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Operário diz que barragem teve vazamento meses antes de tragédia

Funcionário da Vale afirma que o pai dele, que também trabalhava na mineradora, foi chamado pela chefia para avaliar as falhas na estrutura

Minas Gerais|Akemi Duarte, da Record TV Minas

Fernando perdeu o pai no rompimento
Fernando perdeu o pai no rompimento Fernando perdeu o pai no rompimento

Um operário da Vale afirmou, nesta segunda-feira (8), que a barragem da Vale em Brumadinho, apresentou um vazamento de lama, cerca de seis meses antes do rompimento da estrutura, em janeiro deste ano.

Fernando Henrique Barbosa Coelho foi ouvido Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ele trabalhava na área da barragem e prestou depoimento na condição de testemunha.

O pai dele, Olavo Henrique Coelho, era um dos funcionários mais antigos da mineradora do Córrego do feijão e morreu na tragédia. Segundo Fernando, cerca de seis meses antes do rompimento, o pai foi chamado pela chefia da Vale para avaliar um vazamento de lama na barragem. À época, ele informou que a estrutura estava condenada.

— Estava brotando lama na grama. Durante a madrugada, buscaram areia e brita para tentar fazer o paliativo.

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Segundo Fernando, depois disso, a empresa começou a fazer simulados e treinamentos. Mas ele mesmo afirma não ter participado de um porque a mineradora não poderia parar. Fernando chegou a ser alertado pelo pai a não ficar na parte baixa da barragem.

— Ele disse para eu ficar na parte mais alta e correr ao escutar qualquer barulho.

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Pela primeira vez na CPI foi mencionado que a empresa tinha um sistema, onde todas as informações sobre a barragem deveriam ser relatadas.

— Tinha um sistema chamado Geotec, que subia para os gerentes as informações.

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O funcionário da Vale Manoel Wilton Alves de Souza também foi ouvido. Ele afirmou que no dia da tragédia não houve detonações na área da mineradora após o rompimento da barragem, ao contrário do que afirma a vale.

Agora, os deputados querem fazer uma acareação entre todos os gerentes da mineradora. A comissão também vai solicitar análise de todo conteúdo do sistema da empresa para saber se as falhas na estrutura foram relatadas e quem eram os profissionais que tinham acesso a elas.

Procurada, a Vale informou que a barragem passava por inspeções períódicas e que, em nenhuma delas, foi detectado risco de rompimento. A mineradora voltou a reiterar que as detonações foram realizadas após o rompimento, seguindo um cronograma previsto, com "o objetivo de eliminar qualquer risco vinculado à presença de furos carregados de explosivos no complexo do Córrego do Feijão".

Veja a íntegra da nota da Vale:

"A Barragem I possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21/12/2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale. Em nenhuma dessas inspeções foram detectadas anomalias que apontassem para um risco iminente de rompimento da barragem" 

“A Vale esclarece que, no dia 25/01, antes do rompimento da barragem B1, não houve detonação nas minas do Córrego do Feijão e Jangada. Após a ruptura, por medida de segurança, foram realizadas duas detonações que já estavam programadas para ocorrer, em distância e com cargas seguras. As detonações foram mantidas com o objetivo de eliminar qualquer risco vinculado à presença de furos carregados de explosivos no complexo do Córrego do Feijão.”

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