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Os mortos de Brumadinho foram vítimas de assassinato

Um ano depois da tragédia, o Ministério Público denuncia os responsáveis pelo massacre

Augusto Nunes|Do R7

Em Brumadinho, onze famílias ainda não sabem onde estão seus mortos
Em Brumadinho, onze famílias ainda não sabem onde estão seus mortos Em Brumadinho, onze famílias ainda não sabem onde estão seus mortos

Os advogados de Fábio Schvartsman, presidente da Vale quando ocorreu a tragédia de Brumadinho, continuam indignados com o Ministério Público de Minas Gerais. Não pela inclusão de seu cliente no grupo dos 10 executivos responsabilizados pelo dilúvio de lama que matou 270 pessoas. O que os doutores não engolem é o enquadramento de Schvartsman por homicídio doloso.

Espertamente, os advogados alegam que o adjetivo doloso só se aplica quando o acusado prevê o resultado e busca realizá-lo. Fingem ignorar que esse é o dolo direto ou determinado, caracterizado pela intenção de matar. Mas há o dolo eventual: ocorre quando alguém, mesmo sem desejar efetivamente a consumação do crime, assume o risco de produzi-lo.

O rompimento da barragem de Brumadinho foi um homicídio doloso em larga escala, praticado em parceria por dirigentes da Vale e da Tüv Sud, empresa de consultoria contratada para avaliar periodicamente o nível de segurança das barragens. As investigações constataram que dirigentes da Vale e técnicos da Sud alteraram os índices de risco, para torná-los "aceitáveis". A vigarice assassina ocorreu em Brumadinho.

Horas depois do rompimento da barragem, Schwartzman deu as caras na tevê para colar os cacos da imagem da Vale. E soltou a frase decorada no camarim: "Não existem palavras para descrever a dor que estou sentindo com o que terá sido causado às vítimas, se elas existirem".

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Já existiam vítimas. E sempre existiram palavras para descrever qualquer tipo de sofrimento. O que faltava a Schwartzman era alguma dor genuína. Se estivesse tão desolado , não ousaria erguer o monumento ao cinismo: "Viramos as barragens do avesso e contratamos as melhores auditorias do mundo".

Ele assumira a presidência da mineradora depois da tragédia de Mariana. Encarregado de evitar matanças desse porte, ajudou a parir o massacre de Brumadinho.

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Demitido, foi consolado pela indenização de R$ 80 milhões.

Em Brumadinho, 11 famílias ainda não sabem onde estão seus mortos. Schwartzman talvez não saiba como gastar tanto dinheiro.

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