamos tentando uma estratégia de ajudar essas pessoas no pós-alta, porque eles precisam de malhas específicas. Queremos garantir essa possibilidade de tratamento com malha compressiva e vamos começar a arrecadar isso também".

Só doações

Reis explicou que só ofereceu ajuda nas doações e, não no tratamento, pois as vítimas estão nas mãos de ótimos profissionais.

"Esses profissionais lidam com queimaduras diariamente. As crianças estão nas mãos de profissionais ultra capacitados. A equipe de cirurgia plástica de Minas Gerais é excelente. Eles não precisam de ajuda técnica. Viemos apenas para entregar produtos de última geração. A estrutura com a qual receberam as crianças é sensacional. A gente só queria canalizar as doações e entregar produtos que fizessem a diferença", finalizou.

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