O corregedor regional da Justiça Federal da 2ª Região, desembargador federal Guilherme Couto de Castro, determinou, nesta quarta-feira (25), que os bens apreendidos de Eike Batista sejam transferidos imediatamente para pátios da Justiça Federal ou que o juiz Flávio Roberto de Souza nomeie fiéis depositários dos bens (quem fica com os bens bloqueados durante o trânsito da ação judicial) nos autos do processo.
Nessa decisão, o corregedor deu um prazo de cinco dias para que o titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que investiga o empresário no processo de crimes contra o mercado, apresente todas as informações sobre a ação e sobre suposta declaração dada à imprensa de que "é normar dirigir carro de réu". Em razão desta entrevista, foi determinada também a abertura de mais uma sindicância.
Em sua ordem, Guilherme Couto de Castro afirmou que nenhum carro apreendido pode ser mantido na garagem do juiz: "Não há qualquer cabimento em depositar bens no edifício particular do próprio magistrado, fato embaraçoso, apto a gerar confusão e manchar a imagem do Poder Judiciário"
A Corregedoria Regional da Justiça Federal da 2ª região já havia instaurado um processo de sindicância para apurar a conduta do juiz Flavio Roberto de Souza, na terça-feira (24), após o magistrado ter sido flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike.
Há também a suspeita de que um piano do empresário esteja no prédio do juiz. O advogado de Eike Batista, Sergio Bermudes, disse que tem acompanhado as denúncias pela imprensa e ainda não tem a confirmação oficial de onde está o piano. Porém, Bermudes diz que as informações sobre a guarda dos bens não estão nos autos do processo.
— A primeira informação é de que o piano estaria na casa dele. Agora, ele disse à Folha de S.Paulo que está na casa de um vizinho. Esteja na casa dele ou não, isso é uma brutal e intolerável ilegalidade. Ele não nomeou a guarda do piano. Nesses casos, a Justiça pode determinar a remoção de bens para o depósito judiciário ou nomear formalmente um terceiro depositário. Não adianta nomear um vizinho de confiança. A lei estabelece requisitos, a pessoa precisa ser idônea e assumir um compromisso de responsabilidade. Não há determinação nenhuma nos autos do processo.
Procurada pelo R7, a assessoria de imprensa do Tribunal da Justiça Federal informou que o juiz Flávio Roberto de Souza não está mais atendendo jornalistas e que todas as denúncias estão sendo apuradas pela Corregedoria Regional da Justiça Federal.
Na última terça (24), a Justiça Federal do Rio de Janeiro decidiu suspender o leilão para vender os carrões do ex-bilionário, que estava marcado para esta quinta-feira (26). O Lamborghini Aventador LP700-4, apreendido pela PF (Polícia Federal) na casa do empresário, seria leiloado ao lado de outros quatro carros do empresário na próxima quinta-feira (26). O leilão teria ainda três Toyota Hilux SW4 blindados e um Smart. Confira o valor que seria pedido por essas máquinas, caso o leilão não tivesse sido cancelado