O anúncio das mudanças nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) trouxe dúvidas, principalmente para quem mora em comunidades onda há unidades do projeto. Na tarde desta quarta-feira (23), o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, concedeu entrevista ao Cidade Alerta RJ e deu mais detalhes sobre as mudanças.
Dias esclareceu que os 3.000 homens não são oriundos, exclusivamente, da parte burocrática das UPPs. O efetivo administrativo, explica, "está sendo suprimido, porque fere o conceito inicial do projeto, que era o aproveitamento ao máximo desse efetivo na atividade-fim".
— Estamos recuperando esse efetivo da administração, que hoje foi indevidamente alocado, em razão da duplicidade, da multiplicação de funções, visto que cada UPP era, originalmente, subordinada administrativamente a um batalhão —, disse.
Por conta da crise financeira do Estado, faltam mecanismos importantes, como, por exemplo, cerca de metade das viaturas da PM apresentarem problemas, o que dificulta o trabalho dos militares. O comandante destacou que a corporação tem dificuldades, mas que já faz esforços para a recuperação dos veículos.
— Já temos processos licitatórios em andamento para o credenciamento de oficinas que prestarão serviços à Polícia Militar na manutenção. Estimamos que no início de dezembro essas viaturas já estejam começando a ser reparadas —, revelou.
Contudo, o corenel explicou que o serviço da PM não se limita ao uso da viatura, ou do policiamento motorizado, e que a PM realiza, também, policiamento à pé e de outras formas.
Coletiva
Um estudo feito pela Secretaria de Segurança detectou que policiais das UPPs estão empenhados em atividades que já existem em batalhões. Segundo o secretário de Segurança, Roberto Sá, a medida não vai retirar policiais do patrulhamento nas comunidades, ou dedicados a projetos sociais.
As UPPs, agora, passam a ser operacionalmente subordinadas aos batalhões da área. As unidades dos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte, vão se transformar em um Batalhão de Polícia Pacificadora. Em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle, Sá disse que a mudança vai de encontro com "o anseio das comunidades e dos policiais".
— Todas as UPPs serão mantidas, na sua essência. Digo aqui para cada morador que acreditou, nós vamos continuar presentes, cumprindo nosso papel, melhorando nosso serviço, nos aproximando mais da comunidade, e esperando que todos os entes e todos os poderes acreditem que é importante levar dignidade para todas as áreas do Rio de Janeiro —, afirmou.
Com as mudanças, a unidade da Cidade de Deus, na zona oeste, passa a ser subordinada ao 18º Batalhão, que é responsável por Jacarepaguá. Os policiais que atuam ali, exclusivamente, vão passar a reforçar o patrulhamento nos bairros da região.
Assista à entrevista completa: