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Presidente da Síria envia mensagem secreta para governo de Israel

Site israelense revela que Bashar al-Assad buscou tranquilizar Benjamin Netanyahu em relação à suposta presença do Hezbollah na fronteira

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky

Netanyahu advertiu sobre ameaça de grupos na fronteira
Netanyahu advertiu sobre ameaça de grupos na fronteira Netanyahu advertiu sobre ameaça de grupos na fronteira

A mensagem secreta enviada, segundo o site Debka, pelo presidente da Síria, Bashar al-Assad, para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no início desta semana, mostra que, no cenário político do Oriente Médio, alguns interesses estão sendo reformulados.

Para a Síria, a animosidade histórica com o Israel, principalmente por causa das estratégicas colinas de Golã, deixou de ser prioridade momentânea. O maior objetivo de Assad, agora, é se manter no poder em meio a uma guerra interna sangrenta e sem perspectivas de se encerrar.

Na mensagem, divulgada pelo site, especializado em estratégia e segurança, Assad mostra interesse em tranquilizar Israel em relação a possíveis movimentações do grupo Hezbollah nas fronteiras sírias.

A nota elaborada pelo presidente sírio, segundo o site, foi entregue por um intermediário europeu. E diz o seguinte:

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— A guerra não é o que eu estou procurando. Tudo o que quero agora é concentrar-me na reunificação da Síria e na reconstrução das ruínas da guerra.

Assad ainda completou, em referência ao Hezbollah:

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— Somos uma nação soberana. Não devemos entregar nossas fronteiras ao controle de outras forças além das sírias.

Coincidência ou não, o texto foi enviado poucos dias depois de Netanyahu conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o maior protetor do governo Assad, expondo seu descontentamento em relação à possibilidade de o Hezbollah ameaçar Israel desde a Síria.

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O primeiro-ministro alertou Putin, na ocasião, informando que seu país não toleraria a presença do Hezbollah ou de tropas do Irã nas fronteiras com Israel.

O presidente do Líbano, Michel Aoun, que também necessita conviver internamente com o Hezbollah, foi outro governante que tomou iniciativa semelhante à do presidente sírio.

Não se sabe se a Síria tinha conhecimento da iniciativa do governo libanês. A mensagem secreta de Aoun foi assinada pelo seu genro, Gebran Bassil, Ministro das Relações Exteriores libanês. E também teve como objetivo tranquilizar Netanyahu.

O texto, enviado dias depois da conversa do israelense com Putin, diz: se o presidente libanês acreditasse que as operações do Hezbollah não servissem aos interesses nacionais e de segurança do país, ele não hesitaria em afirmar isso claramente.

Foi mais um recado direto confirmando que as possíveis movimentações do Hezbollah contra Israel já não estariam recebendo o mesmo apoio de outrora.

A sequência de mensagens secretas remete a uma época em que o Estado de Israel ainda estava para ser criado, em 1947, e sua existência permanecia ameaçada.

Foi quando a então representante da Agência Judaica, Golda Meir, se reuniu secretamente, e por duas vezes, com o rei Abdullah I, da Transjordânia, futura Jordânia.

Em ambas as conversas, prevaleceu a cordialidade. Na primeira, realizada na usina elétrica de Naharym, às margens do Rio Jordão, houve a promessa, por parte de Abdullah, de que seu país não iria entrar na guerra contra Israel.

Mas, acuado por países árabes, ele teve de voltar atrás e, em uma outra conversa secreta, em que Golda e o especialista em assuntos árabes, Ezra Danin, foram disfarçados até Amã, o rei afirmou que não poderia, por força das circunstâncias, ficar de fora da guerra, mesmo realçando sua admiração por Israel.

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O rei Abdullah já chegou a dizer, segundo consta nos livros, que a providência divina havia permitido a diáspora judaica, para que o povo judeu acumulasse mais cultura, união e conhecimentos, que seriam a base de um futuro Estado desenvolvido, como Israel. Ele foi assassinado em 1951, na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, por um nacionalista árabe que o acusava de aceitar a partilha da Palestina.

A guerra na ocasião ocorreu, foi sangrenta, mas Israel conseguiu vencê-la, estabelecendo-se como nação. Vieram outras. O embrião da paz com a Jordânia, porém, havia sido plantado naqueles anos 40. E, mesmo muito tempo depois, em 1994, ela foi referendada pelo então rei Hussein, neto de Abdullah, que testemunhou, ainda menino, a morte do avô.

As mensagens de Assad e Aoun, agora, certamente estão sendo vistas com cautela pelo governo israelense. Mas a história mostra que, principalmente em se tratando de Israel, um acordo de paz sempre floresceu, na aridez do Oriente Médio, em meio ao segredo, ao silêncio e à memória de meninos que viraram líderes. E sentiram na pele a dor causada pelo extremismo.

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