Há quatro anos, uma tragédia envolvendo uma carreta bitrem e outros 14 veículos matou cinco pessoas e deixou outras 13 feridas no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. E, até agora, nenhuma das vítimas foi indenizada pelas perdas e prejuízos causados no acidente.
O motorista Ricardo Geraldo Santos perdeu o filho, de 12 anos, e a mãe na tragédia. Já ele e a mulher, Wandercy Barreto da Silva, que também estavam no veículo atingido pela carreta, saíram ilesos. Até hoje, Santos não consegue olhar o carro que dirigia no dia do acidente e chora ao relembrar do momento em que o socorro chegou ao local e constatou a morte do filho e da mãe.
— Chegou o pessoal do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e mediu a pulsação deles. Foi então que eles falaram que os dois já estavam em óbito.
Ele conta ainda que até hoje não obteve uma resposta da Justiça.
— Não recebemos nada até hoje. Nem uma ligação, nada.
O acidente aconteceu no dia 28 de janeiro de 2011, quando uma carreta carregada com cerca de 40 toneladas de trigo descia o Anel Rodoviário, altura do bairro Betânia, na região oeste da capital. Segundo a perícia, o veículo estaria a 115 km/h, velocidade 50% acima da permitida no trecho, e teria perdido os freios, atingindo 14 carros que estavam parados em um congestionamento.
Entre os feridos estavam o serralheiro Paulo César Dias Duarte e o filho. Ambos estavam em um veículo que capotou várias vezes após ser atingido pela carreta e, até hoje, ele não sabe como sobreviveu à tragédia.
— Quando subimos na marginal é que vimos o estrago que havia sido provocado. Havia pessoas mortas, pessoas presas às ferragens agonizando.
Ele também recorreu à Justiça, mas até hoje não teve o pedido de indenização julgado.
— Eu recorri à Justiça e primeira audiência foi marcada para 25 de março. Ou seja, depois de quatro anos.
Segundo o TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), existem atualmente três processos de indenização em andamento na Justiça e, apenas um já tem sentença, mas ainda não foi cumprida.
Já o motorista da carreta, Leonardo Faria Hilário, também não foi julgado. Ele foi acusado de homicídio à época, mas a Justiça entendeu que ele não tinha intenção de matar e desqualificou o crime para lesão corporal grave. O MP (Ministério Público), entretanto, recorreu e os desembargadores entenderam que ele tem culpa e deve ser julgado pelo Tribunal do Júri. No entanto, segundo o advogado que representa as vítimas, Rafael Egg, ainda não há data prevista.
— Agora nós estamos aguardando que esse processo retorne à primeira instância para que seja designada a data do júri e ele responda criminalmente pelo que fez.