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Israel já cogita a possibilidade de tirar Assad do poder na Síria

Benjamin Netanyahu se reuniu com ministros ligados à segurança, na quarta (11); oficiais do Exército falam em tirar o ditador caso Irã retalie ataque

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Netanyahu em reunião com ministros nesta quarta (11)
Netanyahu em reunião com ministros nesta quarta (11) Netanyahu em reunião com ministros nesta quarta (11)

Aliado de Bashar al-Assad na guerra da Síria, o Irã pode ser também o estopim para a queda do ditador, que neste momento pode estar com os dias contados. Ele já está sendo ameaçado pelos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump afirmar que irá lançar mísseis na Síria, em retaliação a suposto ataque químico.

Mas pode ser Israel quem irá tirá-lo do poder. O ataque israelense à base T-4, em Homs, no último domingo (8), foi um divisor de águas dentro do conflito. Pela primeira vez o governo iraniano admitiu baixas nesta guerra, com a informação de que sete membros da Guarda Revolucionária do Irã foram mortos na ação.

E - se cumprida - a promessa do Irã de retaliar o ataque será, possivelmente, o golpe fatal para o governo Assad. Reunido com seus ministros ligados à segurança, nesta quarta-feira (11), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu discrição em relação ao tema, considerando-o muito delicado. Mas tudo indica que foi aventada a possibilidade de Israel dar um fim ao governo Assad, caso o Irã retalie a ação israelense.

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A posição de oficiais do alto escalão do Exército de Defesa de Israel, segundo relatou o The Jerusalem Post, é categórica. Israel, segundo eles, tem a consciência do risco de uma escalada do conflito, envolvendo a Rússia (protetora de Assad) e os Estados Unidos. Mas, como sempre fez em grande parte de sua existência, pagará o preço para não ter sua soberania ameaçada, segundo esses oficiais.

— O regime de Assad e o próprio Assad desaparecerão do mapa e do mundo se os iranianos tentarem prejudicar Israel ou seus interesses desde o território sírio.

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Israel, neste caso, ao contrário do que ocorreu em 1991, na Guerra do Golfo, deixaria de lado a frieza, e reagiria com suas próprias forças. E seria, desta vez, um instrumento para facilitar os planos dos Estados Unidos, que também ameaçam retaliar um suposto ataque com armas químicas atribuídos ao presidente sírio.

Neste caso, Israel faria o trabalho, que envolveria os americanos apenas como aliados indiretos. E esperaria pela reação dos russos, que, segundo afirmação do presidente Vladimir Putin em conversa telefônica com Netanyahu, nesta quarta-feira, poderia ameaçar a segurança israelense.

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Putin pediu a Netanyahu que "ele se abstenha de qualquer ação que possa desestabilizar ainda mais a situação no país, que representaria uma ameaça para a sua segurança".

Mas, nesta conversa em que os lados falam sem ouvir o outro, o presidente russo parece não ter mencionado o Irã, cuja presença na Síria, conforme Israel já repetiu inúmeras vezes, é considerada uma ameaça.

E é essa presença iraniana que se constitui o problema nuclear para Israel, e não "a importância do respeito à soberania da Síria", conforme Putin afirmou na conversa. Os oficiais israelenses realçaram tal objetivo, em suas declarações.

— Nossa recomendação ao Irã é que ele não tente agir, porque Israel está determinado a continuar com essa questão até o fim.

O próprio ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, ultradireitista do partido Israel Beiteinu, ressaltou que a presença do Irã em território sírio, próximo à fronteira com o Líbano, é prejudicial à segurança de Israel, em função do discurso hostil do governo iraniano à existência do Estado Judaico.

— Não importa o preço, não permitiremos que o Irã tenha uma presença permanente (militar) na Síria. Não temos outra escolha.

Na guerra de 1991, o governo do primeiro-ministro, Yitzhak Shamir, do Likud, não reagiu aos ataques com mísseis Scuds, lançados pelo governo do iraquiano Saddam Hussein. Em combinação com os Estados Unidos, Israel deixou que o conflito ficasse a cargo dos americanos, que inclusive enviaram soldados para Israel, a fim de proteger a população local com mísseis de defesa Patriots.

Apesar de poder provocar a retaliação russa, e consequências de repercussões incalculáveis, uma ação pontual de Israel contra Assad pode também resultar simplesmente na queda de Assad.

O ditador líbio, Muamar Kadafi, também tinha apoio russo até setembro de 2011. Em outubro, ele foi retirado do poder e morto por opositores, após ataques ocidentais.

A Rússia, naquele momento, abriu mão do apoio e não se opôs à autoridade do Conselho Nacional de Transição local. Isso mostra que, para um ditador, a proteção de uma potência vai até onde ele lhe interessar. Por trás de toda a aura do poder, os ditadores são, acima de tudo, descartáveis.

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