A família de um jovem que morreu durante uma abordagem policial no aglomerado da Bimbarra, no bairro Calafate, região oeste de Belo Horizonte, questiona a ação dos militares. Alexandro de Souza, o Leko, de 23 anos, foi atingido por dois disparos do revólver de um dos PMs e faleceu no local, neste domingo (23).
A polícia alega que, durante uma confusão generalizada, envolvendo cerca de 50 moradores da vila e policiais, o revólver de um dos oficiais disparou, acertando Souza. O irmão da vítima Elton Moura não acredita na versão.
— Como que uma arma pode disparar duas vezes? Não foi acidente, isso é assassinato mesmo.
Moura afirma também que tem sido ameaçado por policiais desde a morte do irmão.
O rapaz foi enterrado nesta segunda-feira (24) em Contagem. Durante a despedida, o pai chorou a morte do filho.
— A gente cria o filho com dificuldade para vir um canalha fardado e tirar a vida dele. Ele tem que ficar atrás das grades. Mais de 50 pessoas viram o assassinato do meu filho.
O militar envolvido na morte do rapaz foi detido na sede do 22º Batalhão e teve a arma apreendida. A corregedoria da PM está investigando o caso.
A confusão
Tudo começou quando um militar apreendeu um adolescente de 15 anos que foi flagrado com oito pinos de cocaína. Revoltado, o pai do garoto reuniu outros três moradores e atacou o policial, dizendo que o rapaz não seria levado. O oficial foi agredido com chutes e socos, até que o grupo conseguiu libertar o suspeito.
Imediatamente, o PM acionou a guarnição que, ao deslocar para o local, ainda abordou cinco outros suspeitos que tentavam fugir do aglomerado. Revoltados com a ação policial, populares começaram a cercar a equipe. Cerca de 50 pessoas passaram a agredir e hostilizar os policiais, impedindo que eles efetuassem as prisões. Neste momento Souza foi atingido pelos disparos.