Nas últimas 24 horas, ocorreram 12 tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro, as informações são do aplicativo Fogo Cruzado, desenvolvido pela Anistia Internacional do Brasil e do estúdio de criação e tecnologia Nakakubo, para mapear os índices de violência armada na região. A média, de acordo com o aplicativo, é de 15 tiroteios por dia.
Novidade no Brasil, o aplicativo faz um monitoramento em tempo real dos tiroteios, indicando local, horário e quantidade de vítimas feridas ou mortas. Desde julho do ano passado, quando começaram os testes, já são mais de 65 mil usuários no Fogo Cruzado.
Os dados compilados no aplicativo, que é gratuito, são colhidos na imprensa ou informados pelos próprios usuários cadastrados via aplicativo ou site. O aplicativo também informa se houve alguma operação da polícia no local do tiroteio e se alguma das vítimas é um policial.
Nas últimas 24 horas, entre 12 e 13 de junho, um usuário informou um tiroteio, sem vítimas, por volta das 19h05, no morro do Pavão, em Copacabana, na zona Sul do Rio. Ele não soube relatar se havia uma operação da polícia. Mais ou menos no mesmo horário, entre 19h e 19h30, dois outros tiroteios aconteceram em Bangu, na zona Norte.
Balanço dos tiroteios
Um dos serviços oferecidos pelo aplicativo é o relatório consolidado dos tiroteios, que serve de base estatística para avaliar a violência na região. Na semana de 9/5 a 15/5, por exemplo, foram 88 notificações publicadas no aplicativo e oito descartadas (informações incompletas ou em duplicidade), que somaram 28 mortos e 23 feridos. Naquela semana, foram dez operações policiais na região. O local com mais notificações de tiroteio foi Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com oito. Em seguida, aparece a Tijuca com sete.
De acordo com o texto na página de apresentação do Fogo Cruzado, "O aplicativo vai ajudar a aprofundar o debate sobre segurança pública no Rio de Janeiro, permitindo que a população dos bairros mais afetados pela lógica da Guerra se manifeste de forma concreta e segura. É uma ferramenta para que a população mostre, através do aplicativo, todas as vezes em que é colocada no meio do “Fogo Cruzado”.
A ideia dos desenvolvedores do aplicativo é, no futuro, comparar os dados do Fogo Cruzado com relatórios e balanços de outros setores do serviço público, como Saúde e Educação, para que possam ser pensados projetos de políticas públicas mais eficientes, que ajudem a diminuir a violência urbana no Rio de Janeiro.
"Quanto mais informação disponível, melhor fica o planejamento das políticas públicas e suas avaliações. Queremos contribuir com informações. Por exemplo, o aplicativa aponta que todas as semanas, entre as dez localidades com mais tiroteios aparecem áreas com UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora). Se a proposta é de pacificação, os dados apontam claramente que não está dando certo e que é preciso repensar a ideia", disse Cecilia Oliveira, jornalista e consultora da Anistia Internacional no Brasil.
O aplicativo também manda alertas pelo Twitter e Facebook, de acordo com as atualizações dos usuários. "Um ponto interessante que surgiu com os dados do aplicativo é que os tiroteios acontecem mais de dia do que a noite", disse Cecilia.
Notícias relacionadas aos tiroteios também são disponibilizadas pelo aplicativos, assim como informações de utilidade pública, por exemplo, escolas fechadas. "Acontecem muitos tiroteios perto de escolas e em horário de aula. Isso aumenta muito o risco de vítimas", disse Cecília.
